Capítulo 08.

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Lá estava eu, em frente a casa de MinHae que, não sei como, mas acabei me recordando de onde ficava. Não sei em que momento consegui chegar lá, já que o desespero tomou conta de mim e eu não conseguia fazer nada além de chorar encostado em uma árvore perto do rio Han. Eu queria saber o lado dela da história, mas não sabia ao certo como me preparar para ouvir suas palavras — se é que ela fosse me falar. Criando forças, toquei a campainha uma vez e aguardei com o coração na mão, e não demorou muito para ver a maçaneta girar e a porta ser aberta, revelando a mulher ali na minha frente. A mulher que me deu a luz. Minha mãe.

— O que foi? – Perguntou com a sobrancelha arqueada, tão confusa quanto eu.

Não soube o que dizer na hora, então respirei fundo e abaixei a cabeça para pensar o que poderia falar.

— Quanto eles te pagaram? – Levantei o rosto novamente. — Meus pais... Quanto dinheiro eles te deram pra você me ter?

Sua reação não foi de surpresa, ela apenas me encarou com a testa franzida.

— Ter feito sexo com seu pai já foi um bom pagamento. Mas Jay me deu uma boa quantia para que eu fosse embora depois do parto. – Disse. — Era só isso que queria saber?

— Não, eu quero saber de tudo.

MinHae me encarou como se pensasse no que dizer, mesmo que soubesse que teria que me dizer toda a verdade. Eu não iria embora enquanto não soubesse o lado dela.

— Eu me apaixonei pelo Sunghoon no mesmo dia em que Jay nos apresentou, mas depois que descobri que ele era gay, minhas esperanças sumiram. Mas depois eu fiquei feliz, porque ele veio me pedir que ficasse grávida dele, só que eu queria que fosse do jeito tradicional, então só concordei caso ele fizesse sexo comigo. E ele fez. Depois disso, ele me pediu que sumisse da vida dele e nunca mais aparecesse e, por mais que aquilo me doesse, eu aceitei. Eu pensei que só teria que carregar um filho pra ele, mas acabei me apegando ao bebê... Na verdade, aos bebês. Quando fomos na ultrassom para ver o gênero, eles ficaram tão felizes que seriam gêmeos, mesmo que quisessem apenas um menino. Enquanto eles comemoravam, eu chorava por querer ficar com os dois, sabendo que não era esse o trato. Então, eu fiz o que achei melhor. No dia do parto, eu estava na casa da minha mãe quando senti as primeiras contrações, fui correndo para o hospital e tive os meus filhos, mas assim que olhei pra você... Não aguentei e me acabei em choro.

Uma lágrima escorreu por sua bochecha e sem saber o que falar, desci meu olhar para o ombro exposto dela, vendo um nome tatuado ali. Mas minha atenção foi tomada de volta quando ela começou a falar novamente.

— Antes que Sunghoon e Jake chegassem para vê-los, ofereci metade do dinheiro que receberia de Jay para os médicos e enfermeiros caso eles contassem ao seus pais que a menina havia morrido, que você tinha sido o único a sobreviver, e eles aceitaram. – Mais uma lágrima, dessa vez ela a limpou. — Você era o que eu mais queria, mesmo que fossem gêmeos idênticos, você era o que mais tinha traços do Sunghoon... E eu queria ele, mas não podia tê-lo pra mim, então eu queria ter uma mini cópia dele. Mas eu não poderia fazer isso com ele, eu o amava ao ponto de fazer qualquer coisa para vê-lo feliz. E se isso significasse que eu teria que abrir mão de você, eu faria isso, por ele. E assim que recebi meu dinheiro, não perdi tempo em ir embora para outro país com minha filha, deixando aquele ômega cuidar do bebê que deveria ser meu e do meu alfa.

Ela dizia tudo aquilo olhando nos meus olhos, estes que estavam marejados e prestes a derramarem lágrimas. Mas eu seria forte.

— Eu passei dezessete anos da minha vida pensando em como você poderia estar, se estava bem, mas não podia perguntar nada para Sunghoon, e não iria até Jay para saber. – Limpou o rosto molhado pelas lágrimas e desviou o olhar do meu. — Eu voltei porque não aguentei de tanta ansiedade, fui atrás de Jay que descobri também ter voltado e pedi que ele me levasse para o tal jantar de boas-vindas dele, porque só assim eu poderia te ver... E quando bati meus olhos em você, senti tanta vontade de abraçá-lo e dizer que a mamãe te amava tanto.

Eu estava devastado com aquilo, nem soube o que dizer, apenas me ajoelhei no chão e comecei a chorar. Não dava pra acreditar em uma coisa daquelas, era impossível acreditar. Eu vivi uma mentira. Fui enganado. O pior também era saber que Jay mentiu ao dizer que não sabia que o melhor amigo dele era pai, fingindo tão bem quanto eles que me criaram por dezessete anos. O que mais sofreu nesse tempo havia sido Appa Jake, que teve coragem de criar o filho do homem que amava com uma mulher que o desejou tanto.

Meu peito ardia e eu não conseguia respirar, minha visão estava embaçada por conta das lágrimas e sentia uma pressão forte na cabeça, como se ela fosse explodir a qualquer momento. Apenas me acalmei mais quando senti os braços de MinHae me apertando em um abraço. Um abraço que eu nunca senti antes, mas que fez meu coração desacelerar e as lágrimas cessarem aos poucos. Era quente e confortável, fazendo com que eu me sentisse pequeno comparado a ela. Talvez aquela fosse a sensação de um bebê no útero.

— Omma? – Uma voz feminina nos fez acabar com o abraço, e no mesmo momento, MinHae se levantou para encarar a garota parada na porta.

Assim que meus olhos bateram nela, foi como se uma carga elétrica fizesse despertar algo em mim. Seu rosto tinha um formato meio redondo, a pele era pouco bronzeada, as bochechas gorduchinhas e meio rosadas, os lábios pareciam um coração, o nariz empinado, os olhos puxados como os de um gato e a franja que cobria um pouco eles.

— Jungwon... – MinHae chamou minha atenção, ajudando-me a levantar e ficar de frente para a garota. — Essa é a sua irmã..

— Haerin..

Slow DownOnde histórias criam vida. Descubra agora