Um novo ataque.

7 3 0
                                    

Capítulo 21.




★Justino e Nick Quase Sem Cabeça.






O castelo estava mais escuro do que normalmente era durante o dia, devido à neve grossa e cinzenta que descia rodopiando pelo lado de fora das janelas. Transido de frio, eu passei por salas onde havia aulas, captando vislumbres do que acontecia lá dentro. A Prof.ᵃ McGonagall gritava com alguém que, pelo que parecia, havia transformado o colega em um texugo. passei adiante, resistindo ao impulso de espiar para dentro, decidi ir primeiro na biblioteca.
Vários alunos da Lufa-Lufa que deviam estar na aula de Herbologia se achavam sentados no fundo da biblioteca, mas não pareciam estar trabalhando. Entre as longas fileiras de estantes, eu podia ver que suas cabeças estavam muito juntas e que aparentemente mantinham uma conversa absorvente. Não conseguia ver se Justino estava no grupo. Fui andando em direção a eles e, quando começou a ouvir alguma coisa do que diziam;
— Então, em todo o caso — falava um menino forte —, eu disse ao Justino para se esconder no nosso dormitório. Quero dizer, se Potter o escolheu para sua próxima vítima, é melhor ele ficar pouco visível por uns tempos. É claro que o Justino estava esperando uma coisa dessas acontecer desde que deixou escapar para o Potter, que vinha de família trouxa. Justino chegou até a contar que os pais tinham feito reserva para ele em Eton. Isto não é o tipo de coisa que se fale assim, com o herdeiro de Slytherin à solta, não é mesmo?
— Então, decididamente, você acha que é o Potter, Ernie? — perguntou, ansiosa, uma menina loura de marias-chiquinhas.
— Ana — disse o garoto forte, solenemente —, ele é um ofidioglota. Todo mundo sabe que isso é a marca do bruxo das trevas. Você já ouviu falar de um bruxo decente que soubesse falar com cobras? Chamavam
o próprio Slytherin de língua de serpente.
Seguiram-se muitos murmúrios depois disso e Ernie continuou:
— Lembram o que estava escrito na parede? Inimigos do herdeiro, cuidado. Potter teve um problema com o Filch. Logo em seguida, a gata de Filch é atacada. Aquele aluno do primeiro ano, o Creevey, estava aborrecendo Potter no jogo de quadribol, tirando fotos dele estirado na lama. Logo em seguida, Creevey
foi atacado.
— Mas ele sempre pareceu tão gentil — disse Ana em dúvida — e foi quem fez Você-Sabe-Quem desaparecer. Ele não pode ser tão ruim assim, pode?
Ernie baixou a voz, misterioso, os alunos da Lufa-Lufa se curvaram mais para a frente.
— Ninguém sabe como foi que ele sobreviveu àquele ataque do Você-Sabe-Quem, quero dizer, ele era só um bebê quando a coisa toda aconteceu. Devia ter explodido em pedacinhos. Só um mago das trevas realmente poderoso poderia ter sobrevivido a um ataque daqueles. — E, baixando a voz até quase um sussurro, continuou: — Vai ver, é por isso que Você-Sabe-Quem queria matá-lo para começar. Não queria outro bruxo das trevas concorrendo com ele. Que outros poderes será que o Potter anda escondendo?
Pigarreando alto, sai de trás das estantes. E quase gargalhei quando vi que cada aluno da Lufa-Lufa parecia ter se petrificado só de me ver, e a cor foi se esvaindo do rosto de Ernie.
— Olá — falei. — Estou procurando o Justino Finch-Fletchley.
Os receios dos garotos da Lufa-Lufa claramente se confirmaram. Todos olharam cheios de medo para Ernie.
— Que é que você quer com ele? — perguntou Ernie com a voz trêmula.
— Eu queria dizer a ele o que realmente aconteceu com aquela cobra no Clube dos Duelos.
Ernie mordeu os lábios brancos, tomou fôlego e disse:
— Estávamos todos lá. Vimos o que aconteceu.
— Então, vocês repararam que depois que falei com a cobra, ela recuou? — perguntei.
— Só o que vi — disse Ernie, insistente, embora tremesse enquanto falava — foi você falando em língua de cobra e açulando o bicho para cima de Justino.
— Eu não açulei a cobra para cima dele — me abaixei como se estivesse explicando algo para uma criança — a cobra parou quando eu pedi a ela para não feri-lo e ela o fez.
— Por pouco. E caso você esteja tendo novas ideias — acrescentou depressa —, é melhor eu informá-lo que pode investigar minha família por nove gerações de bruxos, e que o meu sangue é tão puro quanto o
de qualquer outro, portanto…
— Não ligo a mínima para o tipo de sangue que você tem! — falei. — Por que eu iria querer atacar pessoas que nasceram trouxas?
— Ouvi falar que você detesta os trouxas com quem mora — disse Ernie na mesma hora.
— É impossível morar com os Dursley e não os detestar. Eu gostaria de ver você no meu lugar, mas para os que estão aqui e esqueceram, minha mãe é uma nascida humana, meus parabéns por você Ernie tenho certeza que deve sentir orgulho de ser um sangue puro assim como eu sinto orgulho de ser um mestiço e filhos da nascida humana mais incrível e inteligente que essa escola já teve, se me derem licença.
E dando meia-volta, sair delicadamente da biblioteca, 
Ao atravessar uns três corredores, dei de cara com o Hagrid. 
— Ah, olá, Hagrid — disse erguendo a cabeça.
O rosto de Hagrid estava inteiramente oculto pelo gorro de lã esbranquiçado de neve, mas não podia ser mais ninguém, pois ele ocupava praticamente o todo o corredor com aquele seu casacão de pele de toupeira.
Um galo morto pendia de suas enormes mãos enluvadas.
— Tudo bem, Harry? — perguntou ele, empurrando o gorro para trás para poder falar. — Você não está em aula?
— Cancelada — falei. — Que é que você está fazendo aqui?
Hagrid ergueu o galo inerte.
— É o segundo que matam neste período letivo–explicou. — Ou é raposa, ou bicho-papão, e preciso permissão do diretor para lançar um feitiço em volta do galinheiro. Falou.
— Ah, entendi, eu tenho que ir, Hagrid, a próxima aula é Transfiguração e tenho que apanhar meus livros. Até mais!! — gritei.
Subi a escada e entrei em outro corredor que estava particularmente escuro; os
archotes haviam sido apagados por uma corrente de ar forte e gelada que entrava por uma vidraça solta.
Estava na metade do corredor quando cai estendido em cima de algo que havia no chão.
Me virei para ver melhor em cima do que caíra e senti meu estômago derreter.
Justino Finch-Fletchley jazia no chão, duro e frio, uma expressão de choque fixa no rosto, os olhos, sem visão, voltados para o teto. E não era tudo. Ao lado dele, outro vulto.
Era Nick Quase Sem Cabeça, que agora deixara de ser branco-pérola e transparente e se tornara preto e fumegante, e flutuava imóvel na horizontal, a mais de um metro e meio do chão. Sua cabeça estava quase inteiramente solta, e seu rosto tinha uma expressão de choque idêntica à de Justino.
 Olhei para um lado do corredor deserto e para o outro e vi uma fila de aranhas que se afastava o mais depressa possível dos corpos. Os únicos sons que ouvia eram as vozes abafadas dos professores nas salas de aula de cada lado.
Aproveitei e saí correndo dali o mais rápido e delicado que pude para não causar barulho quando estava distante o suficiente ouvi o barulho:
— ATAQUE! ATAQUE! MAIS UM ATAQUE! NEM MORTAL, NEM FANTASMA ESTÃO SEGUROS!
SALVEM SUAS VIDAS! ATAAAAAQUE!
Fui devagar em direção aos gritos, como se nada tivesse acontecido, e ao longo do corredor foi invadido por uma mundão de gente. Durante vários minutos, a cena era de tal confusão que Justino correu o risco de ser esmagado, e as pessoas não paravam de passar através de Nick Quase Sem Cabeça. Ouvi enquanto os professores gritavam pedindo calma. A Prof.ᵃ McGonagall veio correndo, seguida por seus alunos em sua cola, um dos quais ainda tinha os cabelos listrados de preto e branco. 
Ela usou a varinha para produzir um alto estampido e restaurar o silêncio, e mandou todos de volta para as salas de aula. Nem bem o corredor se esvaziara um pouco, quando Ernie, o garoto da Lufa-Lufa, chegou, ofegante, à cena.
— Foi você, foi você Potter! — berrou Ernie, o rosto lívido, apontando dramaticamente para mim.
— Agora chega, Macmillan! — disse a professora rispidamente.
Pirraça subia e descia no ar, e agora sorria observando malvadamente a cena; adorava o caos.
Enquanto os professores se curvavam sobre Justino e Nick Quase Sem Cabeça, examinando-os, Pirraça começou a cantar:
Ah, Potter, podre, veja o que você fez,
Matar alunos não é nada cortês…
— Já chega, Pirraça! — vociferou a Prof.a McGonagall e Pirraça saiu voando de costas e estirando a língua para mim. Justino foi levado para a ala hospitalar pelo Prof. Flitwick e pela Prof.ᵃ Sinistra, do departamento de astronomia, mas ninguém sabia o que fazer com Nick Quase Sem Cabeça. Por fim, a Prof.ᵃ McGonagall conjurou um grande leque de ar, e entregou-o a Ernie com instruções para abanar Nick Quase Sem
Cabeça até o andar de cima. Ernie obedeceu e abanou Nick como se fosse um aerofólio silencioso.
Assim Harry e a professora ficaram a sós.
— Por aqui, Potter — falou ela.
— O quê! Mas eu não fiz nada, eu só cheguei depois.
— Isto não está mais em minhas mãos, Potter — interrompeu ela secamente.
Os dois caminharam em silêncio, viraram um canto e ela parou diante de uma gárgula de pedra feíssima.
— Gota de limão! — disse. Era evidentemente uma senha, porque a gárgula logo ganhou vida e afastou-se para o lado, ao mesmo tempo que a parede atrás dela se abria em dois. Atrás da parede havia uma escada em caracol que subia suavemente, como uma escada rolante. Nem bem ele e a Prof.ᵃ McGonagall pisaram nela, ouvi a parede fazer um barulho seco e se fechar às costas dos dois. Subiram em círculos, cada vez mais altos, até que, por fim, ligeiramente tonto, viu uma porta de carvalho reluzindo à sua frente, com uma aldrava em forma de grifo.
Soube então aonde tinha sido levado. Ali era a residência de Dumbledore.

Obrigado pela atenção 😊 ☺️
Beijo 😘

Harry Potter: E Se a Morte Fosse Apenas o Começo?Onde histórias criam vida. Descubra agora