Lee Coffee | Minsunglix

Viena

Já era o segundo dia desde a entrevista e Jisung estava uma pilha de ansiedade. Só de pensar que caso não conseguissem um emprego até o próximo mês suas reservas acabariam e ele e Felix teriam que renunciar ao apartamento que alugaram juntos, sentia seu peito apertar em angústia. Mesmo tendo um ótimo relacionamento com sua mãe e sabendo eu sempre poderia voltar para a casa que dividiam, Jisung gostava da liberdade de morar sozinho, mas principalmente, do último ano que passara no atual apartamento compartilhado com Felix. Era um apartamento com uma decoração simples, escolhida por Felix, mas extremamente aconchegante, refletindo bem as personalidades e necessidades dos dois.

Os rapazes haviam se conhecido durante uma competição do curso em que um aluno de gastronomia e um de confeitaria deveriam se juntar para criar um menu e apresentar para alguns chefes renomados que julgariam a competição. Apesar de ser aberto para todas as turmas, normalmente as turmas do primeiro ano não participavam por se sentirem inseguros quanto as técnicas que usariam, mas Jisung foi convencido pelo lindo rapaz loiro com um sorriso envergonhado formando uma perfeita harmonização com suas pequenas sardas ruborizadas, que se aproximou devido à proximidade de idade dizendo que poderiam arriscar para conhecer a competição e competir para valer no próximo ano.

A conexão entre eles foi tão forte e natural que se tornaram inseparáveis a partir daí. Empenharam-se tanto na criação dos pratos que conseguiram terminar em terceiro lugar, finalmente atingindo o primeiro no ano seguinte, ganhando uma viagem para Paris com algumas aulas especiais ministrada pelos chefes jurados. Foi nesse momento que se encantaram com a panificação e decidiram que cursariam juntos ao final de seus cursos atuais.

No dia da formatura estavam tão felizes que decidiram recriar os pratos da competição no apartamento de Jisung. Apesar de sempre trabalharem com leveza juntos, aquele dia era diferente, com um ar totalmente descontraído, inundado da felicidade e orgulho de se formarem com honras devido ao podium atingido na competição durante os dois anos. Abaixaram-se lado a lado em frente do forno para observar as massas das tortinhas assando:

- Não estão lindas? - Felix perguntou de forma retórica, satisfeito enquanto observava sua criação - Estão tão delicadas....

- Estão mesmo, nunca me canso de olhar - Jisung disse enquanto tirava o olhar das tortinhas e focava em Felix.

Diversas vezes já haviam ficado extremamente próximos dessa forma e nunca foi um problema devido a intimidade que haviam adquirido, mas dessa vez, um sentimento diferente parecia invadir aos poucos o peito de Jisung, fazendo seu coração errar uma batida quando Felix também parou de olhar para as tortinhas e mirou Jisung em silêncio, alterando o olhar entre os olhos e a boca do amigo. As bochechas de ambos começaram a tomar um tom rosado e pareciam estar sendo atraídos por imãs quando mutuamente passaram a se aproximar, até que a distância fosse totalmente extinguida pelo selar dos lábios em um beijo calmo.

Ao se afastarem, Jisung não teve dúvidas de que o que sentia por Felix havia mudado, mas sem saber exatamente o que havia mudado e o que sentia agora, um medo sem precedentes de perder a amizade tomou conta de si, afinal de contas, dividiam todos os dias de alguma forma já havia dois anos. Alguns segundos em silêncio e quando Felix abriu os lábios para dizer algo, Han arregalou os olhos claramente assustado, fazendo Yongbok desistir da frase que estava formulando, mudando a expressão para completa decepção. Poderia ele ter encarado os sinais de forma errada e forçado uma aproximação que não deveria? Estava confuso. Percebendo a decepção no rosto do amigo, Han pigarreou e começou a falar sem pensar direito no que estava dizendo, apenas deixando parte do devaneio que o beijo acabara de lhe causar sair:

- E se ao final do primeiro ano de panificação a gente começasse a morar juntos? - Se arrependeu imediatamente do convite feito de qualquer jeito e tentou arrumar vendo a interrogação se formar no rosto do amigo - Bem, nós somos amigos, não somos? Nos damos bem e, bem, você disse que estava querendo um cantinho para você. Nós arrumamos o seu currículo, entregamos onde eu trabalho ou em alguns outros lugares e podemos dividir um apartamento, não seria má ideia, seria?