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“Agora eu não quero mais manter a minha paz
Eu gosto do caos que você me traz.”
— Jão.

(João Vitor)

França, Paris
9 de julho de 2024

Pedro havia passado para a semifinal.

Não havia nenhuma surpresa, na verdade.

Ele não era o arqueiro favorito das olimpíadas atoa.

Gostaria de ser orgulhoso ao ponto de dizer que não estava feliz por ele, mas eu estaria mentindo.

O arqueiro havia marcado uma pequena confraternização em um desses restaurantes renomados de Paris, o qual ele gentilmente convidou a mim e Zebu.

Eu recusei o convite, sabendo muito bem que ele havia me chamado unicamente para manter o discurso de que somos amigos.

Mas Zebu aceitou e agora estava se arrumando no nosso quarto para a tal confraternização.

– Abacate é doce ou salgado? — pergunto deitado na cama, com braços encolhidos embaixo do travesseiro.

– Que? — o homem pergunta risonho, se virando para mim para me mostrar sua expressão confusa.

– Abacate é doce ou salgado? — repito a pergunta, ganhando uma gargalhada alta do meu colega, que se vira novamente para o espelho para ajeitar seu cabelo.

– Você é maluco. — ele responde.

– Me responde. — faço birra, saindo das cobertas para bater meus braços contra a cama.

– Eu acho que é doce, João, que tipo de pergunta é essa?

Bufo frustrado.

– Como é doce? As tostas de abacate são o que, então?

– Agridoce. — responde dando de ombros.

– Abacate é salgado. — insisto emburrado.

– Você toma vitamina de tomate?

– Que nojo, claro que não.

– Pois é, mas toma vitamina de abacate. — rebate provando seu ponto.

Fico em silêncio por alguns segundos, analisando a situação e percebendo que ele realmente tinha um ponto.

– São coisas diferentes. — tento insistir, mas tudo que Zebu faz é revirar os olhos.

– Não desconte suas frustrações em mim. Eu não sou o Pedro. — diz pegando seu celular e carteira na bancada.

– Não estou frustrado.

– Aham, eu imagino. Você deve estar realmente muito feliz em não ir para uma confraternização por orgulho seu. — o homem diz.

– Primeiro que eu não estou deixando de ir por orgulho, mas sim por saber que fui convidado por conveniência. — digo me sentando na cama e cruzando os braços. – Segundo que essa confraternização nem tem sentido, ele não ganhou nada ainda. — resmungo.

Na Mira | PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora