006 - Fairy and danger

177 13 0
                                    

Uma semana havia se passado desde aquele encontro aterrorizante com Peter no lago negro. Para minha surpresa, eu estava me adaptando até que bem à nova rotina de Neverland.

Aprendi rapidamente os nomes e os papéis dos cinco meninos principais que eram fiéis a Peter. Mark, o ágil, era quem mais organizava as rotas e as estratégias de movimentação, mantendo todos os meninos em ordem e segurança.

Scott, o cozinheiro, preparava comidas surpreendentemente boas, considerando as condições em que vivíamos. Sua habilidade em transformar ingredientes simples em refeições satisfatórias era impressionante e muitas vezes reconfortante.

Devin, o braço esquerdo de Peter, era, aos meus olhos, mais um cachorrinho obediente do que um líder. No entanto, havia algo sombrio nele, um olhar penetrante que nunca transmitia boa energia. Sempre que eu o via, sentia um calafrio na espinha, como se ele estivesse escondendo algo.

Atlas era um mistério para mim. Ele usava uma touca preta que raramente tirava, mas no dia anterior eu podia jurar ter visto orelhas pontudas sob ela. Isso me fazia questionar se ele era realmente humano ou se havia algo mais mágico nele do que ele deixava transparecer.

Por último, havia os gêmeos, Josh e Noah. Eles eram o braço direito de Peter e sempre andavam com ele, quase como sombras. Além de sua lealdade a Peter, eram, sem dúvida, os mais atraentes de todos os meninos da ilha. A combinação de sua aparência e sua aura de perigo os tornava irresistíveis, mas também incrivelmente intimidadoras.

Enquanto me ajustava ao grupo, tentava manter um perfil baixo e observar tudo ao meu redor. A vida na ilha era uma constante batalha de sobrevivência, mas também um jogo de estratégias e alianças. Cada dia trazia novos desafios, mas também novas oportunidades de entender melhor aqueles que me cercavam e, talvez, encontrar uma forma de me manter segura.

Estava andando ao lado de Atlas, tentando manter um ritmo constante enquanto nossos passos ecoavam pela trilha. A floresta ao nosso redor estava silenciosa, exceto pelos sons ocasionais de animais distantes. Atlas parecia pensativo, mas então ele quebrou o silêncio.

- O que você e Peter fizeram ontem? - perguntou ele, seu tom curioso mas cauteloso. Suspirei, lembrando do horror do dia anterior.

- Peter aplicou um castigo. Ele me colocou em uma ilha cercada por crocodilos. - respondi, e Atlas parou abruptamente, franzindo o cenho.

- O castigo do crocodilo? - perguntou ele, claramente surpreso, e eu assenti, sentindo um calafrio ao lembrar.

- Sim, exatamente esse. - Atlas olhou para mim, a incredulidade evidente em seus olhos.

- E como você saiu viva de lá? - Ele perguntou, colocando os dois braços para trás das costas. Eu dei de ombros, tentando não parecer afetada.

- Talvez eu não tenha pensado direito e nem dado muito valor à minha própria vida quando pulei na água e nadei até o outro lado do lago. - Respondi, e Atlas riu, um som misto de surpresa e admiração.

- Para uma novata, você tem habilidades que ninguém aqui tinha visto. Mas confesso que talvez tenha sido sorte. - Ele disse, e eu sorri de volta, apreciando o elogio, mesmo que ele viesse com uma dose de ceticismo.

- Pode ser. Ou talvez eu esteja começando a me adaptar a este lugar mais rápido do que todos pensam. - Falei, enquanto via Atlas assentir e voltar a caminhar.

Ele ainda parecia pensativo, mas agora com um brilho estranho nos olhos.

- Seja como for, você sobreviveu a algo que poucos conseguem. Só tome cuidado, Peter não costuma deixar as coisas por isso mesmo. - Eu sabia que ele estava certo, mas no momento, sobreviver àquele castigo era uma pequena vitória para mim.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora