Capítulo 33.

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Haerin Park




Cheguei a casa de Sunoo depois de uns dez minutos de caminhada, toquei a campainha e esperei uns cinco minutos até poder tocar outra vez, esperando mais um tempinho para tocar de novo, até que finalmente fui atendido pelo ômega.

— Haerin? O que faz aqui?

— Preciso falar com você. É urgente.

— Entra. – Me deu espaço para poder adentrar na casa. — Aconteceu alguma coisa? O Jungwon está bem?

— Você sabe que ele pensa em se mudar? – Fui direto ao ponto, não podia perder tempo.

— Ah... Ele te contou? Pensei que não iria falar nada.

— E não ia, mas o Sunghoon chegou em casa sabendo disso. – Cruzei os braços e olhei ao redor para ver se não tinha ninguém ali.

— O que? Como ele soube??

Ou ele sabia fingir burrice muito bem ou estava sendo sincero.

— Eu não sei, por isso vim aqui falar contigo. – Me aproximei dele. — Você contou pra alguém?

— Sendo sincero, eu contei sim. Mas foi pra minha mãe! Ela é terapeuta e eu queria que ela tentasse ajudar o Wonie porque ele está cada dia pior.

— E sua mãe contou pra alguém?

— Não, ela prometeu não contar...

— Certeza? No momento, só você e ela sabiam disso. Um de vocês contou ao Sunghoon.

— Olha, eu não contaria, por mais que eu ache errado o Jungwon sair de casa, apesar da relação que ele tem com o Sunghoon, ainda é pai dele. Mas ele é meu melhor amigo e pediu que eu não contasse a ele. Contei pra minha mãe porque ele gosta muito dela, e tem vezes que ela fala e ele atende, então pensei que seria uma boa ideia ela saber o que ele tá passando pra poder ajudá-lo. Mas minha mãe é uma profissional, ela não conta nada disso pra ninguém.

Pensei por um tempo se deveria ou não acreditar, mas Jungwon já havia me dito que a mãe de Sunoo realmente era terapeuta e uma mulher muito doce. Então aquilo certamente era verdade.

— Ok, eu acredito em você. Mas... Você só contou pra ela mesmo, né?

— Sim!

— Então como a Hanni soube? Porque foi ela quem contou pro Sunghoon.

— O que? Como assim?

— Pois é, cara. Ele disse que ela ligou pra ele e contou isso.

Sua feição mudou completamente, me deixando curiosa para saber o que ele escondia.

— Merda...

— O que foi?

— Nós estávamos na cozinha, e quando eu terminei de falar com a minha mãe sobre a situação do Wonie, o Niki apareceu de repente com a maior cara de sonso perguntando do que estávamos falando.

Só podia ser...

— Então ele escutou a conversa e contou a Hanni. – Bufei irritada, sentindo vontade de socar a cara daquele garoto. — Mas que... Argh!! Esse seu irmão é um desgraçado!

— Me desculpa, de verdade mesmo! Eu não sabia que isso poderia acontecer e agora eu tô me sentindo muito mal porque sei como o Sunghoon é e devo imaginar como o Wonie está e-

— Tudo bem, tudo bem! Você não tem culpa, só queria ajudar! A culpa é toda daquele alfa miserável.

— E o que você vai fazer agora?

— Não tem muito o que fazer, já estragaram tudo e não sei como posso ajudar. Eu não os conheço completamente, não sei o que pensam e nem o que sentem.

— Todos eles estão quebrados psicologicamente, o certo a se fazer é colocar todos em uma terapia. Você tem que se cuidar para não ficar desse jeito também.

— Eu já estou meio caminho andado para o fundo do poço em que eles estão, mas vou fazer de tudo para tirá-los de lá.

Depois de me despedir de Sunoo, resolvi ir comer alguma coisa na cafeteria que tinha aberto perto de casa. Assim que cheguei lá e passei pela porta de entrada, fazendo o barulho do sininho dourado ecoar por todo o estabelecimento, senti um ar gostoso de café e pai fresquinho.

Me direcionei até a fila que tinha para fazer os pedidos, esperando exatamente sete minutos para poder chegar a minha vez e ser atendida por uma funcionária tão linda que me fez perder os sentidos.

— Boa tarde, o que a moça vai querer para hoje?

Sua voz era tão doce e angelical quanto seu rosto, seu cabelo era em um tom castanho, volumoso e cacheado. Usava belas presilhas de estrelinha e portava um piercing no nariz. Olhei o seu crachá e pude saber seu nome; Danielle.

— Moça? Tudo bem?

— Ah, sim, claro! Eu vou querer um café com três cubos de açúcar, uma torta de mirtilo e... O que é isso? – Apontei para um dos doces na bancada.

— Isso é tapioca!

— O que é seria isso?

— É uma goma.

— De mascar?

— Meio que sim? – Ela deu uma risadinha fraca, e ouvi-la fez meu coração palpitar. — Dependendo do jeito que ela for feita, ela fica meio "gosmenta". Não sei explicar direito, mas é gostosa!

— Vou querer uma também.

— E qual recheio?

— Recheio?

— Sim! Pode ter recheio de manteiga, ovos, carne desfiada...

— Oh... Vou querer com recheio de ovos.

— Ok! Já levo seu pedido!

Sai da fila e procurei por uma mesa vazia, encontrando uma perto da janela e com uma boa vista da televisão que tinha ali e que passava uma novela que eu deduzi ser latina.

Não demorou muito para que meu pedido saísse e logo vi a mesma garota vindo na minha direção com uma bandeja em mãos. Parou a minha frente e começou a colocar as coisas na mesa.

— Cadê os ovos? – Perguntei ao ver a tal da tapioca enrolada.

— Está dentro dela. São ovos mexidos! Cozido não combina.

— E é bom?

— Pra mim é! Mas se você não gostar, posso trazer outra coisa. – Dizia com um sorriso no rosto.

Como alguém conseguia ser tão gentil assim?

— Vou ficar com ela mesmo, qualquer coisa eu posso te chamar? – Era pra ser uma afirmação, até porque era o dever dela me atender, mas me pareceu mais educado perguntar se eu poderia chamá-la caso algo desse errado.

— Claro! Não se sinta envergonhada de me chamar, estou aqui para atendê-la! – Disse e logo fez uma reverência antes de sair para atender outra mesa.

Estranhamente, aquela garota me deixava com vontade de comer mil tapiocas.

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