Haerin Park
Desde o dia que conheci meu irmão e meu pai, obviamente que minha vida não foi mais a mesma. Minha mãe foi presa, me mudei, ganhei dois pais e um irmão gêmeo. Eu nunca imaginei que isso aconteceria, até porque vivi minha vida ouvindo que meu pai não quis saber de mim e foi embora com outro homem, então tudo aquilo era novo. Confuso. Pelos dias que se passaram, eu fui me acostumando com a nova rotina. Jungwon era completamente diferente de mim em questão de personalidade, mas isso era o que fazia ele ser especial pra mim. Nossa conexão foi rápida, no primeiro dia já viramos ótimos amigos.
Minha relação com Jake também se tornou boa, ele me tratava como se realmente fosse filha dele e respeitou meu tempo para começar a chamá-lo de pai — o que não demorou muito. Já Sunghoon, eu não tinha uma certa aproximação dele, mas o via sim como um pai, porém era difícil chamá-lo assim. Ele era fechado, difícil de decifrar. Eu era exatamente sua versão feminina. Por sermos tão parecidos, éramos muito distantes.
Com o tempo passando rápido e mil coisas acontecendo, eu consegui encontrar refúgio nos braços de Hanni, minha amiga que conheci virtualmente e finalmente pude conhecê-la depois de um tempo. Eu gostava muito de ir a casa dela, ela era uma ótima amiga, mas eu não via ela desse jeito. E por mais que Jungwon me dissesse que sentia algo estranho nela, eu não dei ouvidos e me aprofundei naquele sentimento até que ouvir as mãos duras palavras vindo da garota que eu gostava tanto.
— Eu nunca iria namorar com você, garota. Você se iludiu porque quis. – As palavras saiam da forma mais simples possível. — Eu jamais seria esse tipo de aberração.
E eu corri. Corri dali para poder chorar feito um bebê no colo de Appa Jake e Jungwon. O caminho todo eu fui me perguntando se eu era mesmo uma aberração como Hanni falou, me martelando por sempre gostar das pessoas erradas e ficar sozinha no final.
Assim que cheguei em casa, fui consolada da melhor maneira possível, me fazendo lembrar das vezes que pedi o colo da minha mãe e ela negava, dizendo que eu já era uma mulher e aquilo era pra chamar atenção. Eles me acolheram como se eu realmente fosse um bebezinho que estava sofrendo com cólica; mas aquela dor era um pouco pior.
Mas é claro que tudo passou depois, mas o sentimento de aflição voltou quando Sunghoon contou o que descobriu sobre Jungwon, e naquele momento eu me senti péssima por ter colocado Hanni nas nossas vidas.
— Não grita assim com ele! – Appa Jake se levantou para afastar o alfa de Jungwon, que já se encontrava chorando aos prantos.
— Você vai defender ele agora? Vai deixar que ele vá embora e cuide dessa criança sozinha?? – Sua voz aumentava cada vez mais, assustando os dois ômegas.
— Eu não quero isso, nunca vou querer! Mas é a decisão dele e se ele achar melhor, eu não posso fazer nada para impedir!
— Ele não tem escolha de nada, Jake! Ele ainda é menor de idade e não pode sair de casa desse jeito! – Apontou para o ômega choroso no sofá. — Por acaso você não vê o tamanho dessa situação? Eu não vou deixar meu filho fazer uma coisa dessas!
— Quanto mais você prender ele desse jeito, mais ele vai tentar sair. Vai chegar um momento em que ele irá fugir! E pior, não vai querer que saibamos a sua localização.
— Eu não vou permitir uma coisa dessas! Ele tem que entender que nessa situação, não pode fazer uma coisa dessas!
— Não é nós que decidimos isso, Sunghoon!
— Não é você quem decide isso, e sim eu! Sou eu o pai biológico dele e só eu posso decidir o que é bom ou ruim pra ele!
— Como você é capaz de dizer uma coisa dessas pra mim? – O ômega empurrou o mais velho, pude perceber em sua voz que estava prestes a chorar. — Fui eu quem te ajudei a cuidar dele! Fui eu quem sempre esteve lá por ele quando adoecia, quando machucava o joelho ou quando caia um dente. E você? Você nunca esteve nesses momentos! Nunca esteve quando ele deu as primeiras palavras ou quando ele deu o primeiro passo. Você nunca esteve aqui quando ele tirou uma nota boa na matéria que ele era ruim na escola ou quando ficou em primeiro lugar no campeonato de Taekwondo! Você vivia dizendo que queria ter uma família comigo, mas quando aconteceu você não ligava pra gente!
— Jake-
— Eu não tiro a razão dele de querer ir embora, porque se eu tivesse um pai que nunca ligou pra mim, também ia querer sair de casa. E o pior de tudo é que eu sei que esse bebê vai ter o mesmo destino que o meu Jungwon.
Sunghoon apenas saiu da sala sem dizer nada, deixando nós três ali. Appa Jake veio em nossa direção e sentou ao meu lado, deitou a cabeça no meu ombro e começou a chorar também. Consolei os dois ômegas até que eles parassem de chorar, depois fiz um suco de maracujá para deixá-los mais calmos e logo em seguida os levei para a cama. Estavam cansados e precisavam de repouso; pelo menos três vezes ao dia eles deveriam tirar um cochilo.
— Vou sair, chego mais tarde. – O alfa avisou assim que eu apareci na sala outra vez.
— Cuidado. – Falei antes que ele saísse, vendo-o forçar um sorriso e fechar a porta.
Assim que ele saiu, eu respirei fundo e pensei no que poderia fazer agora, lembrando-me do ocorrido. Eu precisava falar com Hanni para saber o motivo dela ter dito aquilo para Sunghoon, e como ela descobriu aquilo também era um mistério.
Provavelmente Sunoo era o que sabia disso antes de todo mundo, mas ele não seria capaz de dizer isso a Hanni, sabendo que Jungwon não gosta dela. E também ele não diria a Niki, eles não estavam mais tão próximos assim...
Decidida a tirar isso a limpo, eu tomei um banho e troquei de roupa, peguei meu celular e as chaves da casa, trancando-a antes de sair e indo na direção da casa de Sunoo.
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Slow Down
FanfictionYang Jungwon, de dezessete anos, é um ômega mimado que vive debaixo das asas de seus pais. Além de mimado, o rapaz era muito teimoso e vivia fazendo coisas erradas pelas costas dos seus genitores, mantendo tudo em segredo. Mas toda essa sua marra é...