Alissa Mallory
Eu estava em algum lugar que extrapolava o nivel de esquisitisse. Não é exagero, juro. Tava mais pra um alojamento, uma prisão de adolescentes. Não sei explicar ao certo seus detalhes. Era enorme o mesmo, tinha entradas por todos os lados, mas só entradas, eu não via saídas. Suas paredes eram todas da mesma cor e causavam um certo pavor, pois aquela cor meio morta dava um grande desejo de sair correndo dali.
Eu via outras pessoas como eu, todas cansadas e trabalhando duro por algum motivo. Parecia até que era automático: Terminar uma tarefa e partir para outra, e depois outra. No meu caso, eu lavava a louça. As mãos já estavam com calos e doendo.
Duas garotas que estavam próximas de mim esfregavam o chão, e cada um ia seguindo com sua tarefa.
Na minha frente havia uma vidraça, que estava com os lados recobertos por uma cortina velha e rasgada. Ela dava a visão para um jardim de poucas flores, árvores mergulhadas em um leito sombrio e não possuía aquela cor alegre como a que estamos acostumados a apreciar. E, como já é de se esperar, não era tão bonito e elegante como os de verdade, como os que nos encantam apenas com o cantarolar dos pássaros. Mas mesmo assim, era um jardim.
Eu escutava gritos e quando me virava para todos que estava por de trás de mim, tudo tinha desaparecido. Não havia mais pessoas. Então uma completa escuridão pairou em minha vista. Fiquei totalmente descontrolada, mas foi aí que olhei para o jardim, e vi um menino sentado no meio dele com a cabeça entre as pernas. Tentei ir ajudá-lo, mas meus pés não se moveram e uma voz gritou exasperada em minha cabeça:
Não, você não vai! Tem que sair correndo. Corre do monstro! Ele está vindo. Corre, corre, Alissa!
—Alissa? - escutei a voz bem realística. Dessa vez parecia que era de verdade, e não apenas da minha cabeça.
Vi aquele rosto me analisando com uma expressão confusa e bem perto do meu, aquela face que me acalmou o coração. A angústia e o torpor do pesadelo se foram.
Como se houvesse mágica naquele olhar, que desaparecia com toda minha aflição.
—Haam? — em estado de demência, quando não se sabe se ainda está dormindo ou acordado, falei, sem ao menos perceber que abri a boca.
—Dá pra acordar? Tá babando em cima de mim. - fui sacudida e aos poucos me despertei, me coloquei sentada de pernas cruzadas e coçei os olhos.
Espera só um momento... Como eu fui parar na cama dele?!
—O que aconteceu? - pergunto e Vinnie revira os olhos.
—Ah, nada. Você só tava babando em cima de minha barriga. - ouvi suas palavras e olhei para seu abdômen, tinha uma poça de baba ali e desejei imediatamente ter dormido no chão.
Respiro fundo e tento manter a calma.
—Por que raios eu estou na sua cama, Vinnie?
—Eu que pergunto! - ele dispara. - Não lembra que começou a chover e a trovejar bem forte? Você veio e se deitou aqui comigo.
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𝘋𝘢𝘳𝘬 𝘍𝘭𝘰𝘳𝘦𝘴𝘵
Historical FictionAlissa Mallory, uma garota de dezesseis anos, quando pequena foi abandonada por seus pais em um orfanato. A única coisa que ela considerava boa naquele péssimo lugar eram seus dois amigos: Casteel e Kieran. No entando, na infância, eles cometem um p...