Às vezes, parecem que são tantos os obstáculos.

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***POV. Kara***

Caminhar até a porta de entrada exigiu mais coragem do que Kara havia imaginado. No momento em que Lena abriu a porta, sentiu seu estômago se apertando de desgosto e apreensão.

O calor do fim de tarde deu lugar ao clima fresco do ar condicionado no amplo hall com corrimão lustroso, seguindo a escadaria que levava ao piso superior. As paredes ainda eram pintadas de um branco-gelo, e as lajotas do piso ainda tinham o mesmo tom frio. A mobília era o que se via apenas nas revistas de decoração.

Kara nunca sentiu aquela residência como um lar. Foi infeliz e solitária ali dentro.

Uma mulher formalmente vestida, apareceu da direção da cozinha. Era de meia-idade e, quando se aproximou ofereceu a Kara um sorriso nervoso.

- Está é Catherine Grant, nossa governanta. - E Lena apresentou Kara para Catherine como " minha esposa".

- Boa tarde, senhorita Danvers! - seu inglês era bastante fluente - Seja muito bem vinda!

Perguntando-se o que acontecera com Mercy, a governanta que Lilian lhes imposto um dia, Kara sorriu e lhe devolveu o cumprimento.

- Boa tarde Sra Grant, e obrigada! - disse em português. - Mas, por favor me chame de Kara, apenas.

- Desculpe-me, senhorita....- a senhora tinha o rosto rubro - .... quero dizer, Kara! - e dando um sorriso tímido, completou - Se não se importa, gostaria que também me chamasse apenas por Cat...

Kara sorriu de volta, simpática:

- Combinado então!

A senhora assentiu com a cabeça bastante loira e, num tom ainda cerimonioso:

- Seus convidados a esperam na varanda. Devo mandar servir-lhes um chá inglês?

Pareceu estranho a Kara que a decisão fosse dela, tendo Lena a seu lado. Mercy costumava olhar somente para Lena quando qualquer decisão precisasse ser tomada, até mesmo as mais corriqueiras.

- Sim... obrigada, Cat! - falou com certa dificuldade.

A governanta então com um gesto de cabeça, se retirou para a cozinha.

- O que aconteceu com Mercy? - Kara quis saber.

- Foi embora logo depois de você. - ela respondeu e havia alguma coisa no tom coeso que sugeria que a partida da mulher não foi nada amigável. Mas, aquela não era hora de conversar sobre assuntos domésticos. Kara tinha uma preocupação maior pela frente.

Como tia Eliza receberia a notícia de que ela concordou em tentar outra vez, depois de tê-la visto sair naquela manhã pronta para acabar com a sociedade e com qualquer outra ligação que pudesse haver entre as duas?

Dirigiram-se para a varanda coberta nos fundos da casa, com portas duplas francesas abertas para a delicada luminosidade do pôr-do-sol.

Não se falaram. Kara estava apreensiva demais para conversar e podia perceber a mesma tensão em Lena, que caminhava ao seu lado de mãos dadas. Estaria preocupada com a reação da tia Eliza também? - perguntou-se, e então sorriu porque no lugar dela, estaria mais preocupada com a reação de Lilian quando ficasse a par da reconciliação delas.

A primeira pessoa que avistou foi tia Eliza sentada em uma das confortáveis poltronas de vime, parecendo feliz e descansada. Barry se levantou num salto, quando as avistou.

Eliza as fitou, tinha um sorriso de boas-vindas iluminando-lhe a face.

-Oh, aqui estão elas...! - exclamou - Nós estávamos a perguntar por onde andava as duas....

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