por uns instantes de paz.

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***POV. Kara***

Na rua, Kara tomou o primeiro uber que apareceu,  entrou e tentou relaxar no banco traseiro. Talvez devesse esperar por Barry, mas não queria ninguém testemunhando o estado em que se encontrava, naquele momento.

Estava confusa, triste, com raiva e, tremia, descontrolada. Por baixo do blazer, a blusa permanecia aberta, e sua pele ainda sentia a impressão quente que ficara das hábeis mãos de Lena.

Os cabelos, soltos, emoldurava o rosto de pele alva e que, naquele momento, deixava transparecer toda sua perturbação. Sentia a boca quente e, ainda inchada pelo tipo de assalto que deveria tê-la feito, no mínimo, dar uma mordida ao invés de simplesmente...

Sentia-se vulgar. Como Lena pôde fazer aquilo.? O que fizera para leva-la a crer que tinha o direito de trata-la daquela maneira?

“ Você a irritou, a provocou, por isso ela agiu assim.” - uma voz soava em seu anterior. “ Quis destruir-lhe o coração infiel, e acabou que foi ela quem destruiu um pouco mais o seu...”.

Mirou a mão esquerda onde a aliança costumava estar, e tentou decidir se ficava mais magoada pela maneira que foi tratada ou porque, no meio disso tudo, descobrira que ainda amava, loucamente, aquela grosseira sexy.

Não! Ela odiava Lena!

As duas emoções de amor e ódio, misturavam-se dentro dela, confundindo-a cada vez mais.

Assim que o Uber parou em frente ao hotel, Kara desceu sob o sol do meio-dia. A sensação de que iria derreter, a fez duvidar um pouco mais de sua sanidade em estar ali, em pleno verão brasileiro, usando aquela roupa de couro.

Tia Eliza acertara. Ela esteve procurando por problemas.... e os tinha encontrado, sem dúvida. Assim que entrou no quarto, tirou toda a roupa e entrou no banho. Debaixo da ducha gelada, desejou ardentemente que aquela água toda, levasse embora, além da sensação dos toques de Lena, que ainda queimavam em seu corpo, toda tristeza e toda mágoa que trazia dentro de si.

Depois de se enxugar, vestiu um jeans, camiseta curta, calçou sandálias confortáveis e prendeu os cabelos num rabo-de-cavalo. Precisava sair, porque sentia que ali, iria enlouquecer. Pegou a bolsa de sua câmara fotográfica, óculos escuros e bateu a porta.

Apesar de não querer ver ninguém naquele momento, bateu na porta do quarto ao lado do seu, por duas vezes

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Apesar de não querer ver ninguém naquele momento, bateu na porta do quarto ao lado do seu, por duas vezes. Como não houve resposta, percebeu que a tia ainda não retornara. Com certeza, ainda devia estar passeando com Harleen. Aliviada, tomou o elevador e dirigiu-se ao saguão.

Estava tão ansiosa para dar uma volta que deixou um bilhete bem curto para a tia na recepção, sem se preocupar em avisa-la com detalhes para onde estava indo.

Quando estava saindo, encontrou Barry entrando no hotel.

- Redigiram bem rápido a papelada, não? - questionou-o, com sarcasmo.

- Eles não redigiram. - o jovem advogado franziu o cenho, soava a bicas. - A Srta. Luthor  saiu de lá logo depois de você...

“ Com certeza para correr para os braços de Andréa.” - pensou amargurada.

- Então, o que acontecerá agora?

- Estou aguardando instruções. - respondeu Barry

- Sério?! - perguntou ela. - Sob o comando de quem, Lena ou Tales?... Bem, uma vez que é de mim que você tem que receber instruções, Sr. Allen, tire a tarde livre. Aproveite para dar um passeio e esqueça aqueles dois.

Aquilo era o que ela própria pretendia fazer.

- Mas, Srta. Danvers,... nosso voo de retorno está marcado para amanhã à tarde. Precisamos discutir sobre o que vai querer...

- Já lhe disse que não quero nada! Mas, se a coisa toda pode ser finalizada por eu aceitar o que quer que seja, então aceitarei. Eles aparecerão amanhã com toda papelada, eu assinarei e nós pegaremos nosso voo no final da tarde...

“...Para nunca mais retornar a São Paulo.” - jurou Kara, em pensamento, deixando o pobre e suado advogado ali parado, confuso e frustrado.

Quando saiu para a rua, parou para pensar sobre os lugares que costumava frequentar que não a lembravam Lena.

Haviam diversos deles, decidiu, quando abaixou os óculos para o rosto e começou a caminhar pela calçada. Enquanto Lena se mantinha ocupada durante o ano que esteve em São Paulo, ela aprendera a divertir-se sozinha, explorando e fotografando a cidade imensa e assustadora, mas fascinante, do seu jeito.

***LENA***

Lena acabara de estacionar o carro quando viu Kara na porta do hotel. Antes de descer do carro, ficou a observa-la franzir o cenho e olhar tudo ao seu redor, antes de colocar os óculos escuros e começar a caminhar.

Onde estaria indo? Reparou na roupa dela. Quando seus cabelos estavam presos num rabo-de-cavalo, a câmara no ombro e aquele tipo de traje saía do armário, sua irritante Kara fugia de alguma coisa. Quantas e quantas vezes vira aquela figura esbelta desaparecer sem dizer uma palavra sobre onde estava indo ou por quê?

Apertou os lábios. Na verdade sabia porque e quando, Kara agia dessa forma. Em geral aquilo acontecia depois das intermináveis discussões. Uma sensação de culpa tomou-lhe a alma. Fora também de terrível convivência, só agora reconhecia. Não fizera nada a não ser reclamar e calar a boca de Kara com métodos mais satisfatórios. E nunca percebera o quão solitária ela se sentia, até que a tivesse deixado.

Desceu do carro, pois pretendia ir atrás dela. Mas, a imagem da linda loira a fez parar, com o peito apertado de emoções. Será que ela ainda estava no hotel? Teriam brigado e por isso Kara escapara? E será que a briga teria sido porque Kara contou que quase transou com sua ex, sobre a mesa da sala de reuniões? E se elas é que tinham acabado de transar lá, naquele hotel de segunda, que adoçava as relações clandestinas

Sua mente sabia bem como atormenta-la, notou, batendo a porta do carro com força.

Onde estaria tia Eliza, enquanto tudo aquilo acontecia? Na cama, doente, sem ter ideia de que sua tão amada sobrinha se deleitava com a tal “fulaninha” no aposento ao lado? Talvez fosse o caso dela entrar e falar com tia Eliza. Ou melhor, cuidar da amante enquanto Kara estivesse fora de seu caminho.

Kara desapareceu na esquina, e a decisão de quem deveria cuidar primeiro, foi esquecida. Aquilo era somente entre elas.

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