Capítulo 30.

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Eu estava de frente para a casa de Sunoo, criando coragem para ir até a porta e tocar a campainha. Depois da conversa que tive com Haerin no dia anterior, resolvi ir tirar a limpo com Niki. Eu sabia que Sunoo não estava em casa, muito menos os pais deles; o alfa estava sozinho.

Assim que me aproximei da casa e toquei a campainha, decidido a descobrir o que de fato estava acontecendo, fui atendido rapidamente por Niki que se encontrava apenas com uma bermuda cinza. Estava sem camisa, mostrando bem o seu abdômen malhado e que me deixava sem jeito quando olhava, seu cabelo também estava molhado e eu pude sentir bem o cheiro forte dele. Café e madeira.

— O que faz aqui? Não deveria estar em casa? – Perguntou de uma vez, me fazendo revirar os olhos e adentrar a residência sem ao menos ter sido convidado. — Hyung?

— É verdade? Você e a Hanni estão ficando? – Fui direto ao ponto, não poderia enrolar.

— Quem te disse isso? – Arqueou a sobrancelha, mas logo seu semblante mudou. — Ah, que pergunta besta, óbvio que foi a Haerin.

— É verdade mesmo?

— Sim, é verdade.

— Por que, Niki? Por que ela?

— Ela é legal, bonita e me trata bem. – Ouvir aquilo me deu ânsia. — Não pensa em mim só como um brinquedo sexual.

— Fala sério!? Você nunca se importou com isso, agora vem fazer cena? – Franzi a testa completamente ofendido pelo que ele disse. — Eu não ligaria se você ficasse com ela, de qualquer forma! Mas eu ligo pelo motivo dela ser a garota que a Haerin gosta.

— E daí? Nem tudo é como a gente quer. Haerin tá sendo criança agindo desse jeito.

— Agora você se acha no direito de chamar ela de infantil?

— Eu não fiz nada de errado, afinal.

— Você tá ficando com a garota que sua amiga gosta! Isso é mais que errado. – Senti minha cabeça doer; não podia me estressar, fazia mal para a gestação mas era impossível. — Tudo bem a Hanni não gostar da Hae, mas vocês se tornaram amigos inseparáveis e de repente você se torna um canalha que talarica os outros. Você não é assim.

— Não vamos falar de canalhice, porque você ganha de todo mundo. – Disse com desdém, mas antes que eu pudesse retrucar, ele continuou. — Se você não fosse do jeito que é, não estaria assim.

Eu não esperava ouvir aquilo, principalmente de Niki, o alfa que eu mais confiei na minha vida toda e que sempre era muito atencioso comigo. Saber que aquelas palavras estavam saindo da boca do garoto que dizia me amar, doeu mais do que eu esperava. Meus olhos se encheram d'água e um nó se formou na minha garganta.

— E se me der licença, eu preciso me trocar para ir encontrar a Hanni. – Quando olhei em sua direção, ele estava parado ao lado da porta que já se encontrava aberta.

Juntando as forças, eu caminhei pra fora de sua casa e voltei pra minha com o coração apertado. Appa Jake tinha ido em uma consulta, Hae estava em uma excursão e Appa Sunghoon foi acompanhar o ômega mais velho. A única pessoa que se encontrava ali era tia Shuhua, que ao ver o meu estado não pensou duas vezes em me puxar para um abraço e me aguentar chorar por várias horas.

Quando finalmente coloquei tudo pra fora, resolvi tomar um banho para tirar o estresse do corpo enquanto a alfa preparava um chá. Liguei a água do chuveiro e a senti cair sobre meu corpo, sentindo um arrepio por ela estar gelada. Fiquei uns dez minutos lá dentro e voltei pro quarto em seguida, vesti um shorts folgado e uma camiseta vermelha, mas antes de colocar a parte de cima, me olhei no espelho.

Minhas bochechas continuavam cheinhas e meus músculos meio doloridos, mas nada muito exagerado. Minha barriga ainda não aparecia direito, mas ela estava diferente; eu percebia isso. Toquei nela com as duas mãos, acariciando aquela parte com um sorriso no rosto, mas uma preocupação enorme por dentro. As palavras de Niki ainda rodavam minha mente...

— Jungwon? – A voz de Sunoo me fez sair do transe em que me prendi. — Eu resolvi passar aqui, Niki me disse que você foi lá em casa. O que aconteceu?

— Você sabia sobre o Niki e a Hanni? – Perguntei sem cerimônias.

— Que? Que história é essa?

— Então ele não iria contar a ninguém... – Falei pra mim mesmo, me sentindo pior ainda.

— Do que você tá falando??

O fiz sentar ao meu lado na cama e expliquei tudo a ele. No final, o ômega xingou tanto seu irmão que avisou que iria bater nele quando o visse. Por mais que eu estivesse chateado, aquilo não se resolveria na agressão.

— Eu só queria tirar toda essa preocupação de dentro de mim, sabe? Parece que isso tá me impedindo de ver o lado bom dessa gravidez. – Desabafei pra ele, sentindo aos poucos um peso sair das costas. — Eu tenho medo do Jay não ser o pai, porque se ele não for, eu nunca mais vou poder vê-lo...

— Mas você mesmo disse que ele foi o único que você teve relações no último mês.

— É, eu disse! Mas nunca se sabe, né? – Suspirei. — Eu tô pensando muito esses dias... Isso tá me abalando muito.

— Wonie, é melhor você ser acompanhado por um psicólogo! Você pode acabar pegando uma depressão antes e pós-parto. Isso prejudica tanto você quanto o bebê.

— Eu não quero isso... Já é difícil desabafar com vocês, imagina com um estranho!

— É melhor do que desabafar com a gente! Esses "estranhos" tem muito estudo sobre isso, já a gente, não tem.

— Prefiro do jeito que está... – Continuei firme na minha decisão.

— Você está sendo irresponsável.

— Eu só tenho medo! É isso, medo... – Meus olhos lacrimejaram outra vez.

Que raiva, odeio essa alteração de humor!

— Eu não quero preocupar vocês. – Limpei a lágrima que acabou caindo. — Meus pais e a Haerin principalmente... Por isso eu decidi que vou embora daqui.

— Como é???

Slow DownOnde histórias criam vida. Descubra agora