Capítulo 14
★Inimigos do herdeiro cuidado.
Escapar da sala de Filch sem castigo provavelmente era uma espécie de recorde na escola.
– Harry! Harry! Funcionou?
Nick Quase Sem Cabeça saiu deslizando de uma sala de aula. Atrás dele, e eu pude ver os destroços de um grande armário preto e dourado que parecia ter sido jogado de uma grande altura.
— Convenci Pirraça a largá-lo bem em cima da sala de Filch — disse Nick ansioso. — Achei que iria distraí-lo…
— Aquilo foi você? — perguntei, fingindo surpresa. — Funcionou, sim, eu não peguei nem uma detenção. Obrigado, Nick! — agradeci com um grande sorriso.
Nós dois nos movemos juntos pelo corredor. Nick, Quase Sem Cabeça, reparei, ainda segurava a carta de recusa de Sir Patrício.
— Eu gostaria de poder fazer alguma coisa sobre a Caça Sem Cabeça — comentei.
Nick Quase Sem Cabeça parou de repente, e eu passei por dentro dele. Gostaria de não ter feito isso; era como entrar embaixo de um chuveiro gelado.
— Mas tem uma coisa que você pode fazer por mim — disse Nick animado. – Harry, seria pedir muito, mas, não, você não iria…
— Onde?
— Bem, este Dia das Bruxas será o meu quingentésimo aniversário de morte — disse Nick Quase Sem Cabeça, empertigando-se com o ar solene.
— Ah! — exclamei — Certo.
— Estou dando uma festa em uma das masmorras maiores. Vem amigos de todo o país. Seria uma honra tão grande se você pudesse comparecer! O Sr. Wesley e a Srt.ᵃ Granger também seriam muito bem-vindos, é claro, mas você não preferirá comparecer à festa da escola? — Ele me observava cheio de
dedos.
— Não — falei —, eu vou…
— Meu caro rapaz! Harry Potter no meu aniversário de morte! E... — hesitou, parecendo agitado — você acha que seria possível mencionar a Sir Patrício, que me acha muito assustador e impressionante?
— Claro… claro.
O rosto de Nick Quase Sem Cabeça se abriu num grande sorriso....
— Uma festa de aniversário de morte? — disse Hermione, muito interessada quando troquei finalmente de roupa e fui me reunir a ela e a Ronald na sala comunal. — Aposto que não existe muita gente viva que possa dizer que foi a uma festa dessas, será fascinante!
— Por que alguém iria querer comemorar o dia em que morreu?! — exclamou Ronald, que estava quase terminando o dever de poções, mal-humorado. — Me parece uma coisa mortalmente deprimente…
A chuva continuava a açoitar as janelas, que agora estavam pretas feito tinta, mas dentro da sala tudo parecia claro e alegre. As chamas da lareira iluminavam as inúmeras poltronas fofas onde os alunos estavam sentados, lendo, conversando, fazendo o dever de casa ou, no caso de Fred e Jorge Wesley, tentando descobrir o que aconteceria se a pessoa fizesse uma salamandra comer um fogo Flibusteiro.
Fred “salvara” o lagarto de couro laranja, que vive no fogo, em uma aula de “O Trato das Criaturas Mágicas”, e ele agora fumegava suavemente em cima de uma mesa rodeada de meninos curiosos. De repente, a salamandra saiu rodopiando descontrolada pelo ar, soltando fagulhas e estampidos. A visão de Percy berrando de ficar rouco com Fred e Jorge, a exibição espetacular de estrelas cor de tangerina que jorravam da boca da salamandra e sua fuga para a lareira, acompanhada de explosões, foram muito divertidas.
Até chegar o Dia das Bruxas, eu já havia me arrependido da promessa precipitada de ir à festa do aniversário de morte. O resto da escola estava animado com a proximidade da Festa das Bruxas; o Salão Principal fora decorado com os morcegos vivos de sempre, as enormes abóboras de Hagrid haviam sido recortadas para fazer lanternas tão grandes que cabiam três homens dentro, e havia boatos de que Dumbledore contratara uma trupe de esqueletos dançarinos para divertir o pessoal.
— Promessa é dívida — Hermione lembrou com ar de mandona. — Você disse que iria ao aniversário de morte.
Então, às sete horas, eu, Ronald e Hermione passamos direto pela porta do Salão Principal, apinhado de gente, que brilhava convidativamente com pratos de ouro e velas, e tomaram o caminho das masmorras.
O corredor que levava à festa de Nick Quase Sem Cabeça tinha sido iluminado, também, com velas em toda a sua extensão, embora o efeito não fosse nada alegre: eram velas longas, finas e pretas, de luz azul, que projetavam uma claridade fantasmagórica mesmo nos rostos de gente viva. A temperatura caía a cada passo que dávamos. Quando estremeci e puxei as longas e grosas vestes mais para junto do corpo, ouvi um som que lembrava mil unhas arranhando um imenso quadro-negro.
— Será que isso é música? — cochichou Ronald. Nos dobráramos um canto e vimos Nick Quase Sem Cabeça parado em um portal adornado com reposteiros de veludo negro.
— Meus caros amigos — disse ele pesaroso. — Sejam bem-vindos, sejam bem-vindos… fico tão contente que tenham podido vir…
E tirou o chapéu emplumado, fazendo uma reverência e indicando a porta.
Era uma cena incrível. A masmorra continha centenas de pessoas esbranquiçadas e translúcidas, a maioria deslizando por uma pista de dança, valsando ao som medonho de trinta serrotes musicais, tocados por uma orquestra reunida em cima de uma plataforma drapeada de negro. Um lustre no alto projetava uma luz azul-meia-noite com outras mil velas negras. A nossa respiração se condensava, formando uma névoa à nossa frente, parecia que estávamos entrando em uma câmara frigorífica.
— Vamos dar uma circulada? — sugeri, querendo esquentar os pés.
— Cuidado para não atravessar ninguém — recomendou Ronald. Ansiosos, ele e Hermione saíram contornando a pista de dança. Passaram por um grupo de freiras soturnas, um homem vestido de trapos que usava correntes e o Frei Gorducho, um alegre fantasma da Lufa-Lufa, que conversava com um cavalheiro que tinha uma flecha espetada na testa. Eu não me surpreendi ao ver que os outros fantasmas davam distância ao Barão Sangrento, um fantasma da Sonserina, muito magro, de olhos arregalados e coberto de manchas de sangue prateado. Eu por um segundo tive uma ideia ao vê-lo, mas decidi guardá-la para outra hora.
— Ah, não! — exclamou Hermione, parando de repente. — Deem meia volta, deem meia volta, não quero falar com a Murta Que Geme…
— Quem? — perguntou Ronald ao retrocederem.
— Ela assombra um boxe no banheiro das meninas no primeiro andar — disse Hermione.
— Ela assombra um boxe?
— Sim, o boxe esteve quebrado o ano inteiro porque ela não para de ter acessos de raiva e inundar o banheiro. Eu nunca entrei lá sempre que pude evitar; é horrível tentar fazer xixi com ela gemendo do lado…
— Olhem, comida! — exclamou Ronald.
Do lado oposto da masmorra havia uma longa mesa, também coberta de veludo negro. El se aproximou pressuroso ma no instante seguinte parara de chofre, horrorizado. O cheiro era bem desagradável. Grandes peixes podres estavam dispostos em belas travessas de prata; bolos carbonizados estavam arrumados em salvas; havia uma grande terrina de picadinho de miúdos de carneiro cheio de vermes, um pedaço de queijo coberto de uma camada de mofo esverdeado e, o orgulho do bufê, um enorme bolo cinzento em forma de sepultura, com os dizeres em glacê de asfalto:
SIR NICOLAS DE MIMSY-PORPINGTON
FALECIDO EM 31 DE OUTUBRO DE 1492.
Hermione observou, espantada, um fantasma imponente se aproximar da mesa, abaixar-se e atravessá-la, a
boca aberta de modo a engolir um salmão fedorento.
— O senhor pode provar a comida quando a atravessa? — perguntou-lhe ela.
— Quase — respondeu o fantasma triste e se afastou.
— Imagino que tenham deixado o peixe apodrecer para acentuar o gosto — disse Hermione em tom de quem sabe das coisas, apertando o nariz e se debruçando para examinar o picadinho pútrido. Como já esperava por isso, pedi a Nerville que pegasse algo para mim durante o banquete.
— Podemos ir andando? Estou me sentindo enjoado — disse Ronald.
Nem bem tinham se virado, porém, quando um homenzinho saiu voando de repente de debaixo da mesa e parou no ar diante de nos.
— Alô, Pirraça — cumprimentei cauteloso.
Ao contrário dos fantasmas à volta, Pirraça, o poltergeist, era o oposto de pálido e transparente.
Usava um chapéu de festa laranja-vivo, uma gravata-borboleta giratória e exibia um largo sorriso no rosto largo e maldoso.
— Aperitivos — disse simpático, oferecendo para nós uma tigela de amendoins cobertos de fungo.
— Não, muito obrigada — disse Hermione.
— Ouvi você falando da coitada da Murta — disse Pirraça, os olhos dançando. — Que grosseria com a coitada. – Ele tomou fôlego e berrou: — OI! MURTA!
— Ah, não, Pirraça, não conte a ela o que eu disse, ela vai ficar realmente chateada — cochichou Hermione frenética. — Não falei por mal, ela não me incomoda, ah, alô, Murta.
O fantasma atarracado de uma moça deslizou até eles. Tinha a cara mais triste que eu já vira, meio oculta por cabelos escorridos e espessos, e óculos perolados.
— Que foi? — perguntou aborrecida.
— Como vai, Murta? — cumprimentou Hermione, fingindo animação. — Que bom ver você fora do banheiro. Murta fungou.
— A Srt.ᵃ Granger estava mesmo falando em você… — disse Pirraça sonsamente ao ouvido da Murta.
— Só estava dizendo… dizendo… como você está bonita esta noite — completou Hermione, fechando a cara para Pirraça.
Murta olhou para hermione desconfiada.
— Você está caçoando de mim — disse, lágrimas prateadas marejando rapidamente os seus olhos penetrantes.
— Não, sério, eu não acabei de falar como a Murta está bonita? — falou Hermione, cutucando dolorosamente Ronald nas costelas.
— Ah, claro…
— Não mintam para mim! — exclamou Murta, as lágrimas agora escorrendo livremente pelo rosto, enquanto Pirraça, feliz, dava risadinhas por cima do ombro dela. — Vocês acham que não sei como as pessoas me chamam pelas costas? Murta, Gorda! Murta Feiosa! Murta, infeliz, chorona, apática!
— Você esqueceu do, espinhenta — sibilou Pirraça ao ouvido dela.
A Murta Que Geme prorrompeu em soluços aflitos e fugiu da masmorra. Pirraça disparou atrás dela, jogando amendoins mofados e gritando:
— Espinhenta! Espessante!
— Ah, meu Deus! — lamentou-se Hermione.
Nick Quase Sem Cabeça agora deslizava por entre os convidados em direção aos garotos.
— Estão se divertindo?
— Ah, claro — mentiram.
— Um número de convidados bem grande — disse Nick Quase Sem Cabeça, orgulhoso. — A rainha viúva veio lá de Kent… Está quase na hora do meu discurso, é melhor eu ir avisar à orquestra…
A orquestra, porém, parou de tocar naquele exato instante. E, todas as pessoas na masmorra se calaram, olhando para os lados excitadas, ao ouvirem uma trompa de caça.
— Ah, lá vamos nós — disse Nick Quase Sem Cabeça, amargurado.
Pelas paredes da masmorra irromperam doze cavalos fantasmas, cada um montado por um cavaleiro sem cabeça. Os convidados aplaudiram calorosamente;
Os cavalos galoparam até o meio da pista de dança e pararam, levantando e baixando as patas dianteiras. À frente da cavalgada havia um fantasma corpulento que segurava a cabeça sob o braço, posição de onde ele tocava a trompa. O fantasma apeou, levantou a cabeça no ar de modo que pudesse ver as pessoas (todos riram) e se dirigiu a Nick Quase Sem Cabeça, recolocando a cabeça sobre o pescoço.
— Nick! — rugiu. — Como vai? A cabeça ainda pendurada?
Ele soltou uma gargalhada cordial e deu uma palmadinha no ombro de Nick Quase Sem Cabeça.
— Seja bem-vindo, Patrício — disse Nick secamente.
— Gente viva! — exclamou Sir Patrício, olhando para mim, Ronald e Hermione, e dando um grande pulo, fingindo espanto, de modo que sua cabeça tornou a cair (os convidados gargalharam).
— Muito engraçado — disse Nick Quase Sem Cabeça com ferocidade.
— Não liguem para o Nick! — gritou a cabeça de Sir Patrício lá do chão. — Ainda está aborrecido porque não o deixamos se associar à Caçada! Mas quero dizer… olhem só para ele…
— Se todos pudessem me dar atenção, está na hora do meu discurso! — avisou Nick Quase Sem Cabeça em voz alta, caminhando com firmeza até o pódio e tomando posição sob a luz de um refletor azul-gelo.
“Meus saudosos cavalheiros, damas e senhores, tenho o grande pesar…”
Mas ninguém ouviu muito mais do que isso. Sir Patrício e os Caçadores Sem Cabeça começaram uma partida de hóquei de cabeça e as pessoas foram se virando para assistir. Nick Quase Sem Cabeça tentou em vão reconquistar sua plateia, mas desistiu quando a cabeça de Sir Patrício passou navegando por ele em meio aos berros de vivas.
Eu, por esta altura, estava sentindo muito frio, para não falar na fome.
— Não dá para aguentar muito mais que isso — murmurou Ronald, os dentes batendo, quando a orquestra tornou a entrar em ação, e os fantasmas voltaram à pista de dança.
— Vamos — concordei.
Nos três saímos em direção à porta, acenando com a cabeça e sorrindo para todos que olhavam, e um minuto depois estavam andando depressa pelo corredor cheio de velas.
— Talvez o pudim ainda não tenha acabado — disse Ronald, esperançoso, seguindo à frente em direção à escada do saguão de entrada.
E então ouvi.
“… rasgar… romper… rasgar…”
Ela está ela, a voz fria e cruel do basílico.
“… matar… hora de matar…”
A voz foi ficando mais fraca, tinha certeza de que estava se afastando — se afastando para o alto.
Apurei os ouvidos. Longe, vinda do andar de cima, e cada vez mais fraca, eu escutei a voz:
“… Sinto cheiro de sangue… SINTO CHEIRO DE SANGUE!”
Sentiu um aperto no estômago… Mas continuei andando normal, como se nada tivesse acontecido. Às vezes eu fingia ouvir o que Ronald e Hermione estavam dizendo, mas ficava principalmente na voz.
— Olhem! — gritou Hermione.
A nossa frente, logo quando entramos no segundo andar, estava cheio de gente, provavelmente todos que haviam acabado de sair do salão, todos estavam olhando assustados e sussurrando sobre alguma coisa.
Hermione e Ronald começaram a se espremer entre a multidão, eu fui atrás devagar, até que enfim, cheguei a uma distância onde dava para ver uma coisa brilhava na parede em frente. Alguém tinha pintado palavras de uns trinta centímetros na parede entre as duas janelas, que refulgiam à luz das chamas das tochas.
A CÂMARA SECRETA FOI ABERTA.
INIMIGOS DO HERDEIRO, CUIDADO.
— Que coisa é aquela, pendurada ali embaixo? — perguntou Ronald, com um ligeiro tremor na voz.
Ao erguer a cabeça, consegui ver uma grande poça de água no chão e acima estava Madame Nor-r-ra, a gata do zelador, que estava pendurada pelo rabo em um suporte de tocha. Estava dura como um pau, os olhos arregalados e fixos.
Em meio aos burburinhos e cochichos, pude ouvir.
— Inimigos do herdeiro, cuidado! Vocês vão ser os próximos, sangues ruins!
Era Draco. Ele abrira caminho até a frente dos alunos, seus olhos frios muito intensos, seu rosto, em geral, pálido, corara, e ele ria diante do gato pendurado imóvel.Obrigado pela atenção ☺️🤠
Beijos 😙😙
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Harry Potter: E Se a Morte Fosse Apenas o Começo?
FanfictionEscrito por Monkey D. Sally "Um vilão é apenas uma vítima cuja a história não foi contada" Quem é Harry Potter? [...] o problema Mione, é que ninguém sabe quem é Harry Potter de verdade, eles só sabem o que os livros e as histórias contadas pelas pe...