13 - forbidden love

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Horas se passaram desde aquele encontro estranho e intenso com Peter. A floresta havia se tornado mais silenciosa com o cair da noite, e o frio começava a se intensificar. Eu já tinha retornado ao acampamento, mas o peso da conversa anterior ainda me seguia, como um fantasma persistente que se recusava a desaparecer.

Sentei-me perto de uma fogueira, observando as chamas dançarem no vento leve, enquanto a fumaça subia em espirais sinuosas para o céu escuro. As estrelas brilhavam fracamente através das folhas das árvores, e, por um momento, eu consegui esquecer a confusão na minha mente.

Mark e Noah estavam mais afastados, em uma conversa silenciosa, enquanto outros garotos perdidos cuidavam dos feridos. Parecia um momento de calma antes da tempestade, e isso me deixava inquieta. Cada vez mais, a tensão em Neverland parecia crescer, e eu sentia que algo grande estava para acontecer. Algo que poderia mudar tudo.

Foi então que senti uma presença próxima de novo, e antes de olhar para trás, já sabia quem era. Peter.

Ele se aproximou sem fazer barulho, como sempre, e sentou-se ao meu lado, sem dizer nada. O silêncio entre nós era estranho, diferente de antes. Ele parecia estar refletindo sobre algo, o que era incomum para ele, que geralmente estava sempre no controle de cada palavra e ação.

- Você ainda está pensando sobre o que conversamos mais cedo? - ele perguntou finalmente, com um tom de curiosidade.

Eu assenti lentamente, ainda olhando para o fogo.

- É difícil não pensar. Parece que quanto mais perguntas eu faço, mais confusa eu fico. - Respondi, enquanto ouvia ele soltar um leve riso sarcástico.

- Bem-vinda a Neverland, - disse ele, com um tom de provocação. - Esse lugar não foi feito para respostas fáceis.

- Mas você tem todas as respostas, não é? - perguntei, agora me virando para olhar para ele. - Ou pelo menos, finge que tem.

Peter sorriu, aquele sorriso que não revelava nada.

- Talvez eu tenha mais respostas do que você imagina. Mas a questão é... o que você realmente quer saber? - Ele disse. Fiquei em silêncio, pensando naquilo. O que eu queria?

Queria entender Peter, entender por que ele me mantinha presa aqui, por que ele parecia tão dividido entre proteger e controlar. Mas, ao mesmo tempo, havia outra coisa... uma parte de mim que, apesar de todo o ódio e frustração, queria saber o que ele realmente sentia. Se ele sentia algo.

Antes que eu pudesse responder, Peter se inclinou ligeiramente para mais perto de mim.

- Você vai ter que ser mais específica, ratinha, - ele murmurou, o calor de sua proximidade enviando um arrepio pela minha espinha.

Eu engoli em seco, sentindo o peso do momento, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ouvi vozes ao longe. Algo estava acontecendo no acampamento. Peter, sempre atento, já estava de pé num instante, seus olhos analisando o ambiente ao redor.

- O que foi isso? - perguntei, me levantando também.

- Problemas, - ele disse simplesmente, já andando em direção às vozes. - Fique aqui.

Mas eu o segui, sem hesitar. O que quer que fosse, eu não ia ficar sentada enquanto algo importante acontecia.

Eu segui Peter, ignorando seu comando para ficar para trás. Algo dentro de mim não conseguia obedecer. O barulho das vozes à distância ficou mais alto à medida que nos aproximávamos, e logo avistei uma aglomeração perto da entrada do acampamento. A tensão no ar era palpável, e eu sabia que algo importante estava prestes a acontecer.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora