Peter finalmente havia ultrapassado todas as barreiras que eu tentei, em vão, manter. Aquele sorriso que antes parecia desafiador agora não era nada além da máscara que ele usava para esconder a verdadeira face a face de um demônio. Quando ele olhava para mim, já não era mais o garoto que me fascinava com promessas de liberdade. Ele era cruel, sombrio, e mais perigoso do que eu poderia imaginar.
Eu via agora o que ele sempre fora: um monstro que não conhecia limites, disposto a esmagar qualquer um que ousasse desafiá-lo. O medo que eu sentia a cada palavra sua me sufocava, e cada passo dele na minha direção era uma lembrança de que eu não tinha escolha. Henry estava em suas mãos, e qualquer erro, qualquer deslize, custaria a liberdade ou até a vida do meu irmão.
Eu odiava a sensação de ser controlada, de ser subjugada, mas o ódio que eu sentia por mim mesma por permitir que ele me quebrasse era ainda maior. Obedecer a Peter não era mais uma opção. Era uma necessidade cruel, se eu quisesse garantir que Henry não pagasse pelo meu fracasso.
E assim, toda vez que ele me dava uma ordem, eu me obrigava a acenar com a cabeça, engolindo o orgulho e a dor. Eu queria lutar, queria me libertar dessa corrente invisível que ele colocou em mim, mas toda vez que pensava em resistir, a imagem de Henry trancafiado em algum lugar escuro voltava para me assombrar. Peter tinha vencido. Ele me possuía, e eu estava presa
Suspirei profundamente, meus olhos fixos no pote onde Sininho estava presa. A luz fraca que emanava dela tremeluzia, como se refletisse o peso do que eu carregava. Sininho me observava com um olhar afiado, seus braços cruzados enquanto uma expressão de desdém se formava em seu rosto minúsculo.
- Está feliz agora? - ela disse, com um tom sarcástico. - Você deveria estar, afinal. Transou com Peter, conseguiu o que queria, não é?
Revirei os olhos, sentindo a raiva subir dentro de mim.
- Cala a boca, Sininho, - murmurei, me afastando do pote. Mas ela apenas riu, um som estridente e cruel que me fez sentir ainda mais enjaulada.
- Olhe em volta, Galadriel. Você realmente acha que venceu? Henry está preso, as crianças perdidas nem sequer olham para você mais, e Peter... bem, ele te tem sob controle agora, não é? - Meus punhos se fecharam, o sangue fervendo sob a pele.
Eu sabia que ela estava certa. O silêncio ao meu redor era sufocante. Os garotos perdidos, que um dia riram comigo, agora nem sequer se importavam mais. E Henry... ele ainda estava lá, preso, sua liberdade usada como moeda para manter Peter no controle de tudo.
- Se você tivesse tirado a sombra de Peter, - Sininho continuou, o sorriso cruel nos lábios, - ele estaria desarmado. E você? Livre.
As palavras dela cravaram fundo em mim. Eu odiava admitir, mas ela tinha razão. Cada escolha que eu fiz só me aprisionou mais, e agora eu estava cercada, incapaz de encontrar uma saída.
A raiva queimava dentro de mim como um incêndio incontrolável. Sininho, presa naquele pote, ainda conseguia me provocar, e eu estava à beira de explodir.
- Você fala como se soubesse de tudo, - rosnei, me aproximando do pote. - Mas você não estava lá. Não sabe como é lidar com ele, como é ser usada como uma peça no jogo dele.
Sininho arqueou uma sobrancelha, sem se abalar.
- E você? Está se fazendo de vítima agora, Galadriel? Que patético. Você teve a chance de acabar com isso e não fez nada. Preferiu se deitar com o monstro em vez de lutar.
- Eu fiz o que tinha que fazer! - minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. - Henry está preso, e ele me usou! Eu não tinha escolha, não agora.
Sininho deu uma risada curta, cruel.
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Piratas em Neverland - Peter Pan
FanficDepois que Peter Pan foi Derrotado, Emma e Gancho tiveram uma filha chamada Galadriel, ou conhecida por seus dois apelidos como Filha do Gancho Driele. Ainda em StoryBrooke Galadriel tinha o sonho de viajar os mares iguais nos velhos tempos, porém K...