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"Um anti-herói
na mira de um arqueiro."
- Jão

(Pedro Tófani)

30 de junho de 2024
Paris, França

Eu tento acalmar minha respiração e regular meus batimentos para não interferir na minha mira, mas o ódio tomava conta de mim.

Respiro fundo, posiciono a flecha, alinho o arco e foco minha atenção no alvo a metros de mim. Puxo a corda que liga as extremidades do arco juntamente à flecha e flexiono o braço para o tiro.

Respiro fundo. De novo, e de novo, e mais uma vez. O tempo corre mas meus batimentos não desaceleram.

Pisco lentamente e organizo a bagunça que estão meus pensamentos. Libero a tensão de meus ombros e sigo minha intuição.

Me viro para os juízes posicionados fora da área da competição com uma decisão tomada. Ajeito a flecha, focando na mira para então soltar a corda e deixar a flecha seguir sua direção até um dos juízes, se é que ele pode ser chamado disso.

A flecha atinge o boné que esconde seus cachos, atravessando o tecido e consequentemente perdendo a força, caindo ao chão juntamente com o acessório.

Seus olhos me encaram mas ele não parece surpreso, permanecendo calmo com os braços cruzados em seriedade.

Sua calma alimenta meu ódio.

Me reverencio para os juízes, curvando meu tronco sem tirar meus olhos dos injustos que ali se situavam.

A arena se encontrava em completo silêncio, impactados com a mudança de cenário repentina, mas eu não me importava.

Me retiro da quadra, sendo seguido pelo meu técnico confuso ditando perguntas atrás de mim.

Eu não escuto nada, completamente cego pelo ódio, consumido por rancor e pela necessidade de justiça. Meus ouvidos zumbem o silêncio da torcida na arena e meus batimentos ficam cada vez mais acelerados pela adrenalina que corria em meu sangue.

Que os jogos comecem.

Sejam bem-vindos à Na Mira!
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