Quadriboll.

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Capítulo 18





★ Balanço...





— Harry está certo, os balaços estiveram trancados na sala de Madame Hooch desde o nosso último treino, e não havia nada errado com eles… — disse Wood, ansioso.
Madame Hooch veio andando em direção ao grupo. Por cima do ombro, eu vi o time da Sonserina caçoando e apontando para mim, com exceção do Draco, que só estava me encarando.
— Escutem — falei ao vê-la chegar cada vez mais perto —, com vocês dois voando em volta de mim o tempo todo, o único jeito de apanhar aquele pomo é ele entrar voando na minha manga. Se juntem ao resto do time e deixem que eu cuido do balaço errante.
— Não seja burro — disse Fred. — Ele vai arrancar sua cabeça.
Wood olhava de mim para os Wesley.
— Olívio, isso é loucura — disse Alícia Spinnet zangada. — Você não pode deixar o Harry enfrentar aquela coisa sozinho, vamos pedir uma investigação…
— Se pararmos agora, perderemos a partida! — falei, não posso correr o risco de me ferir e deixar que o falso herdeiro faça o que quer, mas preciso dar um jeito no Dobby. — Não vamos perder para a Sonserina só devido a um balaço maluco! Anda, Olívio, diz para eles me deixarem em paz!
— Isto é tudo culpa sua — disse Jorge, furioso com Wood. — “Apanhe o pomo ou morra tentando”, que coisa idiota para dizer a ele…
Madame Hooch se reunira aos jogadores.
— Estão prontos para recomeçar a partida? — perguntou para Wood.
Wood olhou para a expressão decidida no meu rosto.
– Muito bem. Fred, Jorge, vocês ouviram o que Harry disse, deixem-no em paz e deixem que ele cuide do balaço sozinho.
A chuva caía mais pesada agora. Ao apito de Madame Hooch, dei um forte impulso para o alto e ouvi o assobio que indicava que o balaço vinha atrás. Ganhei cada vez mais altura; fiz loops e subi, espiralei, zigue-zaguei e balancei. Mesmo ligeiramente tonto, mantinha os olhos bem abertos, a chuva molhando meus óculos e entrando por minhas narinas quando eu voava de barriga para cima, evitando outro mergulho furioso do balaço. Eu ouvia as risadas do público; sabia que devia estar parecendo muito idiota, mas o balaço errante era pesado e não podia mudar de direção tão rápido quanto eu, comecei a voar pela orla do estádio como se estivesse em uma montanha-russa, procurando ver as balizas da Grifinória através da cortina prateada de chuva. Adrian Pucey tentava ultrapassar Wood…
Um assobio no meu ouvido revelou que o balaço deixara de me acertar por pouco outra vez; eu imediatamente dei meia-volta e disparei na direção oposta.
— O que está acontecendo, Potter? — Berrou Draco quando fui obrigado a dar uma volta ridícula em pleno ar para evitar o balaço e fugir, o balaço rastreando-o a pouco mais de um metro; e então, virando-se para olhar Draco, eu vi… o pomo de ouro. Pairava poucos centímetros acima da orelha esquerda de Draco, e o garoto estava tão ocupado, preocupado com o que estaria acontecendo comigo que não o vira.
— O pomo! Atrás de você — Ele se virou mais pela surpresa do que por estar acreditando em mim.
BAM.
Permanecera parado um segundo a mais. O balaço finalmente atingi-o, bateu no meu cotovelo. Senti o braço rachar. Sem enxergar direito, atordoado pela terrível dor no braço, escorregou para um lado da vassoura encharcada, um joelho ainda a enganchando por baixo, o braço direito pendurado inútil.
— O balaço retornava a toda para um segundo ataque, desta vez mirando o meu rosto —, desviei, quando olhei para cima, Draco ia em direção ao pomo.
Através da névoa de chuva e dor, mergulhei em direção a ele e vi os olhos de Draco se arregalarem. Ele deve ter achado que ia atacá-lo.
— Que di… — exclamou, inclinando-se para longe de mim.
Tirei a mão boa da vassoura e tentei agarrar o pomo às cegas; sentiu os dedos se fecharem sobre a bola fria, mas agora só estava preso à vassoura pelas pernas, e ouviu-se um urro das arquibancadas quando rumei direto para o chão, tentando por tudo não desmaiar, mas a minha vassoura não estava mais em baixo de mim, e eu estava a alguns metros do chão, até que senti um puxão na minha perna, olhei tonto para cima e vi mesmo com tudo nublado Draco agarrado a minha perna, e a puxando para cima, os alunos nas arquibancadas gritavam e vaiam, e então bati no chão, levantando lama, e rolou para o lado com Draco caindo bem ao meu lado e a vassoura dele assim como a minha vou longe. Meu braço estava pendurado num ângulo muito estranho; varado de dor, e eu ouvi, como se fosse à grande distância, muitos assobios e gritos. Focalizou o pomo seguro na minha mão boa, mas ao lado Draco estava levantando cheio de lama.
— Obrigada! — disse vagamente. — Draco…
E desmaiou.
Voltou a si, a chuva batendo no rosto, ainda deitado no campo, com alguém debruçado sobre mim. Viu um brilho de dentes.
— Ah, o senhor, não — gemi.
— Ele não sabe o que está dizendo — falou Lockhart em voz alta para o ajuntamento de alunos da Grifinória que cercavam ansiosos os dois. — Não se preocupe, Harry. Já vou endireitar o seu braço.
— Não! — exclamei. — Sai, eu não quero, por favor…
 Tentei me sentar, mas a dor foi terrível. Ouvi um clique conhecido ali por perto.
— Não quero uma foto deste momento, Colin — disse em voz alta.
— Deite-se, Harry — mandou Lockhart acalmando-o. — É um feitiço muito simples que já usei muitíssimas vezes…
— Por que não posso simplesmente ir para a ala hospitalar? — falei com os dentes cerrados.
— Ele devia mesmo, professor — disse um enlameado Wood, que não pôde deixar de sorrir mesmo com o seu apanhador machucado. — Grande captura, Harry, realmente espetacular, a melhor que já fez, eu diria…
Por entre a floresta de pernas à sua volta, vi Fred e Jorge Wesley, lutando para enfiar o balaço errante numa caixa. A bola continuava a resistir ferozmente.
— Afastem-se — pediu Lockhart, enrolando as mangas de suas vestes verde-jade.
— Não toque em mim… — disse entre dentes, vou matar esse cara, eu juro, mas Lockhart agitava a varinha e, um segundo depois, apontou-a diretamente para o meu braço.
Uma sensação estranha e desagradável surgiu no meu ombro e se espalhou até a ponta dos dedos da minha mão. Era como se o braço estivesse se esvaziando. Eu nem me atrevi olhar, já sabia o que estava acontecendo, fechei os olhos e relaxei ali no campo molhado e enlameado. As pessoas em volta exclamaram e Colin Creevey começou a fotografar furiosamente. Meu braço não doía mais — e nem de longe se parecia com um braço.
— Ah — disse Lockhart. — É, às vezes isso pode acontecer. Mas o importante é que os ossos não estão mais fraturados. Isto é o que se precisa ter em mente. Então, Harry, vá, dê uma chegada na ala hospitalar, ah, Sr. Wesley, Srt.ᵃ Granger, podem acompanhá-lo?, e Madame Pomfrey poderá… hum… dar um jeito nisso.
Pela manga das vestes saía uma coisa que lembrava uma grossa luva de borracha cor de pele. Lockhart não emendara os ossos, ele os removera. Madame Pomfrey não ficou nada satisfeita.
— Você deveria ter vindo me procurar diretamente! — dizia furiosa, erguendo a lamentável sobra do que fora, meia hora antes, um braço útil. — Posso emendar ossos num segundo, mas fazê-los crescer outra vez…
— Tudo culpa do maldito Lockhart — falei furioso.
— Eu vou consertá-lo, mas vai ser doloroso — disse Madame Pomfrey sombriamente, atirando um pijama para mim. — Você vai ter que passar a noite…
Hermione esperava do outro lado da cortina, que fora fechada em torno da cama, enquanto Ronald me ajudava a vestir o pijama. Levou algum tempo para enfiar na manga o braço mole e sem ossos.
— Como é que você consegue defender o Lockhart agora, Hermione, hein? — Ronald perguntou através da cortina enquanto puxava os meus dedos inertes pelo punho da manga. — Se Harry quisesse ser desossado, ele teria pedido.
— Qualquer um pode se enganar — respondeu Hermione. — E não está doendo mais, está Harry?
— Não — falei, entrando na cama. – Mas também, como pode doer se não tem mais nada além de pele.
Quando me deitei, o braço balançou molemente.
Hermione e Madame Pomfrey deram a volta à cortina. Madame Pomfrey vinha segurando um garrafão de alguma coisa rotulada Esquelesce.
— Você vai enfrentar uma noite difícil — disse, servindo um copo grande de boca larga e fumegante e entregando-o para mim. — Fazer ossos crescerem de novo é uma coisa complicada.
E tomar Esquelesce, também. O líquido queimou minha boca e a garganta e desceu, me fazendo tossir. Ainda lamentando os esportes perigosos e os professores ineptos, Madame Pomfrey se retirou, deixando Ronald e Hermione me ajudarem a engolir um pouco de água.
— Mas ganhamos — disse Ronald, um grande sorriso se abrindo no rosto. — Foi uma captura e tanto a que você fez. A cara do Malfoy… ele parecia que ia matar alguém quando caiu da vassoura…
— Eu queria saber como foi que ele alterou aquele balaço — disse Hermione sobriamente.
— Podemos acrescentar mais esta à lista de perguntas que vamos fazer a ele quando tomarmos a Poção Polissuco – disse Ronald. — O desgraçado é tão teimoso, que até tentou pegar o pomo de você, será que ele não sabe como o jogo funciona? — resmungou.
A porta do hospital se escancarou naquele momento. Imundos e encharcados, os demais jogadores da Grifinória chegaram para me ver.
— Incrível aquele voo, Harry — disse Jorge. — Acabei de ver Marcos Flint berrando com Draco. Estava falando alguma coisa sobre ele ter arrastado você pelo pé. Draco não parecia muito feliz.
Os jogadores haviam trazido bolos, doces e garrafas de suco de abóbora que arrumaram em volta da cama e davam início ao que prometia ser uma festança, quando Madame Pomfrey apareceu como um tufão, gritando:
— Esse menino precisa de descanso, precisa fazer crescer trinta e três ossos! Fora! FORA!
Fui deixado sozinho, sem nada para me distrair da dor horrível no braço inerte.
Muitas horas depois, acordei de repente numa escuridão de breu e dei um ligeiro ganido de dor: o braço agora parecia cheio de grandes lascas. 
Então, com um choque de terror, percebi que alguém estava passando uma esponja em minha testa.
— Fora daqui! — gritei e em seguida. — Dobby!
Os olhos arregalados, parecendo bolas de tênis, do elfo doméstico me espiavam na escuridão. Uma
lágrima solitária escorria pelo seu nariz longo e fino.
— Harry Potter voltou para a escola — murmurou ele, infeliz. — Dobby avisou e tornou a avisar Harry Potter. Ah, meu senhor, por que não prestou atenção em Dobby? Por que Harry Potter não voltou para casa quando perdeu o trem?
Ergui, apoiando-me nos travesseiros e empurrei para longe a esponja de Dobby.
— O que faz aqui, Dobby? — gritei. — Já não basta ter tentado me impedir de pegar o trem, o que não deu muito certo, agora tentando me matar.
— Harry Potter precisa ir para casa! Dobby achou que o balaço dele seria suficiente para fazê-lo voltar. Não para matar, meu senhor, nunca matá-lo! — disse Dobby, chocado. — Dobby quer salvar a vida de Harry Potter! Melhor mandá-lo para casa, seriamente machucado, do que ficar aqui, meu senhor! Dobby só queria que Harry Potter se machucasse o bastante para ser mandado para casa!
— Só isso?! — exclamei furioso. – Suponho que você não vai me contar por que queria me mandar para casa aos pedaços?
— Ah, se ao menos Harry Potter soubesse! — gemeu Dobby, mais lágrimas escorrendo pela fronha esfarrapada. — Se ele soubesse o que significa para nós, para os humildes, para os escravizados, para nós escoria do mundo mágico! Dobby se lembra de como era quando Ele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
Estava no auge dos seus poderes, meu senhor! Nós, elfos domésticos, éramos tratados como vermes, meu senhor! É claro que Dobby ainda é tratado assim, meu senhor — admitiu, enxugando o rosto na fronha. — Mas, em geral, meu senhor, a vida melhorou para gente como eu desde que o senhor venceu Ele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Harry Potter sobreviveu, e o poder do Lorde das Trevas foi subjugado, e raiou uma nova alvorada, meu senhor, e Harry Potter brilhou como um farol de esperança para todos nós que achávamos que os dias de trevas nunca terminariam, meu senhor… E agora, em Hogwarts, coisas terríveis vão acontecer, talvez já estejam acontecendo, e Dobby não pode deixar Harry Potter ficar aqui, agora que a história vai se repetir, agora que a Câmara Secreta foi reaberta…
Dobby congelou, tomado de horror, e agarrou a jarra de água de Harry sobre a mesa de cabeceira e quebrou-a na própria cabeça, desaparecendo de vista. Um segundo depois, tornou a subir na cama, vesgo, murmurando: “Dobby ruim, Dobby muito ruim…”
— Então é a Câmara Secreta! — sussurrei. — Eu já sei da câmara secreta Dobby, também já sei do basílico e de tudo mais — falei, omitindo um pouco.
— Já sabe! Como? E mesmo assim ainda continua aqui. — arfou em desespero.
— Dobby você pode me prometer que nunca, nunca em hipótese alguma vai contar isso para ninguém, a minha vida depende do segredo em que vou te contar agora, então você não pode contar para ninguém se quer mesmo salvar minha vida. — falei sério, se tiver sorte posso até matar dois coelhos com uma cajadada só.
— Sim!! Dobby pode guardar qualquer segredo de Harry Potter, contanto que salvei a sua vida. Dobby se sente muito honrado de proteger o segredo de Harry Potter.' falou rápido enquanto se dirigia até o chão.
— Dobby… Eu sou o herdeiro da sonserina, eu tenho tal controle sobre a câmara secreta, ou não tão secreta agora — sussurrei o final. — Eu sei que alguma farsa abriu a câmara secreta e que planejam me fazer mal, e eu já sei como lidar com essa ameaça, você não precisa se preocupar, — continuei antes que ele pudesse rebater. — E eu preciso que você me ajude, mas você vai ter que esperar, por que caso contrário você irá atrapalhar meu plano, é isso só irá me colocar em perigo, então por favor, preta de novo que virar até mim quando eu te chamar, para que assim você possa salvar a minha vida, dessa faça que está tentado me fazer mal, você promete? — perguntei fingindo insegurança. Dobby pareceu pensar por um tempo, e então deu um grito e começou a chorar.
— Harry Potter!! A cada segundo, Dobby fica cada vez mais impressionado com sua coragem e astúcia, o que disseram sobre sua grandeza não é nem metade do que o senhor realmente é. Dobby está tão honrado em guardar seu segredo e poder ajudá-lo, — arqueou e gritou entre choro. — Então, você promete? — perguntei esperançoso. — Sim, Dobby promete, Dobby promete vir ajudar Harry Potter quando ele precisar e promete guardar todos os seus segredos.
— Obrigado… — suspirei, — Obrigado Dobby!
Derrepente ouvimos um ruído, vinha em direção a porta da enfermaria. Vários passos no corredor.
– Dobby tem que ir! – suspirou o elfo, aterrorizado. Houve um estalo alto, e ele desapareceu.
Fechei meus olhos no escuro da ala hospitalar e fingi dormir enquanto os passos se aproximavam.
No momento seguinte, Dumbledore entrou de costas no dormitório, usando uma longa camisola de lã e uma touca de dormir. Carregava uma extremidade de algo que parecia uma estátua. A Prof.ᵃ McGonagall apareceu um segundo depois, carregando os pés. Juntos, eles depositaram a carga sobre uma cama.
— Chame Madame Pomfrey — sussurrou Dumbledore, e a Prof.ᵃ McGonagall desapareceu rapidamente de vista, passando pelos pés da minha cama. Fiquei deitado muito quieto, fingindo dormir.
Ouvi vozes urgentes e então a Prof.ᵃ McGonagall reapareceu, seguida de perto por Madame Pomfrey,
que vestia um casaquinho por cima da camisola. Ouvi alguém inspirar com força.
— Que aconteceu? — cochichou Madame Pomfrey para Dumbledore, debruçando-se sobre a estátua na cama.
— Mais um ataque — respondeu Dumbledore. – Minerva encontrou-o na escada.
— Havia um cacho de uvas ao lado dele — disse a professora. — Achamos que ele estava tentando chegar aqui escondido para visitar Potter.
Mesmo sabendo quem é, levantei um pouco de relance da cama e vi Colin Creevey. Seus olhos estavam arregalados e as mãos, erguidas diante dele, segurando a máquina fotográfica.
— Petrificado? — sussurrou Madame Pomfrey.
— Está — respondeu à Prof.ᵃ McGonagall. – Mas estremeço de pensar… Se Alvo não estivesse descendo para tomar um chocolate quente… quem sabe o que poderia…
Os três contemplaram Colin. Então, Dumbledore se curvou e tirou a máquina fotográfica das mãos rígidas do menino.
— Você acha que ele conseguiu bater uma foto do atacante? — perguntou a professora, ansiosa.
Dumbledore não respondeu. Abriu a máquina.
— Meu Deus! — exclamou Madame Pomfrey.
Um jato de vapor saiu sibilando da máquina. A três camas de distância, senti o cheiro acre do plástico queimado.
— Derretidas — disse Madame Pomfrey pensativa. — Todas derretidas…
— O que significa isto, Alvo? — perguntou pressurosa a Prof.a McGonagall.
– Significa que de fato a Câmara Secreta foi reaberta.
Madame Pomfrey levou a mão à boca. McGonagall arregalou os olhos para Dumbledore, e eu revirei os olhos, “como se isso já não fosse óbvio” pensei.
— Mas, Alvo… com certeza… quem?
— A pergunta não é quem — disse Dumbledore, com os olhos postos em Colin. — A pergunta é, como…

Pelo menos nisso, o velho está certo, quem abriu é importante, mas como abriu?


Obrigado pela atenção 😊🙂
Beijos 😚😘

Harry Potter: E Se a Morte Fosse Apenas o Começo?Onde histórias criam vida. Descubra agora