Depois de passar o dia todo perambulando pela rua com a minha mochila, eu não tinha conseguido me despedir da Jessica, ela estava dormindo e eu não queria preocupá-la.
Cuetes tinha uma reunião de urgência para todos da gangue da rua 19, a semana seria corrida por conta da entrega de produtos e dinheiro falsos para repassar, escutando ele falar alto na sala de estar da sua casa: —"Temos que lucrar essa porra, a semana será corrida, sem desculpa para não apertar o gatilho, filhos da puta. Nora estará no comando de todos os repasses das notas falsas! Os produtos será com o Sapo! Então façam essa merda, vale a pena!"
Observando todos temer ao Cuetes, sem notar Sapo me encarando como sempre no outro lado da sala. Eu estava inquieta, ele percebeu pelo jeito que eu estava balançando as pernas ao ficar em pé. Ao terminar a reunião, saindo da casa do Cuetes, caminho até o carro do Sapo, o vendo se aproximar até a mim. Perguntando meio apreensiva: —"Tem certeza que posso ficar na sua casa?! Eu não quero forçar!"
Sapo leva um de suas mãos até a minha, entrelaçando seus dedos no meus, escutando ele me confortar:
—"Forçar? Estamos juntos nessa merda! Eu não vou te deixar ficar na rua! Que tal a gente ir agora, minha mãe vai adorar te ver de novo!"Abrindo um sorriso largo ao ver um lado amoroso dele novamente, sinto ele desprender seus dedos dos meus, acenando com a cabeça para entrar em seu Impala na cor azul, entrando no carro para irmos para a sua casa.
(...)
Depois de esparramar no sofá da casa do Sapo, já era tarde da noite, indo até a cozinha, preparando uma refeição digna de legumes e massas, escuto o barulho da porta de entrada, notando senhora Luiza Martinez chegar de seu trabalho no hospital. Eu a conhecia desde que ela trabalhava no pop's, ela sempre me fazia companhia enquanto eu esperava o meu pão favorito de queijo ser preparado para levar para escola. Agora entendia o motivo do Sapo, sempre está por lá.
Ao me ver na cozinha, sinto a senhora Martínez me abraçar amorosamente, dizendo no tom de voz reconfortante: —"Nora, Sapo me contou o que houve, olha, eu entendo como se sente, der tempo a sua mãe. Ela irá voltar atrás, nenhuma mãe quer perder seu filho, especialmente uma como você!"
Me aconchegando em seu abraço, abrindo um sorriso entristecido, mas encontrando paz em suas palavras. Logo se desfazendo de nosso abraço, me encostando perto da pia e falando meia apreensiva: —"Isso é temporário, eu prometo que não ficarei por muito tempo, eu não quero ser um incômodo, me desculpa senhora Martínez!"
Sinto ela levar suas duas mãos em meu rosto, falando com doçura e empatia:
—"Nora... Sabe que pode ficar por quanto tempo precisar, eu gosto de você e eu estou feliz que você e o meu filho estejam juntos!"Abrindo um sorriso tímido enquanto ela me encarava feliz, logo escutando a voz do Sapo ecoar do corredor, falando com um sorriso satisfatório ao me ver em momento afetuoso com sua mãe, dizendo de maneira irônica: —"Só não vale roubar minha mãe, ela é tudo que eu tenho!"
Observando a senhora Martínez ir até o Sapo, o aconchegando em seus braços, enquanto ele enterrava seu rosto em pescoço. Naquele momento, eu entendi todas as fotografias deles dois juntos espalhadas por seu quarto, independente de tudo que eles passaram e o que ele era, senhora Martínez nunca abriu mão de seu filho. Mesmo ele sendo de gangue, Sapo tinha uma mãe que o amava incondicionalmente, apesar de seus erros, ela lhe deu o direito de escolha.
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19TH STREET - RUA 19
Fanfiction(...) Nora Reid costumava ser uma garota comum, estudiosa e dedicada do gueto de Los Angeles, mas ao entrar pra uma gangue do seu bairro de Freeridge, ela muda drasticamente toda sua visão de vida e quem ela era. ✨