O paraíso de seus braços!

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*** POV. Lena***

Lena vestiu seu robe e a seguiu. Encontrou-a amarrando o roupão azul. Seu coração se apertou com a visão daquela mulher, ali, com o olhar da mais pura angústia e a face pálida, refletida no espelho.

- Até quando vamos fugir, Kah? - disse, encarando-a. - Se não encararmos o passado juntas, como poderemos mudar?

Kara permaneceu quieta. Como poderia ter se esquecido do que Lena lhe fizera? Como pôde ter se entregado mais uma vez àquela mulher, permitindo-se ignorar o tipo de pessoa que sabia que Lena era?

Respirou fundo, encheu-se de coragem, encarou-a também, através do espelho e, desabafou:

- Porque me traiu, Lena? Porque me traiu depois de ter me acusado de ter tido um caso com seu irmão?

A morena recuou, como se tivesse sido atingida por um soco, tamanho era a profundidade do olhar gélido de Kara e de suas palavras, que embora tivesse um tom fraco, continha uma amargura imensa.

- Kah! Isso não é verdade...

- É, sim! - interrompeu-a Kara. - E tanto é verdade que, quando retornou de sua viagem, você já nem me queria mais!

- Kah!!! - exclamou Lena, movendo a cabeça, aturdida.

- Afinal, eu era a irritação de que não precisava, não é mesmo? E você certificou-se de que eu soubesse disso! - Sua voz era firme e seu olhar, fixo no olhar da morena. Sim, Lena estava certa! Elas não podiam mais fugir daquilo.

O que acontecera tinha que ser enfrentado antes que cometessem os mesmos equívocos pela segunda vez e, transformassem desejo sexual em amor, o que então viraria frustração e arrependimento. - Você se casou comigo mesmo sem precisar... nós duas sabíamos que já tinha tudo o que queria de mim. Porém, tirou-me de meu mundinho de classe média, trouxe-me para toda essa riqueza e, esperou que eu lhe mostrasse a minha gratidão. Mas, como retribuí tamanha generosidade? Recusando-me a me adequar, recusando-me a obedecer à sua mãe, quando ela me dava lições de moral e sobre como deveria me comportar...

Lena ouvia calada àquelas acusações, que até então, lhe pareciam sem sentido.... Nunca imaginou que Kara pensara e vivera, daquela forma, no passado.

- Lilian tentou aconselhá-la. - resmungou, sem muita vontade.

- Não... ela era fria, crítica e entrava em conflito comigo sem parar.

- Então você passou a brincar com essas críticas, não é? Apenas para deixá-la ainda mais irritada e me atormentar a vida, um pouco mais.

- Eu fiz foi me afastar daquilo tudo! - corrigiu- a - Ou você não notou? - Kara tremia, como se tudo aquilo estivesse de volta - Saí para as ruas e encontrei o meu tipo de gente...

- Como Vassilou? - a palidez da morena denunciava seu cansaço.

Kara, também exausta, encarou-a. Certamente que ela iria defender sua mãe.

- Se você não pode ver a diferença entre " ...que roupa horrível, Kara" e "Ah! como você está linda hoje!...", Lena, eu posso! Ou ainda, "...algumas pessoas merecem ser rejeitadas por ser quem são, Kara!" - Engoliu seco, pois sua garganta estava apertada e os olhos afetados.

Palavras como aquelas que ouvira da mãe e da irmã de Lena, só contribuíram para aumentar os conflitos que já existiam no relacionamento delas. E, sim, ajudaram a destruí-lo.

- Minha mãe não pode ter dito isso à você. - Mas, Lena bem sabia que Kara falava a verdade. - Ela ainda nada sabia de Liam.... logo, não podia ter sido tão....

- ....cruel? - Kara completou. - Mas, talvez isso tenha sido para o melhor, como você mesmo disse, na época. " Devia saber que tipo de mulher eu coloquei em minha casa!" - repetiu uma das ultimas frases que ouviu da morena. Os olhos azuis, refletiam tristeza e os verdes de Lena, refletiam dor.

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