Felicidade se reconquista...

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***POV.Lena***

Quando Lena chegou em casa, encontrou a loira sentada de pernas cruzadas sobre sua cama com uma toalha branca enrolada no corpo. Devia ter acabado de sair do banho. Os cabelos molhados estavam sendo penteados, e ela se inclinava para a frente, permitindo que o excesso de água caísse sobre uma outra toalha branca.

- Se quiser tomar um banho, sugiro que use outro banheiro, Lena. - Kara falou, sem desviar sua atenção do que estava fazendo. - Caso contrário, ... posso assassiná-la enquanto estiver nua e vulnerável, aí dentro.

Lena riu e encostou-se no batente. A visão daquela mulher linda ali, no meio de sua cama, a deixava embevecida.

- Caso não tenha notado, querida... você está no “meu” quarto, portanto... esse é o meu banheiro! Agora, quanto ao que acabou de dizer... você não faria isso, sei que veria minha morte rápida como sendo muito pouco para mim...

- Não aposte nisso! - exclamou Kara, ainda sem encará-la.

- Certo!... Viverei perigosamente, então. - com aquilo, ela se desencostou do batente, foi até Kara, estalou um beijo em sua face e, sentou na beirada da cama.

Kara não saiu da posição que estava e nem parou de pentear os cabelos, mas com os cantos dos olhos, percebeu Lena depositando duas caixinhas de veludo beje sobre o criado mudo. Ainda de cabeça baixa, continuou a observá-la, enquanto ela começava a se despir, já sentindo seus sentidos em alerta.

Lena, decidida a fazer o jogo da loira, fingia ignorá-la como estava sendo ignorada. E assim, abaixou-se para tirar os sapatos, despiu-se da calça de linho creme, a blusinha de alças, ... Kara voltou a pentear os cabelos em movimentos lentos... descalçou as meias e, só de calcinha, caminhou para o banheiro.... seu corpo estava todo arrepiado, afinal aquele joguinho de sedução a tinha deixado excitada.

Precisava de um banho...urgente! Ligou a ducha, despiu a calcinha e se refrescou debaixo do forte jato de água morna.

Quando saiu do banho, Kara a esperava em pé, encostada na grande pia de mármore negro, e lhe entregou a toalha felpuda.

- Vamos lá... escolha suas armas! - disse, sorrindo, aceitando a toalha.

Kara se aproximou e a abraçou.

Pelo reflexo do enorme espelho, Lena pode perceber que seus olhos azuis cintilavam e sua boca tremia.

- Não quero ir à festa está noite. - Kara choramingou.

Escolhera bem sua arma, percebeu Lena. Com a raiva da loira, ela podia lutar... mas, lágrimas verdadeiras e o medo eram coisas diferentes.

- Por favor, minha linda... não chore! Isso não é justo...

- Não podemos esperar um pouco mais, antes que me atire aos lobos, outra vez? Por favor...

Aquilo estava amolecendo Lena. Mas, recuperando-se, puxou-a para o quarto, em direção à cama.

- Se alguém a magoar, eu a defenderei com unhas e dentes. Dou-lhe minha palavra!

- Eles não gostam de mim, Lee!

“Lee”... Kara era a única pessoa que a chamava assim e, quando o fazia, punha seus sentidos de cabeça para baixo. O apelido carinhoso colocava amarras possessivas em volta de seu coração. Amava aquela mulher com todas as suas forças....

Com todo carinho, tocou-lhe a face de pele clara e macia.

- Acha que nós duas somos as únicas arrependidas do que aconteceu no passado, Kah? Minha mãe foi testemunha de minha lenta destruição... Depois que partiu, deixei São Paulo e, muito raramente voltava para cá... - o brilho intenso nos olhos verdes, falava à Kara da dor e da paixão, contida nesta declaração.

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