Capítulo 38.

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— De onde vocês se conhecem? – Minju perguntou olhando para mim e depois para Daniel.

— A gente se conheceu no hospital, ele deu em cima de mim. – Falei com um sorriso pequeno no rosto, sendo retribuído pelo garoto.

— Não acredito nisso! Como você ousa dar em cima dele? – A beta bateu no braço do mais alto que resmungou.

Enquanto eles tinham uma pequena discussão, percebi Haerin quieta no sofá olhando pra baixo. Não entendi sua reação, mas deixaria pra perguntar só quando estivéssemos sozinhos. Minha atenção mudou para a garota ao lado de Hae, ela tinha cabelo cacheado e parecia uma boneca.

— Ah, oi! Qual o seu nome? – Perguntei a garota, recebendo a atenção dela e fazendo os outros dois pararem de brigar.

— Eu sou a Danielle! – Disse com um sorriso enorme no rosto, acenando de leve.

— Que lindo nome! Vocês são gêmeos? – Olhei para ela e para Daniel.

— Nah, é só porque nosso pai se chama Daniel e nossa avó se chamava Danielle. – O maior respondeu com um meio sorriso.

— Ah, é verdade, vocês são de pais diferentes, né? – Os três assentiram.

Depois disso, começamos um assunto sobre a vida deles no Brasil e eles falaram sobre a cultura de lá. Eu conhecia pouca coisa, só sabia que era o país do samba e futebol. Haerin não disse nada em nenhum momento, apenas escutava o que falávamos e ria vez ou outra.

Quando Minju se animou ainda mais, fez com que Daniel e Danielle fossem comprar algumas coisas para que pudéssemos cozinhar algo para comer, ficando apenas eu, a beta e a alfa em casa. E enquanto eles estavam fora, Minju aproveitou para incluir Hae na nossa conversa.

— E você, Haerin? O que gosta de fazer??

— Ah, eu gosto de... Ouvir música? É, eu gosto disso. – Falou com um sorriso sem graça; eu tive que segurar a risada por saber que levaria um tapa depois.

— Isso é legal! Mas é só disso que você gosta?

— Também gosto de dançar.

— Hm, que interessante! – A beta dizia com um sorriso animado no rosto.

Um tempo se passou e os outros dois chegaram finalmente, logo Minju e Danielle nos ensinaram a fazer algo chamado brigadeiro. Assim que terminaram, eu fui o primeiro a comer e aprovei com a boca cheia daquele doce.

Aos poucos Haerin foi se soltando e logo já estávamos juntos na sala outra vez, assistindo e rindo do filme de comédia que Daniel recomendou. Eu estava deitado no colo de Minju e Daniel estava próximo de mim, Hae e Danielle estavam juntas no outro sofá e eu percebi como elas estavam ficando próximas.

Mais cedo, quando não tinha ninguém por perto, a alfa disse que Danielle era a garota da cafeteria e estava nervosa com sua presença, já a beta não demonstrava nervosismo. Achava fofo como Haerin tentava se manter calma enquanto a outra sorria sem parar com qualquer mínima ação da outra.

Um tempo se passou e eu resolvi ir até a cozinha para procurar alguma coisa pra comer, e enquanto procurava, vi Daniel entrando no cômodo e sorriu ao me ver.

— Tá com fome? – Perguntei e ele negou.

— Você demorou, fiquei preocupado. – Falou com um sorriso amarelo, achei fofo.

— Não estou achando nada de interessante pra comer.

— Quer que eu saía pra comprar?

— Não precisa, mas obrigado. – Tirei um pacote de biscoito de chocolate do armário.

— Jungwon.

— Sim? – Fechei a porta do armário e me virei em sua direção.

— Você realmente não vai me dar uma chance?

Fiquei surpreso com sua pergunta, mas logo deixei um sorriso curto escapar.

— Eu já gosto de alguém, e a época em que eu ficava com qualquer um já passou. Você é bonito e claramente o meu tipo, mas eu não estou mais no clima de antigamente, entende? – Me aproximei dele e toquei seu rosto. — Você vai achar alguém especial, eu acredito nisso.

— Você acha?

— Tenho certeza. E quem não te valorizar, eu vou dar uma surra porque você parece ser alguém muito doce e que não faria mal a ninguém.

— Obrigado. – Agradeceu com um sorriso lindo esbanjado no rosto, me fazendo sorrir também.

Voltamos juntos para a sala e nos sentamos novamente no sofá, prestando atenção no filme outra vez. Passamos horas e horas assistindo, até o momento em que Appa Sunghoon chegou em casa e olhou para todos nós com uma cara confusa.

— Quem são essas pessoas? – Perguntou com a sobrancelha arqueada.

— Essa é a Minju, não lembra? E esses são os irmãos dela, Daniel e Danielle.

— Ah, Minju... Quanto tempo. – Sorriu, mas aquele era o seu sorriso forçado. — É um prazer te rever e conhecer seus... Irmãos.

Seu olhar parou em Daniel que estava sentado ao meu lado e com o braço nos meus ombros.

— E você, rapaz? O que passa na sua cabeça? – Cruzou os braços.

— Não começa, Appa. – Falei já perdendo a paciência.

— Eu só quero saber dos pensamentos desse garoto sobre você.

— Então, senhor-

— Não, Daniel, você não deve satisfação pra ele.

— Jungwon.

— Eu preciso conversar com você. – Falei de forma séria e me levantei no mesmo instante, subi as escadas e fui até o escritório dele, e não demorou para o alfa entrar e fechar a porta.

Me encostei na mesa dele e o olhei procurando palavras para começar a falar.

— Os meus bebês são de pais diferentes.

O semblante do mais velho mudou para um surpreso e irritado.

— Não sei porque fiquei surpreso. – Disse com desdém, me fazendo engolir seco. — O outro é do Nishimura?

— É provável que sim.

— Não saiu o resultado?

— A doutora não disse. – Suspirei pesado e abaixei a cabeça. — Mas eu tenho certeza que um é do Jay e o outro do Niki.

— Eu só queria entender o motivo de tudo isso.

— O que se esperar de um adolescente sem pai presente, né?

— Então a culpa é minha?

— Metade é. – Fui sincero, não temendo mais nada. — Você não me deu atenção e eu fui atrás de quem me dava. Você errou como pai. Mas eu também errei em seguir a emoção ao invés da razão.

— Que bom que enxerga isso.

— Mas e você? Enxerga que é um péssimo pai?

Seu olhar entristeceu e eu senti meu peito doer, mas não iria dar o braço a torcer ainda.

— É difícil pra mim aceitar.

— Não passa pela sua cabeça melhorar?

— Todos os dias... – O alfa riu nasal e coçou a garganta. — Mas é difícil, acho que está no sangue...

— Como assim?

Appa suspirou pesado e caminhou até o sofá que tinha ali, dando batidinhas ao seu lado para que eu me sentasse ali.

— Acho que já está na hora de você saber um pouco sobre o meu passado...

Slow DownOnde histórias criam vida. Descubra agora