22. the story of Atlas

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Eu mal podia acreditar que estava mesmo ali. Tudo parecia um sonho, um daqueles que a gente tem quando está quase acordando, e o mundo parece mágico, cheio de possibilidades. Caminhando ao lado de Peter, com meu urso de pelúcia azul apertado contra o peito, meus olhos mal conseguiam acompanhar tudo ao meu redor. As árvores eram tão altas que parecia que tocavam o céu, e o ar tinha um cheiro de aventura, de liberdade.

- Vou te mostrar onde as sereias ficam, - Peter falou, e meu coração acelerou. Sereias! Sempre ouvi histórias sobre elas, mas nunca pensei que veria de verdade.

Olhei para ele e sorri, tentando disfarçar minha empolgação. Mas era difícil. Estava tudo brilhando. O verde das folhas, o azul do céu, até a água cintilava ao longe, como se estivesse esperando para me contar seus segredos.

Cada passo que dava parecia me levar mais fundo em um mundo que era só meu. Senti uma brisa suave no rosto, como se a ilha estivesse me dando boas-vindas. Meu ursinho, tão velho e desgastado, parecia mais vivo do que nunca em meus braços. Apertei ele um pouco mais forte, como se quisesse dividir com ele toda aquela emoção.

- Peter, as sereias são mesmo tão lindas quanto dizem? - perguntei, quase sem fôlego, já imaginando como seria.

Ele riu, com aquele jeito misterioso e divertido que só ele tem, e continuou andando, como se soubesse de algo que eu ainda não sabia. Mas eu não ligava. Não naquele momento. Eu só queria continuar andando, descobrir o que mais esse lugar incrível tinha para me mostrar.

Cada passo em Neverland era um novo começo.

O caminho se estreitava, e eu podia ouvir o som suave da água mais à frente. Meus pés mal tocavam o chão de tão leve que eu me sentia, como se estivesse flutuando com a promessa de algo incrível prestes a acontecer. A cada vez que Peter olhava para trás, ele me lançava um sorriso que só fazia minha ansiedade crescer. Era como se ele estivesse guardando o melhor para o final, algo que me surpreenderia mais do que eu poderia imaginar.

Quando finalmente chegamos a uma clareira que se abria para uma enseada cristalina, meu coração quase parou. Ali, nas rochas, repousavam figuras sinuosas, cintilando à luz suave que escapava das nuvens. As sereias. Elas eram mais do que belas eram encantadoras de uma forma quase impossível de descrever. A luz do sol refletia em suas escamas, criando um arco-íris de cores que eu nunca tinha visto antes. Seus cabelos caíam sobre os ombros, longos e sedosos, enquanto elas riam e cantavam em uma melodia que parecia puxar a gente para mais perto.

Fiquei ali, parado, hipnotizado. Nunca tinha visto algo assim. Era como se todo o resto do mundo desaparecesse, e só existisse aquela música, aquele brilho. Eu sabia que as histórias sempre diziam que sereias podiam ser perigosas, mas nada naquele momento parecia perigoso. Só… mágico.

Peter parou ao meu lado, cruzando os braços, satisfeito com a minha reação. Ele parecia entender o que eu estava sentindo sem precisar dizer nada.

- O que você acha? - ele perguntou, ainda com aquele sorriso travesso no rosto.

- Elas são... - tentei encontrar as palavras, mas nada parecia suficiente. - Incríveis.

- Elas sempre sabem quando alguém novo chegou à ilha. Sentem a mudança no vento. - Ele assentiu, como se já soubesse disso.

- Elas sabem que eu estou aqui? - Eu olhei para Peter, surpreso.

- Sabem sim. - Ele olhou para mim de lado, quase desafiador. - E vão querer saber quem você é. Talvez até venham falar com você.

A ideia me deixou nervoso e animado ao mesmo tempo. Nunca pensei que algo assim pudesse acontecer comigo. Eu, Atlas, de repente no centro da atenção de seres mágicos.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora