Capítulo 18.

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A festa acontecia normalmente, os adultos conversando e os adolescentes no celular. Estava eu, Haerin, Sunoo e Niki sentados juntos em uma das mesas mais afastadas, conversando sobre algumas fofocas que Sunoo descobriu em seu trabalho. Hae também contava algumas coisas sobre sua antiga escola em Nova Iorque, deixando todos nós chocados com cada nova descoberta.

— É verdade que os americanos não sabem geografia? – Niki perguntou a dúvida que noventa e nove por cento da população tem.

— Sim, eles não sabem! No meu primeiro dia de aula eu disse que era coreana e um dos alunos disse que sabia falar chinês.

— Pelo visto não é tão difícil assim entrar em Havard. – Sunoo disse, arrancando risadas escandalosas nossas.

Continuamos batendo papo, até a mãe de Sunoo aparecer e falar que estava na hora do parabéns. Todos os convidados se juntaram ao redor da mesa que ficava o bolo de cinco andares com o tema de Winx e começamos a cantar enquanto batemos palmas. O sorriso do Kim era contagiante, impossível alguém não sorrir com a animação dele.

— Com quem será... – Niki começou, fazendo Sunoo arregalar os olhos. — Com quem será, com quem será que o Sun vai casar?

— Niki! – O mais velho gritou envergonhando, me fazendo rir baixinho.

— Vai depender, vai depender, vai depender se alguém vai querer!

Todo mundo caiu na risada, menos Sunoo que mandou o dedo do meio para Niki que ria feito uma hiena. Logo, o Kim assoprou as velas depois de subir num banco para apagá-las e partiu o primeiro pedaço.

— O primeiro pedaço vai pra pessoa que me aguenta por quinze anos, mesmo com a minha personalidade ele não deixa de me amar e apoiar, as vezes me dando puxões de orelha quando faço algo errado, mesmo que ele faça pior! – Ele saiu de trás da mesa e veio caminhando até mim. — Jungwon, esse é pra você. Obrigado por tudo e mais um pouco! Sem você, nossa, eu não sei o que eu faria. Somos a dupla de poc's mais incríveis do mundo! Eu te amo.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas e os dele também, o puxei para um abraço e me permiti derramar as lágrimas, ouvindo também o seu soluço. Peguei o prato com o bolo, ainda com algumas gotinhas caindo sobre minhas bochechas.

— Sai, eu tenho ciúmes. – Empurrou o irmão para longe, me puxando pelo braço para mais perto.

— Sai você, seu intrometido!

Antes que eles começassem a se provocar como sempre, a senhora Kim chamou a atenção do aniversariante que mandou língua para o mais novo antes de sair de perto da gente. A distribuição de bolos começou outra vez, sendo Niki o último a receber e resmungando algo em japonês, já que era a língua nativa do seu pai.

Eu e Hae estávamos sentados em uma parte mais afastadas, olhando nossas sacolas de lembrancinhas já que alguém roubou nossa mesa.

— Eu peguei um gato laranja, e você? – Falei vendo meu chaveirinho.

— Peguei um gato cinza! – Me mostrou o chaveiro.

— Que fofo!

— É literalmente a gente! – A alfa disse com um sorriso no rosto, sorri também.

Ficamos um pouco mais de tempo olhando tudo, ate que me deu vontade de fazer xixi e deixei minhas coisas com a mais nova enquanto ia procurar por um banheiro. Com a ajuda de uma das tias de Sunoo, consegui encontrar o toalete — como estava escrito na porta — e entrei lá dentro. Fiz as minhas necessidades e me limpei, e assim que sai da cabine, me assustei ao dar de cara com Jay ali.

Ele estava escorado na porta da cabine de frente, de braços cruzados e o olhar fixado em mim. Queria que não, mas me senti extremamente mexido com aquelas íris de águia me encarando como se fosse arrancar a minha alma. Fingi não ligar para a presença dele, indo até a pia para poder lavar minhas mãos, mas logo sua voz me fez voltar a realidade.

— Você tá namorando aquele alfa?

Olhei para ele pelo espelho, minhas sobrancelhas quase se juntaram de tanta confusão.

— Isso não é da sua conta. – Respondi curto e grosso.

— É óbvio que é da minha conta. Você não pode ter nada com ele.

— Não é você quem decide isso. – Me virei para olhá-lo, me surpreendendo ao vê-lo tão perto de mim, seu corpo quase se fundindo ao meu.

— Não? – Arqueou a sobrancelha, logo me deixou encurralado entre ele e o mármore da pia, seus braços de cada lado do meu corpo. — Nem você acredita nisso.

— Quem você pensa que é pra dizer isso?

— Não força, Jungwon. – Segurou meu rosto com uma das mãos. — Você só tá fingindo ser durão, no fundo tá doido pra me dar.

— Vai à merda, Park! – Bati em sua mão, tirando ela do meu rosto. — Você não sabe nada sobre mim.

— Eu sei tudo sobre você, pirralho. – Aproximou seu rosto do meu. — E sei bem que você tá me querendo, mas quer fazer parecer que não.

— Cala a boca, porra!

— Eu calo sim.

Eu não esperava por isso, minha única reação foi arregalar os olhos enquanto Jay me beijava. Devo admitir que queria aquilo, mas não daquele jeito. Ele era um canalha, oficializou um relacionamento com uma ômega e no mesmo dia transou comigo, depois apareceu na minha casa com aquela mulher e agora estava ali, traindo ela.

Eu poderia não ir com a cara dela, mas jamais iria me rebaixar tanto assim. Então, apenas o empurrei pra longe e limpei minha boca, me aproximei de novo só pra poder dar um tapa bem dado na sua cara, vendo sua bochecha ficar vermelha.

— Você é um desgraçado, é isso que você é! Não te quero mais perto de mim nunca-

Fui interrompido pelo vômito que veio de uma vez, me fazendo sujar o chão todo e um pouco da minha roupa.

— Que merda é essa? – A voz de Niki se fez presente, e logo senti suas mãos me segurarem quando eu ia de encontro ao chão. — O que aconteceu?

Eu não conseguia falar e Jay apenas olhou para nós dois e saiu, nos deixando sozinhos ali.

Slow DownOnde histórias criam vida. Descubra agora