sunshine girl

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Enquanto colocava o presente de aniversário no chão do quarto da Jess, a vendo dormir enrolada em seu edredom estrelado marrom com azul, minha garotinha estava fazendo dezesseis anos, como em todos os aniversários, era uma tradição de família comemorar antes dela acordar.

Vendo a caixinha de música em sua cômoda, a ligando no volume razoável, com a sua música preferida de R&b de sua playlist (baby boy - tyrese). Observando minha irmãzinha acordar ainda sonolenta com o batida da música. Subindo em sua cama, dançando extravagante, rebolando sobre o corpo da Jessica, escutando ela gargalhar ao me ver agir como uma louca varrida, gritando alto: —"Feliz aniversário, minha baby! Seu dia hoje então vamos comemorar!"

Minha irmã continuava a gargalhar, me olhando surpresa ao notar uma caixa enorme e enfeitada com um laço vermelho no chão do seu quarto, ainda dançando e cantarolando junto com a música, notando minha mãe entrar no quarto, dançando animada perto do seu presente, fazendo um passinhos de black dance e falando alto com a minha irmã:  —"Eu e sua irmã economizamos uma grana e compramos o seu tão desejado Jordan e seu novo iPhone!"

Do outro lado da rua dava pra escutar os gritos de felicidade da minha irmã ao ver o tênis e o celular novo dentro da caixa, me puxando da cama para um abraço forte e falando alto: —"Nora, eu te amo pra caralho!"

Minha mãe repreende Jessica pelo palavrão: —"Vocês duas tem que parar com esses palavrões chulo, somos mulheres negras inteligente e de boa dição. Em casa em já falei é sagrado, nada de palavrões... É eu também colaborei no presente, mocinha!"

Jess corre até a nossa mãe, a abraçando com força e dizendo ao enterrar o seu rosto no pescoço da nossa rainha negra: —"Obrigada mamãe, isso não significa nada perto do quanto eu amo você. Eu sempre serei grata a você e a minha irmã!"

Minha irmã sabia como derreter o coração da minha mãe com suas palavras e gestos amorosos. Vendo elas se abraçarem, observando minha mãe acenar com a cabeça, me chamando com uma das mãos. O nosso abraço triplo estava completo, Jessica estava feliz com o nosso presente de aniversário.

(...) Depois do café da manhã, minha mãe tinha saído para outro dia de trabalho como professora na escola estadual de Freeridge, me arrumando para outra tarde de encomenda com a gangue de Riverside, ao sair do quarto no meu visual despojado, reparando minha irmã conversar ao telefone. Sua amiga Brenda pretendia fazer uma festa pra comemorar com todos da sua turma. Ao parar no corredor, de frente pra porta do seu quarto, resmungando como uma ordem: —"Pode ir, mas deixe o endereço na geladeira! Eu vou te buscar depois que terminar a festa e nada de transar, garota!"

Jessica abre um sorriso envergonhado, jogando uma de suas almofadas da cama em direção a mim, acenando com a cabeça,  dando continuação a conversa com sua amiga no celular. Caminho até a sala estar, pegando o molho de chave que estava próximo a um dos jarros de girassóis da minha mãe, ao passar pela porta de entrada, ficando sem reação ao ver o Sapo parado próximo ao seu Impala na varanda da minha casa, abrindo um sorriso malicioso e falando como blefe: "— Cuetes me escalou pra essa entrega! Dessa vez, teremos o dia todo pra resolver nossos conflitos!"

Levantando o capuz do meu moletom,  permaneço em silêncio, caminhando em passos rápidos, o encarando com raiva ao perceber sua jogada suja e manipuladora para se aproveitar da situação. Abrindo a porta do seu carro com desgosto, Sapo percebe meu desprezo e implicância, mas não se dando por vencido.

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