Não se acalma o coração .... enquanto não se sabe a razão.

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***POV. Kara***

"Sua idiota." - Kara ia se acusando, enquanto saía do parque. "Você pretendeu dizer exatamente aquilo que Lena entendeu .... e, provoca-la, mais uma vez. O que você não esperava era que seria um tiro certeiro que abriria outro buraco em seu tolo coração!"

Mas, Lena não a seguiu, o que na certa significava que elas estavam de volta na etapa número um.

"Por que voltei aqui? Por que continuo deixando Lena me dominar desta forma?" - Três longos anos de separação deveriam, afinal, ter entorpecido aquelas desprezíveis emoções, pondo-as fora de combate.

Quando chegou ao hotel, uma leve dor de cabeça a incomodava. Avistou tia Eliza, Harleen e Barry, sentados nas confortáveis poltronas que o pequeno hotel possuía, assim que entrou no saguão. Na mesa à frente deles, o que sobrara de um chá da tarde. Pela primeira vez, no dia, lembrou-se que a única refeição decente que tinha ingerido fora o reforçado café da manhã. Não era à toa que se sentia fraca e atordoada.

- Onde esteve, filha? - a voz de sua tia soou aborrecida - Eu já estava preocupada.

- Mas eu lhe deixei um bilhete na recepção - disse, aproximando-se deles.

- "Saí para dar uma volta!" - repetiu Eliza, o recado, repreendendo-a - Não lhe parece pouco para um sumiço de horas, Kara? Já que me trouxe para São Paulo, acho que deveria reservar algum tempo para mim.

- Mas pensei... - começou, porém mudou de ideia ao notar a expressão cansada e triste da tia querida.

Ela tinha razão, e não seria justo pôr a culpa de seu ato no fato de que Harleen deveria ficar com Eliza o dia todo. Ainda mais quando olhou e percebeu que a linda loira já devia ter se arrependido daquela viagem.

- Desculpe-me, titia... - ela murmurou, inclinando-se para beijar sua face.

Percebeu-a quente e, pareceu-lhe corada em excesso. Só então notou que todos ali pareciam mais corados que o normal. Harleen suava, e Barry tinha tirado o paletó e a gravata, e se abanava com uma revista velha.

Foi então que Kara se deu conta de que o ar-condicionado não estava funcionando e que a temperatura ali dentro estava igual à da rua.

- Quebrou! - Harleen falou, notando a maneira como Kara olhava para os aparelhos na parede.

"Meu Deus...!" - pensou. Não era à toa que tia Eliza, sempre tão calma, estivesse tão aborrecida.

- Por que não subimos para nossos quartos e tomamos um banho? - convidou todos.

- Não podemos subir também.... - agora, era Barry quem falava - ... o elevador não funciona.

- Também?! Você deve estar brincando! - não podia acreditar. Sua cabeça passou a latejar.

- Não, Kara! Estamos no meio de um corte de energia elétrica, caso você não tenha notado. Sem luz, sem ar-condicionado e sem elevador.... - Harleen mantinha a voz calma, apesar de seu visível aborrecimento.

- O que me diz, Kara? - Eliza se mostrava nervosa. - Como uma mulher numa cadeira de rodas, vai subir seis lances de escadas para tomar seu merecido banho?

Kara começou a se perguntar o que eles fariam se ela se jogasse no chão e tivesse um ataque de choro. Nada tinha acontecido de acordo com o que planejara desde o momento em que deixara o hotel, naquela manhã. Desejou, imensamente, não ter vindo para São Paulo. E, naquele exato momento, tudo o que mais queria era estar em sua chuvosa Londres, enterrada em seu estúdio, com trabalho até a cabeça. Mas, acima de tudo isso, desejava não ter colocado os olhos em Lena, outra vez. Aquela mulher a fazia perder a calma, o bom senso, e queimar de desejo.

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