Capítulo Vinte e Nove - Como uma barcaça no mar.

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— Hoje, vamos explorar as teorias da personalidade, começando pela psicanálise de Freud. Alguém pode compartilhar sua visão sobre o que significa o inconsciente? — questionou a professora, olhando para os alunos.

— O inconsciente é tudo aquilo que não conseguimos perceber diretamente, certo? É onde guardamos nossos anseios e memórias que preferimos evitar — respondeu uma aluna, se esforçando para contribuir na aula de Psicologia.

— Exato! — disse a professora, com um sorriso encorajador —, o inconsciente é uma peça-chave na teoria de Freud. Ele acreditava que muitos de nossos comportamentos e motivações derivam de desejos que não estamos plenamente cientes. Agora, como isso se conecta com os sonhos? Alguém pode explicar? — ela indagou, enquanto anotava alguns pontos no quadro.

Hyun-joo, uma das alunas mais perspicazes da turma, levantou a mão e disse:

— Eu li uma vez que os sonhos podem refletir nossos desejos e emoções mais escondidas.

— Muito bem, Hyun-joo! Os sonhos podem ser vistos como representações simbólicas de nossas aspirações mais profundas. Agora, vamos refletir sobre as consequências disso. Como essa ideia de inconsciente pode impactar o nosso comportamento cotidiano? Alguém tem uma opinião? Roseanne?

— Eu... — Rosé hesitou, com a cabeça um pouco baixa enquanto apoiava os braços na mesa —, penso que o inconsciente pode nos levar a agir de maneiras que nem sempre compreendemos — ela respondeu, em um tom suave e reflexivo.

— Há algum exemplo que você vive ou viveu na vida pessoal ou acadêmica, Rosé? — a professora perguntou, agora interessada para saber mais da visão de Roseanne.

— Bem, eu... — Rosé hesitou —, eu... acabei... fugindo de algumas situações por impulso... — Rosé disse vagamente, secretamente lembrando-se de situações com Lalisa, sua chefe.

— Isso é interessante, Rosé — comentou a professora, encorajando-a a desenvolver mais a ideia. — Fugir de situações pode ser uma reação instintiva a algo escondido em nosso inconsciente. Você consegue identificar o que a levou a agir dessa forma?

Rosé pensou por um momento, sua mente flutuando entre os eventos recentes e as emoções que sentira.

— Às vezes, sinto que certas situações me deixam ansiosa, principalmente aquelas que envolvem críticas ou enfrentamentos — começou a explicar, sua voz ganhando um pouco mais de confiança. — Eu percebi que isso pode estar relacionado com experiências passadas. Quando eu era mais nova, tinha medo de não corresponder às expectativas, e essa sensação ainda aparece de vez em quando.

— Ótimo ponto, Rosé! — exclamou a professora, anotando rapidamente o que sua aluna havia compartilhado. — Isso ilustra bem como nossos medos e experiências anteriores podem influenciar nossas decisões e reações no presente, muitas vezes sem que percebamos. O inconsciente, portanto, não é apenas algo que guardamos; ele também tem um papel ativo em moldar nosso comportamento. Hyun-joo, você gostaria de complementar?

— Sim! Eu acho que isso se encaixa no que Freud chamava de "mecanismos de defesa". — Hyun-joo articulou rapidamente. — Muitas vezes, quando estamos em uma situação desconfortável, nosso inconsciente pode usar esses mecanismos para proteger nosso ego, como a negação ou a repressão.

— Exatamente! — disse a professora, piscando para Hyun-joo. — Esses mecanismos podem nos ajudar a lidar com a ansiedade, mas também podem limitar nosso crescimento pessoal.

A aula prosseguiu por algum tempo, enquanto Roseanne se perdia em seus pensamentos de vez em quando. Quando finalmente a aula terminou e ela começou a sair da sala, sentiu alguém segurando seu braço, bloqueando sua saída. O toque era firme, mas ao mesmo tempo gentil.

Senhorita Manobal | ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora