Acordei e não o vi na cama. Mas não me desesperei. Depois de três meses dormindo e acordando ao seu lado, especialmente depois de noites perdidas no Risca Faca, eu sabia exatamente onde encontrá-lo.
Lá estava ele, descamisado, com seu copo de vitamina de maçã quase transbordando em uma mão e uma omelete fumegando na outra. Tomava o seu sagrado café da manhã balançando-se ao som de Amado Batista, com uma música num volume baixíssimo saindo da caixa de som. Pra não me acordar.
— Como a senhora Hoffmann está? — perguntou, todo formal, quando eu me aproximei e ele pôde me dar um abraço acompanhado de um beijo na testa.
— A futura — corrigi-o, me afastando o suficiente para exibir minha mão direita para ele e mostrar a maior recordação deste fato — senhora Hoffmann passa muito bem, obrigada.
A aliança de noivado, com um diamante que devia ter custado um rim, destacava-se na minha mão direita e me lembrava (como se precisasse) de que eu estava comprometida com o homem mais maravilhoso da face da Terra.
— Essa doeu. — Otto fingiu ter se magoado com a correção. Até colocou o copo e o prato sobre o balcão para levar a mão ao peito em sinal de ultraje.
Cheguei mais perto dele e beijei-lhe o peito no exato local onde pusera a mão, sobre seu coração.
— Pra sarar as injúrias — esclareci o gesto, embora não precisasse. Ele me compreendia bem mesmo quando eu não traduzia meus pensamentos para palavras faladas.
— Assim eu fico ofendido com mais frequência — insinuou ele, beijando o topo da minha cabeça e deixando as mãos correrem pelas minhas costas até encontrarem minha cintura e a envolverem.
— Pois terá uma vida inteira de ofensas se depender de mim — falei, brincalhona, me aninhando em seu peito. — Isto é, só se eu puder te dar e ganhar uns beijinhos em troca.
— Por um beijo seu, aceito qualquer coisa, qualquer lugar, qualquer dia, qualquer hora. — Uma de suas mãos abandonou minha cintura apenas para segurar meu queixo e elevar minha cabeça para que ele pudesse ter acesso aos meus lábios.
Nossos beijos não deixavam de ser uma experiência única, suaves e ao mesmo tempo cheios de paixão como a brisa quente do verão. Seu beijo me preenchia — algo que nenhum outro antes dele conseguira fazer — dava-me uma sensação de algo mais.
Quando ele se apartou de mim, quase puxei-o de volta. Não queria terminar minha sessão de beijos por ali. Minha real vontade era que ela avançasse a todo vapor e terminasse com nossos corpos nus no chão da cozinha.
Uma pena que Otto prezava pela pontualidade e soltara-me para terminar seu café da manhã e não se atrasar para o programa do dia. O bate e volta na ilha, via lancha do Takahashi, era um evento importante na agenda dos Fabulosos. E eu respeitava isso. Sempre respeitei aquela amizade, o senso de compromisso e cumplicidade deles.
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A Irmã
Romance+18 | Completo | Otto Hoffmann Junior é um encalhado de carteirinha. Vive dando de cara no muro quando o assunto é amor. Seus dotes não falham, mas é só ele abrir a boca que logo chega à conclusão de que seria melhor ter ficado calado. No entanto, s...