Capítulo Vinte e Sete - Olhares que Falam.

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ACONTECEU, BRASIL!!! FINALMENTE KKKK

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Lalisa sentia que, aos poucos, as coisas haviam mudado e continuavam a mudar. Era como uma música: nunca se esquece, mas sempre traz uma sensação diferente.

Ela refletia sobre o passado e chegou à conclusão de que talvez Roseanne pensasse na mesma coisa que ela pensava todos os dias: o passado, aquele dia.

A verdade é que Lisa repensou muito; Park Chae-young era o nome que povoava sua mente. Aquela garota de cabelos negros tão escuros quanto a noite e olhos brilhantes como as estrelas era nada mais, nada menos que a própria Roseanne Park, agora loira, mas ainda assim esplêndida. Mas ela jamais admitiria isso, não poderia, ou então as coisas tomariam outro rumo.

Ela teria que deixar aquele passado adolescente e romântico para trás; agora era adulta, talvez não fosse para ser. Embora o lado sentimentalista de sua mente insistisse: "Diga a ela, fale! Não fique parada!", o lado da razão, alertando-a como sempre, dizia: "Não fale, talvez tudo se torne pior!" Era uma dualidade confusa; embora se julgasse conhecer a si mesma, só tinha conhecimento da superfície, da pequena parte elaborada que mostrava para os outros. Sempre hesitou em explorar os abismos de suas emoções.

A dor no ombro era insuportável na maioria das vezes, mas ao lembrar que fizera aquilo por Park, sem dúvidas era... justificável; sim, havia algo mais profundo do que a simples camada de superficialidade que Lalisa apresentava. A postura severa, rude e arrogante era uma fachada, uma fachada elaborada. Ela não sabia se comunicar com as pessoas; talvez fosse um pouco antissocial. Apesar de, na frente de todo mundo, parecer a rainha dos negócios, a verdade era que ainda havia, dentro de sua alma, na região mais íntima e profunda, uma garotinha que não sabia se expressar, que soava grosseira e que buscava, mesmo que não aparente, agradar a todos à sua volta. Era a única maneira que encontrava em sua mente de ser o epítome de perfeição e deixar de ser somente mais uma pessoa insignificante, assim como alguns diziam a seu respeito. Mas, claro, havia tantas outras maneiras que não conseguia enxergar, ou que tinha medo, vergonha e orgulho excessivo para sequer pensar em explorar. Ela sabia que escolhera o caminho errado e que, na verdade, estava sendo o epítome de seu próprio sofrimento, um sofrimento singular, como o de qualquer um.

Ela tinha medo de mostrar quem realmente era.

Ela tinha medo de ser quem era.

Ela tinha receio de mostrar-se verdadeiramente para Roseanne.

Havia espaços entre elas, uma distância que fazia com que estivessem ao mesmo tempo perto e longe, mesmo sabendo onde estavam. Estavam tão longe, mas ao mesmo tempo tão próximas, vivendo uma distância e uma proximidade sem igual. A cada momento, Lalisa se sentia mais exposta, como se a porta de sua alma, antes trancada, estivesse sendo aberta a cada passo que Roseanne se aproximava.

A vontade de recomeçar a dominava; no entanto, sentia-se insegura a respeito disso. O futuro que havia planejado parecia se desmoronar aos poucos, trazendo incertezas sobre o que aconteceria adiante.

Era uma situação complicada, delicada e sensível. Talvez fossem essas duas características que tornassem a situação assim; quem sabe a complexidade viesse naturalmente do ser humano e não das experiências que vivemos. Ou, então, bastaria fechar os olhos até que o mundo recobrasse suas cores, aguardando que do silêncio emergisse um fragmento de som.

Com o passar dos poucos dias, aquela dinâmica se mantinha. Elas não falavam muito, nem escreviam frequentemente uma para a outra, mas também não estavam isoladas em ilhas diferentes. A não ser que se pudesse considerar o abismo de suas próprias contradições como uma ilha, que as mantinha cercadas por um mar que, em um momento, era tranquilo e azul como um céu límpido, e, em outro, se tornava um tormento com ondas imensas.

Senhorita Manobal | ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora