Na manhã seguinte, acordei com uma dor aguda nas costas, o chão frio da caverna não me oferecia conforto, e a chuva do lado de fora parecia uma extensão do meu desconforto. Ao abrir os olhos, percebi que todos ainda dormiam, exceto Atlas, que estava acordado e afiando um pedaço de madeira, transformando-o em uma estaca.
Sentei-me ao seu lado em silêncio, observando seus movimentos precisos. Um suspiro escapuliu dos meus lábios, e eu comecei a falar sobre o que havia acontecido no dia anterior.
- Atlas, sobre ontem... Mas antes que eu pudesse concluir, ele me interrompeu.
- Não comece com esse discurso fiado de paz, Galadriel. - Sua voz era firme, quase brusca.
- Você é bipolar ou algo assim? Uma hora quer me proteger, e na outra me trata como se eu fosse lixo. - retruquei, rindo de maneira seca.
Ele virou o olhar para mim, e um arrepio percorreu minha espinha. Atlas tinha esse jeito de intimidar, mesmo em momentos que não parecia querer. Ele respirou fundo, como se estivesse pesando suas palavras.
- Não se sinta especial, pirata. - Ele disse, a frieza de sua voz cortando o ar. - Eu protejo todos aqui. Você não é a única que importa. Se Peter quiser negociar algo que sabe eu talvez aceitaria, eu não pensaria duas vezes em jogar você nas mãos dele.
Senti um nó se formar em meu estômago. Era verdade. Em meio a toda aquela confusão, eu era apenas uma peça em um jogo muito maior, e a ideia de ser usada como moeda de troca me deixou inquieta. O olhar dele não tinha qualquer traço de compaixão; era puro pragmatismo. Mas, mesmo assim, uma parte de mim não podia deixar de se sentir conectada a ele, apesar de tudo.
- E se eu não quiser ser uma moeda de troca? - perguntei, tentando desafiar a lógica dele.
Atlas olhou para mim por um momento, a expressão no rosto inalterada. O silêncio entre nós se arrastou, e a chuva continuava a bater nas pedras da caverna, como se estivesse marcando o tempo que passava, sem pressa, mas sem qualquer alívio à vista.
- Se você não quer ser uma moeda de troca, então é melhor ficar calada - ele respondeu, o tom de sua voz carregado de impaciência. - Sua voz é extremamente irritante.
As palavras dele cortaram o ar entre nós como uma lâmina. Eu sabia que ele estava lidando com a pressão da situação, mas isso não tornava suas provocações menos dolorosas. O que mais me incomodava era que, de algum jeito, eu ainda me importava com a opinião dele.
- Você não precisa ser assim, Atlas. - Eu tentei me conter, mas a frustração escapuliu. - Todos estamos passando por isso, e um pouco de compreensão não faria mal.
Ele apenas arqueou uma sobrancelha, o olhar desafiador.
- Compreensão? - repetiu, como se a palavra fosse um conceito alienígena. - Aqui não temos espaço para isso. Se você quer sobreviver, melhor se concentrar em coisas que realmente importam. E, sinceramente, sua opinião não está entre elas.
Fiquei em silêncio, mordendo o lábio inferior. A chuva lá fora continuava a cair, o som se misturando com o peso das palavras dele. O que eu realmente esperava? Que ele se tornasse uma pessoa diferente? Eu sabia que não era justo esperar isso dele, mas a frustração ainda borbulhava dentro de mim.
- Vou me calar, então - respondi, decidindo que não valia a pena entrar em uma discussão sem fim. - Mas não pense que vou deixar de lutar por aqueles que estão ao meu redor.
Atlas me lançou um olhar avaliativo, e por um breve momento, parecia que ele estava considerando minhas palavras. Mas, assim como tudo naquela caverna, logo se dissipou na tensão entre nós.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Piratas em Neverland - Peter Pan
FanfictionDepois que Peter Pan foi Derrotado, Emma e Gancho tiveram uma filha chamada Galadriel, ou conhecida por seus dois apelidos como Filha do Gancho Driele. Ainda em StoryBrooke Galadriel tinha o sonho de viajar os mares iguais nos velhos tempos, porém K...