Como é fato o desejo de ficar contigo!

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O carro de Lena estava estacionado perto dali. Abrindo a porta do Audi preto, ela ajudou Kara a se acomodar, gentilmente. Deu a volta, sentou-se ao volante e deu a partida.

O ruído baixinho do motor potente desapareceu assim que Lena ligou o som. A voz suave e sensual da cantora chamou à atenção de Kara, que reconheceu a música que havia escutado, naquela manhã, a caminho da reunião.

- Linda música.... - disse, suavemente.

- Também acho! - Lena suspirou.

- Gosto da música brasileira. Gosto de seus diversos ritmos e de suas letras tão bem elaboradas....

- Gosta de Marília Mendonça? - Lena a encarou, rapidamente, enquanto entrava no tráfego pesado da avenida.

- É dela está canção?

- Hu-hum... - a morena resmungou, preguiçosa.

O sol poente cintilou no rosto de Kara, que levantou o braço para baixar o quebra-sol. A delicadeza com que Lena segurou seu pulso e levou a palma de sua mão até seus lábios, beijando-a, excitou-a mais que nunca.

E enquanto o carro ganhava o trânsito, comunicavam-se através dos sentidos e das canções românticas que preenchia o interior do carro. Lena só soltava a mão de Kara quando precisava trocar a marcha, e em seguida tornava a pegá-la, sempre de modo sensual e carinhoso.

Quando foi forçada a parar no semáforo, ela se virou para Kara. Seu olhar então deslizou por todo o vestido curto. Soltou o pulso dela e passou a acariciá-la entre as coxas lindas e macias, apertando-as de leve.

- Pare com isso, Lena.... - Kara, implorou, sentindo sua respiração falhar e seu corpo amolecer, já em brasas.

- Por que? - Lena provocou, com voz quente e um sorriso safado.

"Porque vou acabar fazendo uma loucura se você não parar!" - pensou Kara, mas pelo olhar sensual e faminto de Lena, suspeitou que ela já soubesse disso.

O farol abriu, e Lena tornou a se virar e olhar para a frente, com relutância. Kara conseguiu afastar os dedos dela de sua perna e procurou concentrar-se no movimento de carros e pessoas, lá fora.

Alguns minutos mais tarde, o carro saiu daquele trânsito infernal, e passou a percorrer ruas mais calmas e arborizadas. Logo, alcançaram o condomínio luxuoso, com casas ricamente construídas, em meio a terrenos imensos e jardins bem cuidados. A mãe de Lena também morava ali, embora fosse do outro lado do condomínio.

Passaram pela casa de Jhonn Jon'z, tio de Lena, que também morava ali, junto com sua neta Lois, que fora uma das únicas duas pessoas da família com quem Kara se sentia bem.

Lois tinha a mesma idade dela e, era metade inglesa. Podia ser a neta mimada e adorada de um espanhol conservador e dedicado, mas sempre se agarrava com determinação às suas raízes britânicas.

- Lois está casada agora. - Lena quebrou o silêncio.

- Casada? - Kara a olhou, surpresa.

A garota da qual se lembrava era uma Morena pequena de enormes olhos azuis e uma criatura que vivia lutando contra as tentativas do avô em mantê-la em cativeiro.... como Lois chamava aquilo tudo.

- É uma longa história. - Lena sorriu - Acho que vai adorar ouvi-la da própria Lois.

Então Kara rememorou uma conversa que tivera com ela, uma vez:

"- Eles me aceitam porque também tenho sangue espanhol nas veias..., mesmo que eu goste de irritá-los fingindo que não tenho. Graças à Deus, passei os primeiros dez anos de minha vida em Londres, assim a família não teve a chance de interferir no casamento de meus pais... - contava Lois - ... quando eles morreram e fui mandada para cá para viver com vovô, todos sentiram tanto pelo que acontecera que, mesmo não concordando com a opção de papai em escolher uma inglesa como esposa, acabei ganhando a simpatia deles. Entretanto, isso não significa que eu concorde com o que eles pensam e com o modo como agem, Kah. Por favor, não permita que eles ganhem de você".

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