O diário.

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Capítulo 25.





★T.S.R.






No dia seguinte, foi revelado que Hermione estava na aula hospitalar. Eu assim me lembrei na hora que ela havia cometido um erro ao diferenciar o cabelo de Emília e os pelos de madame nora. E assim, Hermione permaneceria na ala hospitalar por várias semanas. Houve uma boataria sobre o seu sumiço quando o resto da escola voltou das férias de Natal, porque naturalmente todos pensaram que ela fora atacada.
Foram tantos os alunos que passaram pela ala hospitalar tentando dar uma olhada nela que Madame Pomfrey pegou novamente as cortinas e pendurou-as em torno da cama da garota, para lhe poupar a
vergonha de ser vista com a cara peluda.
Harry e Ronald iam visitá-la toda tarde. Quando o novo período letivo começou, Ronald lhe levava os deveres de casa do dia.
— Se tivessem crescido bigodes de gato em mim, eu teria tirado umas férias dos deveres — disse Ronald certa noite, despejando uma pilha de livros na mesa de cabeceira de Hermione.
— Pare de ser bobo, Rony, tenho que me manter em dia — disse Hermione decidida. Seu estado de ânimo melhorara muito desde que todos os pelos desapareceram do seu rosto, e os olhos estavam voltando
lentamente à cor castanha. — Suponho que não encontraram nenhuma pista nova? — acrescentou aos sussurros, de modo que Madame Pomfrey não a escutasse.
— Nada — respondeu Harry, fingindo desânimo.
— Eu tinha tanta certeza de que era Draco — disse Ronald, pela centésima vez.
— Que é isso? — perguntou Harry, apontando para alguma coisa dourada que aparecia por baixo do travesseiro de Hermione.
— É só um cartão desejando que eu fique boa logo–disse Hermione depressa, tentando escondê-lo, mas Ronald foi mais rápido. Puxou o cartão, abriu-o e leu em voz alta:
À senhorita Granger desejo uma rápida convalescença, seu professor preocupado Gilderoy Lockhart, Ordem de Merlin, Terceira Classe, Membro Honorário da Liga de Defesa Contra as Artes das Trevas, cinco vezes vencedor do Prêmio do Sorriso Mais Atraente do Semanário dos Bruxos.
Ronald olhou para Hermione, enojado.
— Você dorme com isso debaixo do travesseiro?
Mas Hermione não precisou responder porque Madame Pomfrey apareceu para lhe dar a medicação noturna.
— O Lockhart é o cara mais populista que você já conheceu ou o quê? — perguntou Ronald a Harry ao saírem da enfermaria e começarem a subir a escada que levava à Torre da Grifinória. Snape passou tanto dever de casa, e Harry terminou tudo enquanto avançava seus estudos, tentado aprender coisas avançadas para melhorar seu currículo, dessa vez em um livro sobre porções de ligações e laços, enquanto Ronald reclamava e ele o ignorava.
Ronald estava acabando de comentar que gostaria de ter perguntado a Hermione quantos rabos de rato devia usar na Poção de Arrepiar Cabelos quando um vozerio no andar de cima chegou aos ouvidos dos dois.
— É o Filch — murmurou Ronald enquanto subia depressa a escada e parava, se escondendo, empurrando Harry e apurando os ouvidos.
— Você acha que mais alguém foi atacado? — perguntou Ronald tenso.
Os dois ficaram quietos, as cabeças inclinadas na direção da voz de Filch, que parecia um tanto histérica.
— … Sempre mais trabalho para mim! Enxugando o chão a noite inteira, como se já não tivesse o suficiente para fazer! Não, isto é a última gota, vou procurar o Dumbledore…
Os passos dele cessaram e os meninos ouviram uma porta bater a distância.
Ronald esticou a cabeça para espiar mais além do canto. Filch, pelo que viu, estivera em seu posto de vigia habitual: estavam mais uma vez no local em que Madame Nor-r-ra fora atacada. Viram imediatamente a razão dos gritos de Filch. Uma grande inundação se espalhava por metade do corredor e aparentemente a água ainda não parara de correr por baixo da porta do banheiro da Murta Que Geme.
Quando Filch parou de gritar, eles puderam ouvir os lamentos da Murta ecoando pelas paredes do banheiro.
— Agora, o que será que ela tem?! — exclamou Ronald.
— Vamos até lá ver — disse Harry, enquanto levantava as vestes bem acima dos tornozelos e guardava o livro em um de seus bolsos expandidos, os dois atravessaram aquela agueira até a porta com o letreiro INTERDITADO, não lhe deram atenção, como sempre, e entraram.
Murta Que Geme chorava, se é que isso era possível, cada vez mais alto e com mais vontade do que nunca. Parecia ter-se escondido no seu boxe habitual. Estava escuro no banheiro porque as velas haviam
se apagado com a grande inundação que deixara as paredes e o piso encharcados.
— Que foi, murta? — perguntou Harry.
— Quem é? — engrolou Murta, infeliz. — Vêm jogar mais alguma coisa em mim?
Harry meteu os pés na água até o boxe dela.
— Por que eu iria jogar alguma coisa em você?
— É a mim que você pergunta! — gritou Murta, surgindo em meio a mais uma onda líquida, que se espalhou pelo chão já molhado. — Estou aqui cuidando da minha vida e alguém acha que é engraçado jogar um livro em mim...
– Mas não deve machucar se alguém joga um livro em você – argumentou Ronald. – Quero dizer, ele
atravessa você, não é mesmo?
O idiota disse a coisa errada. Murta se estufou e gritou com voz aguda:
— Vamos todos jogar livros na Murta, porque ela não é capaz de sentir! Dez pontos se você fizer o livro atravessar a barriga dela! Muito bem, ha, ha, ha! Que ótimo jogo, eu não acho!
— Mas afinal, quem jogou o livro em você? — perguntou Harry.
— Eu não sei… Eu estava sentada na curva do corredor, pensando na morte, e o livro atravessou a minha cabeça — disse Murta, olhando feio para os garotos. — Está lá, foi levado pela água…
Harry e Ronald espiaram embaixo da pia para onde Murta apontava. Havia um livro pequeno e fino caído ali. Tinha uma capa preta e gasta e estava molhado como tudo o mais naquele banheiro. Harry adiantou-se para apanhá-lo, mas Ronald de repente esticou o braço para impedi-lo.
— Que foi?
— Você está maluco — disse Ronald. — Pode ser perigoso.
— Perigoso? — perguntou Harry, realmente ele sabia que aquele livro poderia proporcionar um certo perigo. — Deixe disso, de que jeito poderia ser perigoso?
— Você ficaria surpreso — disse Ronald, olhando apreensivo para o livro. — Os livros que o Ministério da Magia tem confiscado, papai me contou, tinha um que queimava os olhos da pessoa. E todo mundo que
leu Sonetos de um Maegi passou a falar em rima para o resto da vida. E uma velha Maegi em Bath tinha um livro que a pessoa não conseguia parar de ler! Passava a andar com a cara no livro, tentando fazer tudo com uma mão só E...
— Está bem, já entendi. — disse Harry revirando os olhos. O livrinho continuava no chão, empapado e indefinível.
— Bem, não vamos descobrir se não dermos uma olhada — falou Harry. Abaixou-se para se desvencilhar de Ronald e apanhou o livro do chão.
Harry viu num instante que era um diário, e o ano meio desbotado na capa lhe informou que tinha cinquenta anos de idade. Abriu-o ansioso. Na primeira página, mal e mal conseguiu ler o nome “T. M. Riddle”, em tinta borrada.
— Calma aí — disse Ronald, que se aproximara cautelosamente e espiava por cima do ombro do amigo. —
Conheço esse nome… T. S. Riddle recebeu um prêmio por serviços especiais prestados à escola há cinquenta anos.
— Como você sabe isso? — perguntou Harry.
— Porque Filch me fez polir o escudo desse homem umas cinquenta vezes durante a minha detenção — disse Ronald com raiva. – Daquela vez que arrotei lesmas para todo o lado. Se você tivesse tirado lesmas de um nome durante uma hora, você também se lembraria.
Harry separou as páginas molhadas. Estavam completamente em branco. Não havia o menor vestígio de escrita em nenhuma delas, nem mesmo aniversário de tia Magda ou dentista às três e meia.
— Não entendo por que alguém quis se descartar dele — comentou Ronald, curioso.
Harry virou as costas do livro e viu impresso o nome de uma papelaria na rua Vauxhall, em Londres.
— O dono deve ter nascido humano — disse Harry. — Para ter comprado um diário na rua Vauxhall…
— Bom, não vai servir para você — disse Ronald. E baixando a voz: — Cinquenta pontos se você conseguir fazer ele atravessar o nariz da Murta.
Harry, porém, meteu o diário no bolso e ignorou o ruivo pateta saindo do banheiro.

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⏰ Última atualização: Aug 04 ⏰

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