Ethan narrando:
Neste momento, parece que não há mais ninguém por perto, exceto por nós dois neste espaço arejado e branco. Uma linda madeixa de cabelo escorre pelo rosto de Aurora, tornando o cenário ainda mais admirável aos meus olhos.
- Decidi que doaremos a comida que restar. - Anuncia ela.
Aurora desvia seus olhos azuis de mim e continua com sua tarefa sem esperar uma opinião.
- A senhora Siren está preocupada com o desperdício, senhor. Mesmo que tenhamos deixado claro tantas vezes que isso jamais seria um problema. - Diz Ruth, uma das cozinheiras, com um sorriso tenso no rosto.
- Um desperdício certamente não seria um problema porque você recebe quanto? Uns dez mil euros por estar aqui? O mundo não gira em torno de vocês; há pessoas que fariam qualquer coisa por isso daqui. - Rebate Aurora, deixando os presentes em silêncio mais uma vez.
- Sua realidade é diferente agora, Aurora. Você está inclusa. - Afirmo, sem receber muita atenção dela. Ela continua separando pratos de alumínio e esvaziando as enormes panelas.
- Você é jovem ainda e nova nessa realidade, talvez não compreenda completamente, mas meu papel é exatamente esse; te auxiliar. Você não pode distribuir comida nobre assim. - Afirmo.
Aurora para por um instante e volta seu olhar para mim.
- Eu entendo sua perspectiva meu amor, e juro que estou receptivo com a ideia, mas precisa entender que qualquer alimento destinado ao público precisa passar por uma regulamentação da vigilância sanitária. A chefe de cozinha deve assinar termos de segurança dos ingredientes, o que não é uma tarefa simples, há pessoas com alergias, intolerâncias... - Explico, com um tom de voz firme e calmo.
- Eu não tinha pensado nisso. - Ela responde mais calma.
- Desta vez, podemos fazer uma exceção. - Acrescento, notando que a respiração de Aurora se torna mais suave e aliviada.
Olho para os presentes, sublinhando minha decisão com um tom de autoridade:
- A partir de hoje, a quantidade de comida será reduzida conforme as exigências da minha esposa, exceto em ocasiões especiais. Que seja suficiente, mas não exagerada.
- Sim, senhor. - Respondem em uníssono.
- Elena, por favor, entre em contato com a vigilância sanitária, informe sobre a intenção de doação, depois acompanhe a chefe Penélope até o Departamento de Saúde Local com a limusine. - Ordeno com clareza.
- Claro, senhor. - Confirma Elena, prontamente.
- Entendido, senhor Siren. - Responde Penélope, claramente confiante.
- Peço que tenham mais paciência com Aurora. O meu filho está distribuindo todos os hormônios possíveis dentro dela, quero que a apoie em tudo e se dediquem mais. - Concluo.
- Não precisa disso, eu apenas não queria que nada fosse desperdiçado... - Dispara Aurora, com um tom sincero, mas todos a interrompem em uníssono.
- Sim, claro, senhor!
- É muito compreensível e uma honra colaborar. - Acrescentam outros.
Dou um último olhar a Aurora, como reafirmasse mais de minhas aprovações, e me retiro, por fim resolvendo qualquer estresse que antes dominava aquela parte da cozinha.
Enquanto caminho pela sala, percebo uma ligação perdida de Elowen, o que me surpreende, já que acabei de terminar uma reunião e não deveria haver mais pendências.
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Um Descaso II - A Marquesa.
Romance(Continuação de: UM DESCASO) Após turbulências e intrigas alheias, o marquês Ethan Jones Siren consegue o perdão de Aurora, que teve a chance de vê-lo se transformar no melhor dos pais que poderia existir para seus filhos. Agora, ela se vê envolvida...