NÃO TIVE ESCOLHA

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Saí do quarto, sentindo minhas pernas trêmulas, tentando não desabar. Cada passo era uma batalha contra o medo e a dor. O corredor estava escuro, e o estalo do assoalho de madeira soava como um lembrete sinistro da angústia que deixei para trás.

Ao descer as escadas, tentei manter a calma. A casa estava envolta em sombras, e cada canto parecia esconder novos horrores. Quando cheguei à porta da frente, hesitei, olhando para trás. Meu coração apertou ao pensar em deixar Enrico sozinho com Augusto, mas sabia que precisava proteger nosso bebê. Respirei fundo e empurrei a porta, saindo para a noite fria.

Corri em direção ao carro, sentindo o ar gelado contra meu rosto. Cada passo parecia me afastar mais do pesadelo. Abri a porta do carro e entrei, trancando as portas com mãos trêmulas. Sentei-me no banco do motorista, tentando controlar a respiração e acalmar o bebê que se mexia inquieto em meu ventre.

Cada segundo que passava era uma eternidade. Olhei para a entrada do chalé, esperando ansiosamente por Enrico. O silêncio da noite era quebrado apenas pelo som da minha respiração acelerada e pelo bater do meu coração, ecoando em meus ouvidos.

Enrico estava arriscando tudo para nos salvar. Abracei o volante, rezando em silêncio para que ele conseguisse sair daquela situação com vida. Sentada no carro, com as mãos ainda tremendo no volante, tentei acalmar minha respiração. Cada segundo que passava parecia uma eternidade. O silêncio da noite era quebrado apenas pelo som da minha respiração acelerada e pelo bater do meu coração, ecoando em meus ouvidos. Foi então que ouvi o tiro.

O som ecoou pelo ar, cortando a noite fria como uma lâmina. Um grito de pavor escapou da minha garganta, e, sem pensar duas vezes, saí do carro e corri de volta para o chalé. As pernas que antes tremiam de fraqueza agora se moviam com uma determinação desesperada. O medo pelo que poderia ter acontecido a Enrico impulsionava cada passo.

Subi as escadas correndo, ignorando o perigo potencial. Ao chegar ao corredor, o coração batendo forte no peito, empurrei a porta do quarto com força. A cena que encontrei fez meu sangue gelar.

Augusto estava no chão, morto, em uma poça de sangue que se espalhava pelo assoalho. Seus olhos vidrados e sem vida fitavam o vazio, e a faca que ele antes segurava estava caída ao lado de seu corpo. O cheiro de pólvora ainda pairava no ar.

Enrico estava em pé, imóvel, com os olhos fixos no corpo de Augusto. Estava coberto de sangue, as mãos tremendo ligeiramente. O horror e o alívio misturavam-se em seu rosto, criando uma expressão que eu nunca esqueceria.

- Enrico... - Minha voz saiu em um sussurro trêmulo.

Ele levantou os olhos para mim, a dor e o choque ainda presentes em seu olhar. Dei alguns passos hesitantes em sua direção, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Clara... - Ele murmurou, a voz rouca de emoção. - Eu... não tive escolha...

Corri para ele, envolvendo-o em um abraço apertado. Sentia o sangue em suas roupas, mas não me importava. Precisávamos um do outro mais do que nunca.

- Está tudo bem agora. - Sussurrei, tentando acalmá-lo. - Estamos juntos. Estamos a salvo.

Ele me segurou com força, suas mãos ainda trêmulas. Naquele momento, sabíamos que, apesar de tudo, tínhamos superado o pior. Estávamos vivos, e isso era tudo o que importava. Segurando Enrico, senti a tensão em seu corpo lentamente se dissipar. O chalé, antes opressor e cheio de horror, agora parecia apenas um cenário desolado. Eu sabia que precisávamos sair dali imediatamente.

- Vamos sair daqui - disse, com firmeza, soltando-o apenas o suficiente para olhar em seus olhos. - Precisamos ir para um lugar seguro.

Ele assentiu, ainda visivelmente abalado. Com um esforço conjunto, saímos do quarto, deixando o corpo de Augusto para trás. Descer as escadas e atravessar a porta da frente parecia um sonho, cada passo nos afastando daquele pesadelo.

Quando chegamos ao carro, ajudei Enrico a entrar no banco do passageiro. Ele ainda estava coberto de sangue, mas seus olhos encontraram os meus com uma determinação renovada. Eu peguei as chaves, pronta para entrar no banco do motorista.

- Eu dirijo - disse, tentando abrir a porta do motorista.

- Não, Clara - Enrico colocou a mão sobre a minha. - Eu estou bem. Vou dirigir.

- Enrico, você está em choque. Não é seguro. Por favor, deixe-me dirigir.

Ele balançou a cabeça, firme.

- Não, Clara. Você precisa descansar e se acalmar. Confie em mim. Eu consigo.

Relutante, entreguei as chaves a ele. Enrico entrou no banco do motorista e ligou o carro, seus olhos determinados, apesar do choque e do cansaço. Eu me sentei no banco do passageiro, tentando controlar minha respiração e acalmar o bebê que se mexia inquieto.

A estrada à nossa frente era um borrão de escuridão e luzes, mas Enrico mantinha o foco. O silêncio entre nós era pesado, mas carregado de compreensão mútua. Finalmente, depois de alguns minutos de estrada, ele quebrou o silêncio.

- Clara, eu... - começou, a voz ainda trêmula. - Eu sinto muito.

Olhei rapidamente para ele, apertando sua mão com força.

- Nós fizemos o que precisávamos fazer - disse, tentando transmitir a força que sentia. - Estamos juntos. Vamos superar isso, juntos.

Ele assentiu, apertando minha mão de volta, e um breve sorriso passou por seus lábios.

- Eu te amo - disse ele, a voz cheia de emoção.

- Eu também te amo, Enrico - respondi, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. - E vamos proteger nosso bebê, não importa o que aconteça.

Conforme a estrada se desenrolava à nossa frente, sabíamos que o caminho para a cura seria longo e difícil. Mas, naquele momento, estávamos juntos, e isso era tudo o que importava.

FICOU BOM? BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!

MEU SOGROOnde histórias criam vida. Descubra agora