Capítulo 38

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Assim que entrou em casa, Marília viu a figura de Maraisa descendo as escadas.

A morena esfregava os olhos na tentativa de acordar e quando viu a loira, despertou de uma vez.

– Aonde você estava? – Maraisa se aproximou.

– Eu fui até a clínica. – Marília deixou um selinho rápido na boca da morena e suspirou.

– Você... Foi pegar o resultado?

Só de entrar naquele assunto Maraisa já ficava trêmula e suas mãos suavam, ela era a pessoa mais ansiosa do mundo para saber se Maria era realmente sua filha.

E se não fosse? O que ela e Marília iriam fazer? E o laço que criaram com Maria?

Percebendo o nervosismo da mulher, Marília rapidamente a acalmou.

– Ei, linda, calma. Vem, vamos sentar...

Após se sentarem, Marília pegou as duas mãos de Maraisa, depositando um beijo em cada uma.

– Marília, fala logo antes que eu morra de ansiedade.

– Eu fui buscar o resultado sim. – a resposta arrancou um suspiro ansioso de Maraisa. – Mas calma, eu ainda não abri.

– Por que?

– Preferi abrir com você, amor. Estamos nessa juntas, né? – Marília esboçou um sorriso.

– Estamos. – Maraisa também sorriu.

A loira pegou o exame que estava dentro de um plástico transparente e olhou para Maraisa.

– Tudo bem?

– Eu estou com medo.

Marília também tinha medo, mas ela não queria transparecer aquilo para a morena, então apenas se aproximou e deixou um longo beijo em sua testa.

– Você se lembra do que eu te disse quando fomos fazer o exame?

– Lembro...

– Eu sempre te disse que ela era nossa. – Marília abraçou o corpo tenso da morena.

– E se não for?

– Não tem chances desse exame dar negativo, amor...

– E se tiver? – a morena mordeu o lábio inferior de maneira nervosa.

– Maraisa... – Marília novamente pegou nas duas mãos dela. – Pensa positivo, por favor.

– Meu medo fala mais alto, Marília. – a morena se esquivou e se levantou.

– Amor, por favor...

Agora Marília também estava de pé e tinha que lidar com uma Maraisa nervosa e aflita.

– Não, Marília. E se eu tiver me iludindo esse tempo todo pra abrir esse negócio e der negativo?

– Não pensa assim, por favor. – Marília tentava se aproximar.

Parecia que o medo havia tomado conta do corpo de Maraisa, não era mais ela ali, e sim o temor de abrir o exame e constar um negativo.

Toda a sua felicidade iria para o ralo se ela não visse um positivo ali.

– Impossível não pensar. E por que você não tá com medo também? – ela esbravejou.

– Porque eu tenho fé que tudo vai dar certo. – a loira aumentou o tom de voz. – Essa sua negatividade nunca leva a gente a lugar nenhum.

– Marília, isso não é verdade.

– Claro que é. Você não se lembra das vezes que tampou seus olhos para todas as semelhanças que tinha com a Maria? Talvez se tivéssemos realizado esse DNA antes já teríamos uma resposta.

– Não acredito que você tá jogando a culpa pra cima de mim de novo. – Maraisa sorriu incrédula.

– Maraisa, eu não tô jogando a culpa pra você, meu Deus...

Marília levou as mãos até a cabeça, demonstrando aflição.

– É sempre assim, não é? Não podemos tocar nesse assunto que a gente briga.

– Você quem começou. – a loira rebateu.

– Eu? Sério?

– Você não vê o tanto que eu tenho lutado pela nossa felicidade, Maraisa?

– E eu não?

– Talvez, mas você só prioriza seu medo. – Marília disparou.

– Eu tenho meus pés no chão, é totalmente diferente.

– Você sempre teve medo de ir atrás das verdades e é justamente por isso que a gente sempre termina.

– Você tá querendo dizer alguma coisa com isso? – Maraisa arqueou as sobrancelhas.

– Me diz você. – a advogada disse sugestiva.

Maraisa não conseguia acreditar naquilo, estavam diante do futuro e estavam brigando mais uma vez.

– Você tem certeza que quer terminar de novo?

– Em momento algum eu disse isso, Maraisa. Só quero que você repense sobre seus erros.

– Erros? Que erros?

– Esse é mais um. Você nunca os reconhece.

Maraisa bufou e foi até a cozinha buscar água.

Marília sentou-se no sofá, passando as mãos pelo rosto, tentando se acalmar.

Depois de pensar um pouco, Marília reconheceu que aquela briga foi um erro e agora era sua vez de concertar as coisas.

Quando a loira levantou a cabeça para procurar Maraisa pela cozinha, ela havia sumido.

Sem delongas, Marília subiu as escadas e deu de cara com Maraisa deitada na cama ao lado de Maria, ela acariciava o rosto da pequena e tinha lágrimas rolando pelo seu rosto.

Sem Maraisa perceber, a loira se ajoelhou próximo a cama e passou suas mãos pelo cabelo moreno.

Maraisa fechou os olhos com o toque e mais lágrimas escorreram.

– Me desculpa, amor. Eu não queria discutir com você daquele jeito. – Marília disse sincera.

Maraisa assentiu e se sentou na cama, com uma mão segurando a de Maria. O espaço que ficou foi a brecha para Marília se sentar de frente pra ela.

– Tudo bem, Lila. Mas não fala mais daquele jeito comigo, você não tem noção do quanto esse assunto me machuca.

– Eu tenho noção sim, me machuca na mesma intensidade. – ela secou as lágrimas da morena e olhou rápido para Maria. – Me perdoa mesmo?

– Óbvio que sim... Me perdoa também, amor. Nós precisamos parar de discutir quando entramos nesse assunto.

– E nós vamos! – Marília ressaltou. – Vamos descer pra ver o resultado?

– Não sei se quero... – Maraisa disse suspirando.

– Tudo bem, tudo no seu tempo.

Marília não iria insistir. Ela se aproximou mais e beijou a testa de Maraisa.

As duas ficaram velando o sono de Maria e a menina não deu sinal algum de que acordaria por agora.

– Não deixa esse medo te domar de novo. – Marília sussurrou.

– Eu confesso que tô criando coragem pra ir até lá embaixo ver o resultado. – Maraisa a olhou.

– Eu te espero. Jamais veria sem você.

Maraisa suspirou e se remexeu inquieta na cama, o movimento fez Maria se mexer e Marília segurar a menina para que ela não caísse enquanto a morena se arrumava na cama.

Ela pousou seus olhos na figura da menina dormindo, tão pequena, tão frágil, seus planos jamais seriam machucá-la.

Ao mesmo tempo ela também via o lado de Marília, a loira tinha medo mas também estava ansiosa, ela precisava daquela resposta.

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I Won't Give Up - Malila G!POnde histórias criam vida. Descubra agora