Capítulo 23.

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Jake Park






Depois de todos aqueles ocorridos envolvendo Jungwon, Sunghoon e Jay, tive que ficar mais presente em casa durante aquele tempo em que o ômega mais novo estava de férias, e ficar mais atento no comportamento do meu alfa. Tudo estava muito corrido, eu não sabia bem o que fazer diante daquela situação, mas tentava me manter calmo e pensar, no máximo, três vezes antes de falar ou agir. Mesmo com essas dificuldades, continuei indo as consultas com o doutor Lee, assim como agora, eu acabei de descer do Uber e entrava no consultório dele, mas junto comigo estava Jungwon.

- Bom dia, doutor Lee. - Me reverenciei em respeito ao alfa mais velho.

- Bom dia, Jake. - Ele sorriu docemente pra mim, mas logo percebeu outra presença. - Esse é o seu filho?

- Sim, esse é o meu Jungwon. - Apresentei o mais novo, este que apenas sorriu e sentou ao meu lado.

- Enfim, como está indo sua alimentação?

- Muito bem! Os medicamentos também estão sendo tomados de forma correta!

- Isso é ótimo! - Sorriu ainda mais, pegou alguns papéis na mesa e me entregou. - Esses são os exames do Jungwon, chegaram hoje cedo.

Uns dias atrás, Sunghoon obrigou Jungwon a fazer alguns exames para saber o que de fato causava aqueles enjôos, e agora poderíamos finalmente saber.

- Não é gravidez, se é o que vocês pensavam. - Respondeu enquanto dava uma giradinha na cadeira. - É apenas uma intoxicação alimentar, ela pode ser resolvida com uma lavagem. É algo rápido, só um pouco desconfortável porque é um cano entrando pela boca dele até o estômago. O cano suga tudo que ele já ingeriu, até mesmo o que fez mal.

- Que alívio... - Falei com a mão no peito. - E quando podemos fazer essa lavagem?

- Hoje mesmo, se preferirem.

Olhei para Jungwon e ele assentiu, então logo Heeseung o levou para fazer a lavagem e eu fiquei do lado de fora aguardando. Durou pouco tempo, e assim que acabou, o ômega mais novo seguiu até o refeitório do hospital para comer alguma coisa, já que seu estômago estava completamente vazio.

- O que fez mal a ele foi um espinafre, é bem provável que ele seja alérgico.

- Meu Deus... Como aquele médico disse que isso era normal??

- Tem "profissionais" que fazem seu trabalho mal feito mesmo. - Fez aspas com as mãos.

- Pessoas assim deveriam ser presas, isso sim! Meu filho poderia morrer de tanto vomitar e não saberíamos o motivo disso. - Falei completamente irritado.

- Mudando um pouco de assunto, como anda o seu marido? Ele está indo ao psicólogo?

- Sim, ele vai três dias na semana. Ainda está sendo difícil pra ele conseguir colocar tudo pra fora, talvez demore muito para ele confiar os segredos dele a um desconhecido. - Fiquei cabisbaixo ao lembrar de Sunghoon e como ele andava diferente esses dias.

- Você me disse que ele não tem contato com a família, certo? - Assenti. - Não seria melhor se ele tentasse voltar a ser próximo deles? É provável que a maior parte dos problemas dele sejam sequelas de uma situação mal resolvida.

- Sunghoon é cabeça dura, nunca iria aceitar isso. Nem mesmo com a própria irmã ele quer um vínculo.

- Então é fato que são traumas familiares.

- Ele não gosta de falar do passado dele, nunca gostou. - Me encostei na parede do consultório. - Eu só vi os pais dele uma vez e foi na nossa formatura do ensino médio, a irmã eu vi apenas duas vezes.

- O passado ainda assombra ele, porque foi uma situação que ele não teve controle e muito menos cogitou resolver, por isso ele está assim. - Vasculhou algumas pastas no armário, voltando o olhar pra mim em seguida. - Você deveria convencê-lo a reencontrar a família e resolver o que deve ser resolvido.

- Não sei...

- Vai ser o amor da vida dele que estará pedindo isso, o pai dos filhos dele, o companheiro pra vida toda, e... - Entregou um papel na minha mão, o olhei sem entender nada. -... O gravidinho dele.

Meu coração pareceu parar quando ouvi aquelas palavras, minhas pernas até chegaram a tremer e eu não conseguia dizer nada.

- Foi um tratamento simples, mas feito com responsabilidade e delicadeza, você já teve vários abortos espontâneos, por isso é uma gravidez de risco, mas se continuarmos cautelosos, esse bebê será o mais saudável possível. - Heeseung segurou em meus ombros e sorriu. - Parabéns, papai.

Eu não consegui conter minhas lágrimas e deixei que elas caíssem, abracei Heeseung e chorei feito uma criancinha quando cai de bicicleta. Finalmente meu sonho se realizou e eu poderia ser completo de verdade. Mesmo que fosse arriscado, iria tomar todo cuidado possível e teria pessoas que fariam o mesmo por mim.

Assim que separei do abraço do Lee, olhei para o papel nas minhas mãos e vi o "gravidez = positivo" e senti vontade de gritar pro mundo inteiro que eu estava grávido de verdade. Me despedi do alfa e procurei por Jungwon, encontrando ele no bebedouro do corredor e o puxando para um abraço.

- O que aconteceu?? - Perguntou preocupado, tocando meu rosto molhado pelas lágrimas.

- Deu certo, Wonie... Você vai ser irmão mais velho de novo. - Disse com os olhos cheios d'água.

- Appa... - Ele sorriu pra mim e me puxou para outro abraço. - Não acredito nisso...

- Nem eu...

Tentamos nos recompor das lágrimas de alegria e pedimos um Uber de volta pra casa. Assim que chegamos, não tinha ninguém lá, então pensamos em uma forma de surpreender Sunghoon assim que ele chegasse do trabalho. Fiz chamada de vídeo com Haerin dizendo que estava grávido, e não sei porquê, mas Jungwon não quis participar e ficou em seu quarto. A alfa também parecia esquisita depois que mencionei o ômega mais novo, mas não perguntei nada por pensar ser algo muito pessoal deles.

E enquanto eu estava animado vendo coisas de bebês na internet, escutei a campainha tocar e sai da cozinha para poder ir atender seja lá quem fosse. Olhei pelo olho mágico que havíamos colocado a pouco tempo e vi uma mulher com roupas chiques e óculos escuros esperando do lado de fora. Assim que abri a porta e pude ver melhor o rosto da mulher, fiquei boquiaberto.

- Oi cunhadinho!

- Shuhua!?

Slow DownOnde histórias criam vida. Descubra agora