Capítulo 28.

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Acordei com o alarme tocando alto, abri meus olhos contragosto e me levantei ainda sonolento, indo de encontro ao banheiro do quarto. Liguei a torneira e coloquei minhas mãos por baixo dela, pegando uma quantidade boa de água e levar até meu rosto, lavando-o. Assim que usei a toalha para secar o meu rosto, me assustei com o que vi. Olhei bem para o meu reflexo no espelho e franzi a testa. Eu estava mais cheio ou era só impressão? Toquei meu rosto, sentindo minhas bochechas mais rechonchudas do que antes.

— Mas o que... – Levantei minha camisa e fiz uma careta ao ver meus peitos maiores e minha barriga estranhamente grande.

Senti uma pontada no pé da barriga outra vez, tocando onde doeu e fechando os olhos com força. Respirei fundo e arrumei minha postura novamente, voltando a encarar meu reflexo.

— O que tá acontecendo comigo?

Tentei deixar isso pra lá e fui tomar um banho, mas sempre sentindo numa dor muscular aqui e acolá. Após o banho, me sequei com cuidado por estar todo dolorido, principalmente nos meus peitos e quadris. Vesti uma roupa mais folgada e sequei meu cabelo com a mesma toalha, logo passei um pouco de perfume, mas não demorou muito para que eu sentisse ânsia de vômito ao sentir o cheiro adocicado.

— Que merda! – Fechei o perfume e o deixei no mesmo local que antes, tampando o nariz para tentar não sentir mais aquele cheiro irritante.

Sai do meu quarto e desci as escadas, caminhei até a cozinha e encontrei Appa Jake perto do fogão.

— Bom dia, Appa. – Me sentei em uma das cadeiras da mesa e peguei uma xícara para por meu café.

— Bom dia, querido. – O ômega mais velho se aproximou de mim e selou minha testa. — Tudo bem?

— Tudo, eu acho. E o senhor?

— Estou bem. – Sentou na minha frente. — Por que não tem certeza?

— Acordei sentindo umas dores esquisitas. – Cortei o sanduíche no meio e peguei um dos pedaços para comer.

— Eu também estou meio dolorido. Seu pai precisou ir comprar remédios para mim.

— E até agora não voltou?

— Ele saiu agora pouco. – Sorriu pequeno. — Minha barriga já está grandinha.

— Sério?? Que incrível, Appa! – Sorri alegremente para o mais velho, recebendo outro sorriso em troca.

— Eu estou muito ansioso... Quero saber logo o que é! Mas só saberemos com quatro meses. – Fez bico.

— Vai passar rápido! Falta apenas alguns dias para completar dois meses.

— Está passando muito rápido, tenho medo de perder muita coisa.

— Não pense muito nisso, Appa! Vai dar tudo certo.

Ficamos conversando mais alguns minutos até Appa Sunghoon chegar com os remédios para dor. Entregou tudo nas mãos do ômega e veio até mim para selar minha testa, mas sua expressão mudou completamente.

— Que cheiro é esse? – Perguntou me encarando seriamente.

— Deve ser meu perfume. – Falei sem entender o motivo daquela pergunta, mesmo não estando aguentando o cheiro.

— Não, é outro cheiro. – Se aproximou para poder inalar seja lá o que ele estivesse sentindo. — É um cheiro novo... Nunca senti antes.

— Bem, meu perfume é de flores.

— Estou sentindo um cheiro de algodão doce misturado com cacau.

Franzi a testa sem entender. Eu não tinha nenhum perfume com esse cheiro.

— Eu não estou sentindo. – Appa Jake disse e se aproximou para poder sentir. — Não, não sinto nada.

— Muito menos-

Minha fala foi quebrada pelo vômito que saiu de uma vez, sujando o chão e um pouco dos nossos pés. Minha barriga doeu e senti minha cabeça latejar enquanto tudo que comi de ontem para hoje estava saindo de monte.

Quando coloquei tudo pra fora, minha barriga ainda estava dolorida e a cabeça latejando.

— Não acredito que você está de novo com intoxicação! – Appa Sunghoon disse enquanto buscava um pano para limpar a sujeira do chão.

— Vamos logo ao hospital! – O ômega disse me ajudando a me limpar.

— Não! Eu não quero ir pra lugar nenhum...

— Você quer ficar vomitando toda hora igual antes? – O alfa pegou as chaves do carro e me pegou pela mão. — Vamos logo.

— Appa...

Eles não me deixaram falar mais nada, apenas me colocaram dentro do carro e me levaram até o hospital. O caminho foi silencioso e eu só sabia massagear minha barriga que estava doendo muito. Assim que chegamos, Appa Sunghoon saiu procurando um médico e achamos Heeseung, ele não demorou para me atender e nós já estávamos em sua sala.

Me deitei na maca para ele poder ver meu intestino e meus pais estavam atrás dele para ver o que tinha ali, mas nada apareceu. Até que outra pontada me acertou em cheio e eu toquei onde doeu, fazendo assim, Heeseung descer o aparelho até onde eu peguei e deslizá-lo por aquela área.

— Nossa... – Falou com cara de espanto, me deixando apreensivo.

— O que foi? O que tem aí? – Appa Sunghoon perguntou quase desesperado.

— Qual foi a sua última relação sexual? – O Lee perguntou me olhando sério.

Olhei para ele e para meus pais, não sabendo o que responder diante da situação.

— Ah... Foi... Um mês atrás. – Engoli o seco, recebendo um olhar nada bom de Appa Sunghoon.

— Então... Aqui. – Apontou para um ponto na tela, era uma manchinha pequena. — É um feto.

Foi como se eu tivesse sido atingido por um carro em alta velocidade. Meu coração disparou e todo o meu corpo ficou gelado. Appa Jake cobriu a boca com as mãos de olhos arregalados, Appa Sunghoon intercalava o olhar entre mim, o doutor Lee e a tela.

— Isso não é possível. – O alfa disse, mesmo vendo claramente a verdade.

— Sim, é possível. Seu filho terá um filho.

Eu sabia que levaria uma bronca assim que chegasse em casa apenas por ver a expressão do alfa.

— Quem é o pai? – Perguntou diretamente pra mim, me fazendo engolir o seco de novo.

Eu não sabia o que responder, até porque nem eu sabia direito quem era. Mas no fundo, eu tinha certeza de que era de Jay.

— É ele, não é? – Sua voz saiu trêmula. — Foi aquele desgraçado?

— Sunghoon... – Appa Jake tocou o braço do alfa, tentando acalmá-lo.

— Nós podemos fazer o teste, mas só com quatro meses. – Heeseung disse enquanto analisava a tela. — Ainda irá fazer um mês.

Meu coração estava tão acelerado que eu pensei que ele iria explodir. Eu não estava preparado para aquilo, principalmente caso Jay fosse o pai desse bebê.

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