10 - Shadows

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À medida que nos aproximávamos do acampamento da Princesa Tigrinha, o som distante de tambores e cantos ecoava pela floresta, fazendo meu coração acelerar. Mesmo à distância, eu podia sentir a aura de poder e autoridade que emanava daquele lugar. Mas, com isso, veio também uma onda de incerteza. O que exatamente esperava por nós ali?

- Você tem certeza que Tigrinha vai ajudar? - Perguntei novamente, minha voz mais trêmula desta vez. - Ela não parecia ser muito... amigável com você da última vez.

Peter me lançou um olhar de canto de olho, um meio sorriso de escárnio surgindo em seus lábios.

- Ela não tem escolha, Galadriel. Ou ela nos ajuda, ou ela morre. - Essas palavras pairaram no ar por um momento, carregadas de uma ameaça fria. Eu me esforcei para não mostrar o quanto aquilo me incomodava, mas Peter parecia notar a minha inquietação. Ele continuou, o tom dele implacável.

- Tigrinha e eu temos um trato: paz em troca de favores. Ela tem uma dívida comigo, e é obrigação dela ajudar. Se não o fizer, o acordo acaba e ela pagará com a vida, e isso eu poderia escolher... Eu adoraria escolher, talvez cortar a garganta dela, afogar ela na ilha da caveira... Ou até mesmo cozinhar ela viva. Portanto, ela vai nos ajudar, gostando ou não.

Engoli em seco, sentindo uma mistura de alívio e repulsa. Por um lado, parecia que tínhamos uma chance real de obter a ajuda que precisávamos. Por outro, a maneira como Peter manipulava e ameaçava para conseguir o que queria me deixava cada vez mais desconfortável. Ainda assim, o medo do que as Fairys poderiam fazer era maior do que meu desejo de confrontá-lo naquele momento.

Quando chegamos à entrada do acampamento, os olhares dos guerreiros de Tigrinha nos seguiram, suas expressões sérias e vigilantes. Eu sabia que não seríamos bem-vindos ali, mas não havia volta. Estávamos todos presos em um jogo perigoso, onde as regras eram ditadas por Peter.

Ao entrarmos no coração do acampamento, os olhos de todos os guerreiros caíram sobre nós, mas nenhum olhar foi tão penetrante quanto o de Tigrinha. Ela estava parada ao centro, com a cabeça erguida e os olhos fixos em Peter, emanando uma autoridade que quase parecia tangível. Havia algo nela que me dizia que não seria fácil conseguir o que queríamos, mas Peter, claro, estava longe de se intimidar.

- Pan, - Tigrinha começou, sua voz firme e sem hesitação, - por que você está aqui? Sabe que não é bem-vindo.

Peter soltou uma risada fria e desprovida de humor, cruzando os braços de maneira relaxada, mas seus olhos estavam cheios de uma intensidade perigosa.

- Ah, Tigrinha, sempre tão calorosa. Mas eu acho que você sabe muito bem por que estou aqui. - Ela permaneceu imóvel, seus olhos não vacilaram, mas a tensão no ar era palpável. Peter deu um passo à frente, suas palavras gotejando sarcasmo. - Você deve ter esquecido nosso pequeno acordo. Paz em troca de favores, lembra? E eu estou aqui para cobrar um desses favores.

Tigrinha manteve a postura rígida, mas o jeito como suas mãos estavam firmemente fechadas ao lado do corpo não passou despercebido.

- Nosso acordo não inclui você trazendo essa garota para o meu território, - ela rebateu, sua voz afiada. - Ela não é bem-vinda aqui.

- Ah, mas esse é o problema, não é? Você está com medo dela, não está, Tigrinha? Medo de que ela possa ser mais valiosa para mim do que você já foi. - Peter disse e sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos.

Um músculo saltou na mandíbula de Tigrinha, mas ela não respondeu de imediato. A tensão entre os dois era como um fio esticado, pronto para romper a qualquer momento.

- E se, por acaso, os seus guerreiros descobrissem... a verdadeira natureza do nosso acordo? Ou pior, o segredo que você está tão desesperada para manter escondido? - Peter se inclinou ligeiramente, seu tom se tornando quase íntimo, mas carregado de malícia.

Piratas em Neverland - Peter Pan Onde histórias criam vida. Descubra agora