“E agora eu guardo, lindo, as memórias de nós dois”
— Jão(João Villar)
16 de fevereiro de 2014
Ilhabela, Brasil– Eu não consigo! — resmungo chateado quando erro mais uma flecha.
Pedro suspira calmo e se aproxima de mim. Ele toca meu braço esquerdo, unindo nossas mãos no arco de madeira. Sua outra mão acompanha a minha livre, levando-a até a corda, ajeitando a flecha.
– Respira. — ele sussurra próximo demais a mim. Engulo em seco pela aproximação e franzo o cenho confuso pela aceleração repentina dos meus batimentos.
Pedro solta sua mão da minha que suspendia a corda, levando-a até meu peito.
– Seus batimentos estão acelerados demais para um arqueiro, João Vitor. — ele diz risonho, sentindo meu coração batendo forte contra sua mão.
Involuntariamente, encosto minha cabeça contra seu peito atrás de mim. Respiro fundo tentando entender o que estou sentindo, fechando os olhos levemente e acalmando minha confusão.
A mão direita de Pedro volta a acompanhar a minha e a essa altura seu toque é mais por puro conforto do que por qualquer outra coisa.
– Dê o seu melhor, chatinho. — sua voz me desperta e abro os olhos assustado, meus batimentos mais acelerados do que nunca.
Ficamos um tempo assim, em silêncio, sinto seus batimentos calmos contra minhas costas, enquanto ele sente os meus acelerados em seu peito.
Em determinado momento minhas mãos soltaram a corda, a flecha traçou seu caminho e acertou o alvo.
Arregalei os olhos, admirado, e virei para Pedro, que já me encarava com um sorriso enorme.
– Eu consegui. — disse animado, largando os equipamentos e pulando em seus braços, abraçando seu pescoço. – Eu acertei!
– Você conseguiu. — ele diz maravilhado contra meu pescoço.
– Vamos de novo. — me livrei de seus braços, sem graça quando meus batimentos voltaram a acelerar demais.
– Não vai ver onde acertou? — Pedro perguntou confuso, analisando meus movimentos desorientados ao pegar o arco novamente.
– Ah é. — respondi nervoso, soltando os equipamentos novamente e correndo até o alvo, sentindo o olhar de Pedro queimando minhas costas.
– Você está estranho. — ele diz de repente, quando se aproxima de mim.
– Acho que foi um oito. — digo analisando a posição da flecha, ignorando sua constatação. Escuto seu suspiro chateado pela minha ignorância e observo ele puxar a flecha do alvo.
– Hum. — resmunga pensativo, analisando o furo feito no material. – Acho que dá pra dizer que é um nove. — diz me oferecendo um sorriso orgulhoso.
Volto a analisar o alvo confuso, o furo certamente no meio do setor oito vermelho.
– Mas... — encaro o alvo confuso mas não tenho tempo para analisar demais.
– Vem. — Pedro puxa minha mão e me leva de volta para a posição de tiro. – As flechas nos esperam.

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Na Mira | Pejão
FanfictionPedro Tófani é um renomado atleta de tiro com arco que conquistou o coração do público nas Olimpíadas e Copas do Mundo da modalidade. No entanto, seu passado com o técnico e juiz, também favorito dos torcedores, pode se tornar um obstáculo na sua bu...