Capítulo 21 - O Parto.

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Aurora narrando:

Meu coração não parou de palpitar desde aquele momento, até que percebi meu assento encharcado, tornando-se agora a única coisa que consome todo o meu foco.

A sensação de culpa, impacto de tudo que a Mia disse, persistiu em mim até eu perceber que minha bolsa havia estourado.

Com as mãos paralisadas, analiso minha barriga, buscando respostas sobre o que fazer, enquanto meus dedos tremem de acordo com o meu nervosismo.

Olho cuidadosamente para trás, vendo pela janela da limusine a Mia ultrapassar os limites estabelecidos pelos guardas e disparar palavras contra Ethan, que a ouve em silêncio enquanto estreita os olhos.

Retomo meu foco. Meu filho vai nascer!

Aperto o botão de comunicação direta com o motorista e imediatamente ganho sua atenção.

- Senhora Siren, deseja partir? - Ouço ele perguntar.

- James, preciso ir ao hospital Alexianer Hedwig. Por favor, chame o Ethan. - Quando termino a frase, sou atingida pela primeira onda de dor.

Toco minha barriga e gemo, a dor se espalhando por toda a região, deixando-a rígida e impossibilitando qualquer tentativa de disfarçar o desconforto.

Vejo-o pela janela saindo do volante e indo às pressas até os guardas do Ethan. Procuro uma posição mais confortável, já que estar sentada está se tornando insuportável. Me ajeito no momento em que a contração alivia, mas ela logo retorna e eu rosno novamente enquanto fecho os olhos.

- Eu tinha me esquecido de quão doloroso é. - Comento, após o alívio da segunda contração.

A porta se abre e Ethan surge.

- Do que você precisa? - Pergunta, com os olhos arregalados.

- Só do hospital. - Respondo.

Ele entra completamente e se acomoda ao meu lado. Mais uma onda de dor chega, e eu gemo baixo, fazendo com que Ethan toque minhas costas e coloque a outra mão sobre minha barriga.

- O que eu faço? - Pergunta.

Permito-me rir dessa vez, só para descontrair.
- Acho que não há muita função por agora. - Brinco.

O carro então acelera, ganhando uma velocidade tão urgente que os paparazzi, curiosos, abaixam suas câmeras na tentativa de ver o que está acontecendo.
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Não houve espera na recepção; duas enfermeiras já estavam lá nos aguardando. Embora não fosse uma opção favorável, fui acomodada em uma cadeira de rodas macia e espaçosa.

Ao entrar no quarto de maternidade, fui recebida por um ambiente decorado em tons suaves de verde e branco, com balões e flores delicadas. A luz natural que entrava pelas janelas criava um espaço acolhedor.

O quarto estava equipado com uma cama de parto moderna, uma mesa com equipamentos médicos e uma poltrona branca confortável ao lado da cama. Também havia dois banheiros e um quarto adicional para o acompanhante.

Quadros infantis e o nome "Charles" decoravam a mesma parede onde havia uma bola de exercícios, uma barra de ferro branca e uma cama de massagem.

Nunca vi tantas enfermeiras juntas. Algumas delas tocam nas minhas costas e me ajudam a ir para o vestiário. Entre uma contração e outra, tirei as roupas que havia escolhido para a faculdade e substituí por uma camisola cor de creme, de seda suave, que escorregava sobre minha pele.

- Tudo bem, senhor e senhora Siren? - Cumprimenta a obstetra Lauren, que tem acompanhado minha gravidez desde o início. Esse detalhe, tão importante, junto ao ambiente impecável, me trouxe uma imensa sensação de segurança. Pela primeira vez, meu parto não me causará medo.

Um Descaso II - A Marquesa.Onde histórias criam vida. Descubra agora