004 - bad girl

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À medida que a noite caía sobre Neverland, o céu se tingia de tons avermelhados e roxos, e as sombras se alongavam pela floresta. O ar se tornava mais frio e as luzes das fogueiras ao redor do acampamento dos Garotos Perdidos começavam a brilhar com mais intensidade.

Peter me deixou em uma das barracas, onde Devin foi instruído a continuar a mostrar o lugar e as regras básicas do acampamento. A atmosfera era tensa, e eu não podia deixar de sentir uma inquietação crescente. As palavras de Peter sobre Gancho e a ameaça da Ilha da Caveira pairavam na minha mente.

Devin fez o possível para ser útil, explicando a rotina noturna e os protocolos de segurança.

- A partir de agora, você vai se familiarizar com os horários de patrulha e os sinais de alerta. A floresta pode ser perigosa à noite, - disse ele, tentando manter um tom calmo.

- Entendi, - respondi, tentando absorver todas as informações enquanto observava o movimento ao meu redor. Os Garotos Perdidos estavam se preparando para a noite, alguns se reunindo ao redor da fogueira, outros em suas barracas.

- Vou dar uma volta para verificar a segurança. Não se afaste daqui. - Devin disse, e hesitou antes de se afastar.

Quando ele se afastou, eu me sentei na borda da barraca, tentando processar tudo o que havia acontecido. O som distante dos garotos conversando e rindo à volta da fogueira parecia quase surreal em meio à minha apreensão.

De repente, o céu escureceu completamente e a lua começou a brilhar intensamente, lançando uma luz prateada sobre o acampamento.

O ambiente estava envolto em uma escuridão imersiva, interrompida apenas pelas chamas das fogueiras e pelos flashes das luzes das lanternas dos Garotos Perdidos.

Meus pensamentos estavam a mil. Eu sabia que a noite seria longa e cheia de desafios. Com o temor da Ilha da Caveira ainda em mente e o mistério sobre meu pai pairando no ar.

Enquanto a noite se estabelecia, o acampamento dos Garotos Perdidos se tornava um lugar vibrante e caótico sob o luar. As fogueiras lançavam chamas dançantes, criando sombras que se moviam pelas árvores ao redor. O som de risadas e música se misturava ao crepitar das chamas.

Os garotos estavam reunidos ao redor de uma grande fogueira no centro do acampamento. Eles dançavam e pulavam em um ritmo frenético, suas sombras projetadas nas árvores, formando um espetáculo quase hipnótico. Cada movimento era alegre e cheio de energia, uma tentativa de manter o espírito alto em meio à escuridão e à tensão.

Havia algo quase tribal na maneira como se moviam, uma expressão de liberdade e rebeldia que contrastava com a sensação de prisão que eu sentia. Os garotos giravam e se lançavam uns aos outros, sua alegria era contagiante, mas não consegui me deixar levar por ela. A presença de Peter e o que me aguardava me impediam de relaxar.

Ao longe, quase escondido nas sombras, vi Peter tocando uma flauta. As notas suaves e encantadoras ecoavam pela noite, uma melodia que se misturava ao som das fogueiras e dos risos. Ele estava sentado ao lado de um garoto loiro, que tinha uma cicatriz proeminente no nariz. O garoto o observava fixamente, seu olhar era de uma intensidade desconcertante.

Peter levantou os olhos de sua flauta e me encarou, seu olhar era calculista e, de alguma forma, dominador. Não era o sorriso amigável de antes, era uma expressão fria e avaliadora.

O garoto loiro continuou a me observar, seu olhar penetrante parecia medir cada movimento meu, como se estivesse avaliando se eu era uma ameaça ou apenas mais uma peça no tabuleiro de Peter.

A tensão no ar era palpável, e eu senti uma onda de apreensão. O acampamento dos Garotos Perdidos, apesar de ser um lugar de festa e movimento, escondia uma complexidade que eu mal começava a entender.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora