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"Me entrego demais,
você arrisca não querer."
- Jão.

Ilhabela, Brasil
7 de junho de 2015

– Esse é muito pesado. — João reclama quando tenta pegar o arco recurvo maior.

– Você já tem 15 anos, já consegue pegar esse. — Pedro brinca, pegando o arco para entregar ao amigo.

– Me ajuda. — o cacheado reclama, resmungando pelo peso do armamento.

A verdade é que o cacheado definitivamente não precisava de ajuda, mas existia alguma conexão com Pedro que o fazia querer sentir seu toque a todo momento.

– Você reclama demais. — Pedro diz, se aproximando de João e o ajudando a segurar o arco. – Se acha que não aguenta o peso do recurvo, precisamos voltar pro tradicional. — o garoto avisa baixinho, próximos demais para aumentar o tom de voz.

– Eu aguento. — João responde, dando um mínimo passo para trás para encostar suas costas contra o peitoral de seu amigo. – Só preciso... que você fique aqui. — o garoto diz e sente o corpo de Pedro tremendo levemente em uma risada fraca.

– Eu sempre estou aqui. — Pedro responde, sentindo seu peito batendo mais forte pelo cheiro inebriante da parte exposta do pescoço do cacheado. É inevitável que ele não explore a área livre com seu rosto, tocando a pele do rapaz cacheado levemente com a pontinha de seu nariz, inspiração fundo com a sensação.

– Então... — João diz de repente, sentindo o braço doer pela suspensão no ar. Pedro abre os olhos assustado, se deparando com a pele do pescoço do rapaz arrepiada. – Hum... a-atirar. — o cacheado começa nervoso. – Vamos atirar. — consegue por fim dizer.

Às vezes esses momentos aconteciam. Os garotos se perdiam nos toques um do outro, confusos pela sensação inebriante dos corpos juntos, pelos corações batendo juntos e mais fortes, o nervosismo e a reações quando tão próximos um do outro.

– Vamos. — Pedro desperta, levando sua mão direita para a de João que segurava a corda do arco.

Nunca haviam conversado sobre isso. Simplesmente rolava até que um dos dois estourasse a bolha.

João era imaturo demais para compreender o que sentia, acreditava que era comum sentir tamanho carinho pelo garoto, afinal, cresceram juntos... isso é o que amigos fazem, não é?

Já Pedro não aceitava que seu coração batesse mais forte por seu amigo. Ele imaginava a confusão que geraria, como poderia confudir João e que possivelmente estragaria a amizade que eles tinham.

– Respira. — Pedro orienta. – O seu melhor, hum?

O meu melhor.

Enquanto a respiração de João se acalmava, Pedro soltava o arco, caminhando as mãos lentamente pelos braços de João até que soltasse completamente o arco, confiando na força garoto.

Meio inconsequentemente, Pedro apoiou as mãos na cintura de João.

A flecha repentinamente disparou.

– Que droga. — João resmungou sem graça, abaixando o arco e observando a flecha fincada na terra um pouco à frente do alvo.

– O que houve? — Pedro perguntou confuso pelo lançamento mal planejado.

– Soltei a corda antes da hora. — João respondeu, se virando de frente para o garoto, o obrigando a soltar sua cintura. – Me desconcentrei. — admitiu tímido.

Pedro só assentiu compreensível, cruzando as mãos atrás de seu corpo.

– Vamos de novo. — Pedro incentivou.

João suspirou agoniado.

A tarde seria longa.

Atualização dupla porque eu gostei muito desse capítulo, tava ansiosa por ele!

Na Mira | PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora