fantasmas.

24 5 0
                                    

Capítulo 13.




★ fantasmas.






Outubro chegou, espalhando, pelos jardins, uma friagem úmida que entrava pelo castelo. Madame Pomfrey, a enfermeira, esteve muito ocupada com uma repentina onda de gripe entre professores, funcionários e alunos. Sua poção reanimadora fazia efeito instantâneo, embora deixasse quem a bebia fumegando pelas orelhas durante muitas horas. Ginevra Weasley, que andava pálida, foi intimada por Percy a tomar a poção. A fumaça saindo por baixo dos seus cabelos muito vivos dava a impressão de que a cabeça inteira estava em chamas.
Gotas de chuva do tamanho de balas de revólver fustigavam as janelas do castelo durante dias seguidos; as águas do lago subiram, os canteiros de flores viraram um rio lamacento, e as abóboras de Hagrid ficaram do tamanho de um barraco. O entusiasmo de Olívio Wood pelas sessões de treinamento regulares, no entanto, não esfriou, razão do porquê eu podia ser encontrado, no fim de uma tarde de sábado tempestuosa, nas vésperas do Dia das Bruxas, voltando à Torre da Grifinória, encharcado até os ossos e coberto de lama.
Mesmo tirando a chuva e o vento, não foi um treino alegre. Fred e Jorge, que andaram espionando o time da Sonserina, haviam visto com os próprios olhos a velocidade das novas Nimbus 2001. Eles comentaram que o time da Sonserina parecia sete borrõezinhos cortando o céu com a velocidade de mísseis.

Enquanto eu vinha andando pelos corredores, encontrei Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma da Torre da Grifinória, olhando desanimado pela janela, murmurando para si “… não satisfaz os requisitos… pouco mais de um centímetro, se tanto…”.
— Oi, Nick — cumprimentei.
— Olá! — Assustou-se, ele olhando para os lados. Usava um elegante chapéu emplumado sobre a longa cabeleira crespa e uma túnica com rufos, que escondia o fato do seu pescoço estar quase completamente separado da cabeça. Nick era transparente como fumaça, e eu via através dele o céu escuro e a chuva torrencial lá fora.
“Você parece estressado, jovem Potter”, disse Nick, dobrando, ao falar, uma carta transparente e guardando-a no interior do gibão.
— Estou bem, e você? Parece preocupado — falei.
— Ah — Nick Quase Sem Cabeça fez um aceno com a mão elegante —, uma questão de menor importância… Não é que eu queira realmente entrar… Achei que devia me candidatar, mas pelo visto “não satisfaço às exigências”…
Apesar do seu tom leve, tinha no rosto uma expressão de muita amargura.
— Mas a pessoa pensaria, não é — disse ele de repente, tirando mais uma vez a carta do bolso —, que ter levado quarenta e cinco golpes de machado cego no pescoço qualificaria alguém a entrar para a Caça Sem Cabeça?
— Ah, sim — respondi.
— Quero dizer, ninguém gostaria mais do que eu que o corte tivesse sido rápido e limpo, e que minha cabeça tivesse realmente caído, quero dizer, teria me poupado muita dor e ridículo. No entanto… — Nick Quase Sem Cabeça abriu a carta com uma sacudidela e leu furioso:
“Só podemos aceitar caçadores cujas cabeças tenham se separado dos corpos. O senhor compreenderá que, do contrário, seria impossível os sócios participarem das atividades de caça, como Balanço de Cabeça a Cavalo e Polo de Cabeça. É com o maior pesar, portanto, que devemos informar-lhe de que o senhor não satisfaz as nossas exigências. Com os nossos cumprimentos, Sir Patrício Delaney-Podmore.”
Espumando de raiva, Nick, quase sem cabeça, guardou a carta.
— Pouco mais de um centímetro de pele e um tendão seguram minha cabeça, Harry! A maioria das pessoas acharia que fui decapitado, mas ah, não, não é o bastante para o Sr. Realmente Decapitado Podmore.
Nick Quase Sem Cabeça respirou fundo várias vezes e então disse, num tom muito mais calmo:
— Então… o que o está estressado? Tem alguma coisa que eu possa fazer?
— Não — falei — a não ser que você tenha visto algo estranho, como…
O resto da minha frase foi abafado por um miado agudo de alguém junto aos seus calcanhares. Olhei e dei com um par de olhos amarelos que mais pareciam globos de luz. Era Madame Nor-r-ra, a gata esquelética e cinzenta que o zelador, Argo Filch, usava como uma espécie de delegada na sua luta incansável contra os estudantes.
— É melhor você sair daqui, Harry — disse Nick depressa. — Filch não está de bom humor, pegou a gripe, e uns alunos do terceiro ano, sem querer, grudaram miolos de sapo pelo teto da masmorra cinco. Ele esteve limpando a manhã inteira e, se vir você pingando lama para todo lado…
— Certo — falei, me afastando do olhar acusador de Madame Nor-r-ra, mas não foi suficientemente rápido. Atraído ao local pela força misteriosa que parecia ligá-lo àquela gata nojenta.
Argo Filch irrompeu de repente pela tapeçaria à direita, chiando furioso à procura do infrator.
Trazia um lenço de grossa lã escocesa amarrado à cabeça e seu nariz estava estranhamente purpúreo.
— Sujeira! — gritou, os maxilares tremendo, os olhos assustadoramente saltados, apontando a poça de lama que pingava das minhas vestes de quadribol, — Bagunça e sujeira por toda parte! Para mim, chega, é o que lhe digo. Venha comigo, Potter!

Então, acenei um triste adeus a Nick Quase Sem Cabeça e acompanhou Filch ao andar de baixo, duplicando o número de pegadas de lama no assoalho.
A sala de Filch era um lugar que a maioria dos estudantes
evitava. O local era encardido e escuro, sem janelas, iluminado por uma única lâmpada de óleo pendurada no teto baixo. Um leve cheiro de peixe frito impregnava a sala. Arquivos de madeira estavam dispostos ao longo das paredes; pelas etiquetas, eu podia ver que continham detalhes sobre cada aluno que Filch já castigara. Fred e Jorge Weasley tinham uma gaveta separada. Uma coleção muitíssimo polida de correntes e algemas estava pendurada na parede atrás da mesa de Filch. Era do conhecimento geral que ele estava sempre pedindo a Dumbledore que o deixasse pendurar os alunos no teto pelos tornozelos.
Filch pegou uma pena no tinteiro em cima da mesa e começou a procurar um pergaminho.
— Bosta — resmungou furioso — Bosta frita de dragão… miolos de sapos… ripas de ratos… Para mim já chega… vou fazer disto um exemplo… onde está o formulário… aqui…
Ele retirou um grande rolo de pergaminho da gaveta da escrivaninha e abriu-o à sua frente, mergulhando a longa pena negra no tinteiro.
— Nome… Harry Potter. Crime…
— Foi só um pouquinho de lama! — exclamei.
— Foi só um pouquinho de lama para você, moleque, mas para mim é mais uma hora de limpeza! — gritou Filch, uma gota nojenta estremecendo na ponta do nariz de bolota. — Crime… sujar o castelo… sentença sugerida…
Filch, secando o nariz sempre a pingar, lançou um olhar desagradável para mim, que esperava, prendendo a respiração, a sentença desabar sobre minha cabeça.
Mas quando Filch baixou a pena, ouvi-se um forte estampido no teto da sala, que fez a lâmpada a óleo chocalhar.
— PIRRAÇA! — rugiu Filch, atirando a pena no chão num assomo de raiva. — Desta vez, eu te pego, eu te pego!
E sem nem olhar para mim, Filch saiu correndo da sala, com Madame Nor-r-ra do lado.
Pirraça era o poltergeist da escola, uma ameaça aérea e sorridente que vivia a provocar desordem e aflição. Eu não pude deixar de se sentir grato pelo seu senso de oportunidade. Era de esperar, seja o que for que Pirraça tivesse feito (e parecia que desta vez estragara alguma coisa muito importante), desviasse a atenção de Filch de mim.
Achando que devia provavelmente esperar Filch voltar, eu afundei em uma cadeira comida por traças ao lado da escrivaninha. Sobre ela só havia uma coisa além do formulário incompleto: um envelope roxo, grande e brilhante com letras prateadas na face. Eu já sei o que tem nesse envelope, é uma carta de uma empresa, acho que ela fala sobre algo… Sobre trazer a magia, que está escondida nos abortos, para fora, ou pelo menos é algo assim, uma falsa promessa para pobres abortos, sobre ter sua mágoa de volta, uma mentira que fich prolongaria por um bom tempo
Minutos depois, ouvi um ruído de passos arrastados pelo corredor que denunciava o fato de Filch estava voltando. Em questão de segundos, a porta abriu.
Filch exibia um ar triunfante.
— Aquele armário que desaparece foi muitíssimo valioso! — disse todo alegre à Madame Nor-r-ra. — Vamos acabar com o Pirraça desta vez, minha doce…
Seus olhos pousaram em mim e daí correram para o envelope do Feiticexpresso,
A cara cerosa de Filch ficou vermelho-tijolo. Filch capengou até a escrivaninha, agarrou o envelope e jogou-o numa gaveta.
— Você… você leu…? — gaguejou.
— Não, senhor — falei calmo.
Filch torcia as mãos nodosas.
— Se eu sonhar que você leu a minha, minha não, a correspondência de um amigo, seja como for, mas…
Filch nunca parecera mais furioso. Seus olhos saltavam, um tique nervoso estremecia sua bochecha mole, e o lenço escocês não melhorava sua aparência.
— Muito bem, pode ir, e não diga uma palavra, não que… mas, se você não leu, vá logo, tenho que fazer o relatório sobre o Pirraça, vá…
Não querendo abusar da sorte, saí correndo da sala e tomei o corredor de volta para o saguão.


Obrigado pela atenção ☺️🙂
Beijos 😚😘

Harry Potter: E Se a Morte Fosse Apenas o Começo?Onde histórias criam vida. Descubra agora