Os dias se passavam em uma sequência quase monótona, e a tensão entre Atlas e eu parecia se intensificar a cada treino. Ele continuava a me tratar com indiferença, como se eu fosse apenas mais um membro do grupo, ignorando completamente as conversas que tivemos anteriormente. O olhar dele sempre era frio, e a forma como se dirigia a mim carregava um peso de desapontamento que eu não sabia como suportar.
Avril, por outro lado, estava sempre atenta a mim. Ela tentava ajudar de todas as maneiras possíveis, perguntando se eu estava bem, se precisava conversar, mas a frustração de Atlas a impedia de se aproximar de mim. Ele frequentemente a interrompia, mandando-a não se meter.
- Deixe ela em paz, Avril! - Atlas dizia, a impaciência transparecendo em sua voz. - Você não entende que isso não é da sua conta?
As palavras dele me cortavam como lâminas. Eu sabia que Avril só queria me ajudar, mas a resistência de Atlas parecia inabalável. A cada vez que ele afastava Avril de mim, um novo pedaço de esperança se quebrava dentro de mim. Eu não queria ser uma fonte de conflito entre eles, mas também não sabia como sair dessa situação em que me metera.
Durante os treinos, a atmosfera era tensa. Atlas se mostrava mais focado no que estava fazendo do que em me observar, o que me fazia sentir ainda mais invisível. Enquanto treinávamos, eu tentava me concentrar, mas os pensamentos sobre Peter e a traição que tinha cometido constantemente voltavam para me assombrar.
Avril se aproximava em intervalos, tentando me encorajar, sempre com um sorriso gentil, mas Atlas a afastava rapidamente, como se sua presença fosse uma irritação. O que deveria ser um ambiente de camaradagem tornou-se uma luta constante. Eu só queria que as coisas voltassem ao normal, mas sabia que as feridas estavam muito profundas para serem curadas com simples palavras.
As noites eram ainda mais difíceis. Quando a caverna se tornava silenciosa e a fogueira começava a se apagar, eu me via presa em meus próprios pensamentos. O peso da solidão se acumulava e, mesmo com Avril por perto, eu me sentia mais isolada do que nunca.
Atlas parecia decidido a me ignorar, e essa decisão criava um abismo entre nós. A sensação de perda se tornava mais intensa, e eu me perguntava se havia algum caminho de volta para o que tínhamos antes. Mas, a cada dia que passava, parecia que essa possibilidade se afastava ainda mais, e a verdade que eu guardava se tornava um fardo cada vez mais pesado.
Durante o treino de espadas, a tensão no ar era palpável. As lâminas de metal se encontravam com um clangor agudo, ecoando na caverna, mas a batalha que eu realmente estava lutando era interna. Observando Atlas com seus movimentos precisos, a indiferença dele parecia cortante, e eu sabia que precisava falar com ele.
Finalmente, enquanto tentávamos executar um novo movimento, decidi que era hora de enfrentar a situação. A adrenalina ainda pulsava em minhas veias, mas o peso de não ter resolvido o que estava entre nós estava me consumindo. Eu precisava esclarecer as coisas, ou ao menos tentar.
- Atlas, podemos conversar um minuto? - chamei, tentando manter a voz firme, apesar da vulnerabilidade que sentia.
Ele parou e se virou para mim, a expressão fechada.
- Estamos no meio do treino, seja rápida, - perguntou, a frustração clara em seu tom. Ele girou a espada levemente, como se estivesse pronto para voltar ao treino.
- Sobre a noite no lago… - comecei, mas ele me interrompeu.
- Não quero saber sobre isso. Você já falou o suficiente - respondeu, a voz impessoal, como se estivesse se distanciando ainda mais de mim.
Eu engoli em seco, sentindo a dor das suas palavras. Ele estava decidido a não se abrir, mas eu precisava entender por que tudo tinha mudado tão rapidamente entre nós.
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Piratas em Neverland - Peter Pan
FanficDepois que Peter Pan foi Derrotado, Emma e Gancho tiveram uma filha chamada Galadriel, ou conhecida por seus dois apelidos como Filha do Gancho Driele. Ainda em StoryBrooke Galadriel tinha o sonho de viajar os mares iguais nos velhos tempos, porém K...