Vinnie Hacker
— Jordan, você só pode está ficando maluco! Ou melhor, doente da cabeça! — falei com raiva. - Você não vai desligar esse cacete! — elevei minha voz e andei de um lado para o outro, parando para ir até a janela e abri-la, onde o sol quente do começo da tarde invadiu uma parte do quarto e um vendo forte e quente soprou em meu rosto.
— Eu não estou dizendo para desligar. Falei para considerar essa ideia caso ela não reaja daqui a alguns meses. Hoje faz um mês e dezessete dias em que ela está assim, e seu corpo não está dando sinais de acordar. — respondeu ele, e pude escutar algumas vozes do outro lado da linha. Ele disse "Só um minuto" para alguém que o chamou.
— Deve ter algum jeito! — exclamei. — Tem pessoas que acordam de um coma depois de um ano.
Ouvi-o soltar um suspiro pesado.
— As chances são uma em um milhão, para falar a verdade. Estou fazendo tudo o que posso para ajudá-la. — como fiquei em silêncio, ele diz depois de algum tempo: — Não vamos focar muito nisso agora, ok? Tenho fé que essa princesa vai se recuperar.
Eu temia que ela ficasse daquele jeito e temia também que ela acordasse. Por que, se ela se recuperasse, o que eu ia fazer? Para onde ia levá-la? Era a primeira vez que eu não sabia como lidar com uma situação.
Saí da janela e me recostei na cama, olhando para seu rosto.
— Me ligue se acontecer alguma coisa. Preciso desligar agora.
Observei seu rosto pálido, as mãos brancas e suas veias furadas. Tirei a touca médica que segurava seus cabelos e eles caíram para o lado. Peguei em seus fios e meus dedos deslizaram sobre eles.
Algumas horas mais tarde, enquanto eu estava deitado vendo as notícias locais, escuto um gemido, que de início ignoro, mas depois percebo exatamente do que se trata.
Largo o Macbook em cima da minha cama, me pondo de pé num pulo e indo até ela.
— Alissa? — me abaixo, ficando perto de seu rosto e a chamando de novo. Depois de novo, e de novo.
Ela não demonstra mais nenhuma reação.Puta que pariu!
— Vamos! — verifico seu pulso e está normal, então seguro a palma de sua mão, que está quente, mas não parece o bastante para ser febre. — Fala comigo.
Após alguns minutos, sinto sua mão dá um aperto de leve na minha. Fico observando atentamente, não conseguindo desviar a atenção para qualquer outra coisa. Quando enfim paro de olhar para sua mão e miro em seu rosto, seus olhos castanhos estão me encarando.
Pela segunda vez: Puta que pariu!
Me levanto sem saber o que fazer. Eu não ia fazê-la passar por tudo aquilo de novo.
— Dá pra você dizer alguma coisa? - pergunto apressado.
Depois de um tempo que cheguei a considerar uma eternidade, ela pergunta, sua voz sai levemente
rouca.— Que lugar é esse?
Não consigo pensar direito agora. Não consigo pensar em mais nada. Como assim ela não lembrava? Engulo em seco, lembrando que a batida fora forte o bastante para deixá-la em coma. Então era completamente possível afetar sua memória.
— Minha casa.
— E como vim parar aqui? — ela estreitou os olhos, franzindo as sobrancelhas.
Decidi contar a verdade.
— Encontrei você desacordada aqui perto de casa.
Levou uma batida forte na cabeça porque caiu num buraco.Tudo bem. Eu contei a verdade, só omiti algumas coisas.
Ela ficou pensativa e olhou para sua mão com um curativo, depois para o resto de seu corpo e para o monte de aparelhos ao seu redor.
— Você é médico?
Ela não lembrava de nada mesmo.
— Não. — respondo. — Quem cuidou de você foi um amigo meu. — faço uma pausa. — Não consegue se lembrar de nada do que aconteceu?
Ela desvia sua atenção de mim e seus olhos se enchem de água.
— Minha cabeça tá muito confusa. Esse lugar.
Você. O fato de eu não conseguir lembrar! Isso é muito frustrante.De repente, seu semblante fica alarmado e com medo, e eu penso que ela conseguiu se lembrar de tudo. Ela enxuga as lágrimas que escorriam e me lança um olhar penetrante.
— Por que não me levou para um hospital? - sua voz sai firme, e percebo que ela não mudou nada, mesmo estando com a memória apagada. Continua forte e desafiadora ainda.
— Achei melhor e mais seguro te trazer para aqui.
Sua expressão me diz que ela não engoliu minhas palavras.
— Sério? — é. Ela continua atrevida também.
Quase sorrio com esse fato.
—Sim. Você passou mais de um mês e meio em coma. — seus olhos se arregalam, e noto a confusão e o horror em seu rosto.
— Você... quer um pouco de água?
— Sim. por favor. — ela dá um sorriso. Quando estou quase alcançando a porta, ouço sua voz de novo.
— Espera! Como é o seu nome?
— Vinnie.
— Só isso? — ela faz uma careta.
— Vinnie Hacker.
Ela para, pensando por um momento.
— E o meu?
— Hm... Te batizei de Alissa.
Saio o mais rápido que posso do quarto, antes que ela faça mais perguntas. Solto um suspiro, me perguntando mentalmente: Que droga foi essa que aconteceu?!
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Observação: Um cara como o Vinnie, mal e vingativo, nunca irá mudar por uma mulher e nem por ninguém. Isto é só uma história.
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𝘋𝘢𝘳𝘬 𝘍𝘭𝘰𝘳𝘦𝘴𝘵
Ficção HistóricaAlissa Mallory, uma garota de dezesseis anos, quando pequena foi abandonada por seus pais em um orfanato. A única coisa que ela considerava boa naquele péssimo lugar eram seus dois amigos: Casteel e Kieran. No entando, na infância, eles cometem um p...