— Aqui, Appa. – Entreguei o sorvete de baunilha nas mãos do ômega mais velho, vendo-o sorrir mínimo e segurar o doce.
Depois da briga que aconteceu em casa, Shuhua nos levou até um parque meio longe dali para respirarmos ar puro e Appa poder se acalmar. A alfa estava sentada do outro lado do ômega, apenas observando as pessoas que passavam por ali enquanto eu e Appa tomávamos nossos sorvetes favoritos.
— Acho melhor voltarmos pra casa... – O ômega disse encarando fixamente seu sorvete. — Sunghoon deve estar preocupado.
— Não acredito que o senhor ainda pensa nele depois do que ele disse. – Falei incrédulo.
— Você não entende, querido...
— É difícil entender.
— Eu entendo perfeitamente. – Shuhua disse voltando sua atenção para nós. — Sei que é difícil aceitar palavras ruins vindo da pessoa que você tanto ama.
— Onde tem amor não tem brigas. – Falei.
— Se não tem brigas, não tem amor. Onde já se viu alguém aceitar tudo que o parceiro diz e fala? Nunca vi. Se existe, essas pessoas não se amam verdadeiramente. Amar é sempre contar o que incomoda e mudar juntos. O Sunghoon não supera o passado, ele não diz o que incomoda, por isso ele não muda o jeito dele. Jake tenta ajudá-lo, mas não é suficiente. O gatilho de não poder gerar um filho afetou os dois de maneiras diferentes, só que Jake demonstrava demais e Sunghoon já guardava tudo pra si mesmo. Chega uma hora que a pessoa se cansa de guardar tudo e explode de uma vez. Eu conheço o irmão que tenho, e aquilo não foi nem dez por cento do que ele tem guardado.
Fiquei em silêncio sem saber o que dizer, sinceramente não esperava ouvir aquilo.
— Obviamente que não estou defendendo as atitudes dele, mas eu compreendo o motivo de tê-las. – A alfa suspirou pesado e colou as costas no banco. — Ter trago vocês aqui foi com a ideia dele se acalmar. E você também, Jake.
— Eu só fico calmo se estiver com ele, enquanto isso, não deixarei de pensar em como ele deve estar...
— Recomendo terapia individual e de casal, isso vai ajudar muito na relação de vocês.
Nós três ficamos mais um tempo ali até que Shuhua decidiu nos levar de volta pra casa. Mesmo com as intrigas, ela decidiu que ficaria conosco sem ligar para os pitacos de Appa Sunghoon, este que quando chegamos, estava sentado no sofá com o rosto e olhos inchados. Ele veio correndo até Appa Jake e o abraçou apertado.
— Me desculpa! Desculpa ter dito aquilo, eu não sabia... Eu fui um idiota por ter te tratado daquele jeito, me desculpa, pelo amor de Deus! Eu te amo tanto, Jakey, por favor...
— Tudo bem, tudo bem... Eu te desculpo, ok? Agora para de chorar. – Limpou o rosto do alfa, selando seus lábios em seguida. — Eu te amo.
— Que nojo. – Pensei alto, atraindo a atenção dos dois.
— Como se você não fizesse coisa pior, criança. – Shuhua disse com os braços cruzado.
— Eu não faço nada não! Sou um anjinho!
— Anjinho caído, só se for. – A voz de Haerin se fez presente no cômodo, me fazendo franzir as sobrancelhas. — Ótimo que se acertaram, não quero pais divorciados não!
— Bate na madeira, menina! – A outra alfa disse enquanto se aproximava dela. — E não é que você é literalmente o menino, só que de peruca.
— Acho melhor vocês dois conversarem. – A alfa disse apontando para Shuhua e Appa Sunghoon, este que não gostou muito da ideia, mas Appa Jake o obrigou a sentar a conversar com a irmã.
Logo, Appa Jake, eu e Haerin fomos para a cozinha para aprontar a mesa do almoço enquanto os dois conversavam. E enquanto Appa Jake estava preparando um suco, Hae e eu estávamos colocando os pratos e talheres na mesa.
— Ei. – Chamei a atenção da alfa.
— Que foi?
— Me desculpa. Sabe... Por ter dito aquelas coisas. – Cocei a minha garganta, tentando não manter contato visual. — Fui egoísta, eu sei. Minha cabeça tá uma bagunça, penso demais no que deveria esquecer e esqueço o que tem que ficar. Me desculpa, de verdade mesmo.
— Eu só desculpo se você me comprar calcinhas novas.
A encarei incrédulo, mas logo comecei a rir.
— Tudo bem, eu compro. De qual cor você prefere?
— Pretas!
— Fio dental ou de vovó? – Brinquei com a cara dela, recebendo um guardanapo na cara.
— Besta!
— Vocês já estão brigando de novo?? – Appa Jake apareceu na cozinha com um pano de prato no ombro e as duas mãos na cintura.
— Jamais! Só estamos discutindo sobre o modelo de calcinhas que a Hae quer que eu compre pra ela.
— Vai comprar, é? Aproveita e compra umas pra mim também, quero usar com o pai de vocês. – Sorriu travesso.
— Credo, Appa! – Haerin disse fazendo careta.
— Você é um homem gravidinho, não pode fazer essas coisas! – Falei imitando a careta que a alfa fez, tentando ao máximo não imaginar meu próprio pai usando calcinha pro meu outro pai.
— Sexo faz bem pro bebê, não sabiam??
— APPA! – Hae e eu gritamos ao mesmo tempo, completamente traumatizados com aquelas palavras e saindo juntos da cozinha no mesmo instante.
Chegamos na sala de estar e encontramos Shuhua e Appa Sunghoon se abraçando, paramos para ficar olhando e logo o alfa se separou rápido da irmã.
— Chegaram a muito tempo?? – Perguntou como se estivesse visto um fantasma.
— Agorinha mesmo. – Respondi com a sobrancelha arqueada.
— O almoço já está pronto? – Assentimos. — Ótimo, melhor ir comermos!
Voltamos para a sala de jantar e sentamos nos nossos lugares. Cada um se serviu e começou a comer, logo um assunto se expandiu e conversávamos pacificamente como se nada de ruim tivesse acontecido mais cedo. Era bom aquela sensação de paz, principalmente com família. É difícil encontrar famílias que realmente são felizes nos dias de hoje, então eu agradeço pela minha ser, independente de todas as desavenças que temos.
— Então, crianças, ainda são virgens? – Shuhua perguntou de forma simples.
Haerin engasgou com o suco que tomava, eu arregalei os olhos, Appa Jake a olhou sem reação e Appa Sunghoon entortou o garfo que usava para cortar o bife.
Eu sou do jeito que sou, mas nunca cheguei nos meus pais e falei que perdi minha virgindade com quinze anos. Na verdade, Appa Jake descobriu quando um dia cheguei da casa de Sunoo e eu estava com o cheiro de Niki, o querido irmãozinho do meu melhor que eu tinha uma queda imensa e que tinha apenas catorze anos na época.
— Que pergunta é essa que você faz para os meus filhos?? – O alfa perguntou seriamente enquanto Appa Jake saia para buscar outro garfo.
— Eles já são bem grandinhos, eu quero saber se são ou não para poder aconselhá-los independente da resposta.
— Quem quer sobremesa? Eu vou buscar! – Me levantei da mesa e peguei meu prato para levar a pia.
— Eu te ajudo! – Haerin veio atrás de mim, e só pudemos ouvir a voz do nosso pai vindo da sala de jantar.
— Nós iremos terminar essa conversa, mocinhos!!
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Slow Down
FanfictionYang Jungwon, de dezessete anos, é um ômega mimado que vive debaixo das asas de seus pais. Além de mimado, o rapaz era muito teimoso e vivia fazendo coisas erradas pelas costas dos seus genitores, mantendo tudo em segredo. Mas toda essa sua marra é...