Assim que entrou em casa, Marília viu a figura de Maraisa descendo as escadas.
A morena esfregava os olhos na tentativa de acordar e quando viu a loira, despertou de uma vez.
– Aonde você estava? – Maraisa se aproximou.
– Eu fui até a clínica. – Marília deixou um selinho rápido na boca da morena e suspirou.
– Você... Foi pegar o resultado?
Só de entrar naquele assunto Maraisa já ficava trêmula e suas mãos suavam, ela era a pessoa mais ansiosa do mundo para saber se Maria era realmente sua filha.
E se não fosse? O que ela e Marília iriam fazer? E o laço que criaram com Maria?
Percebendo o nervosismo da mulher, Marília rapidamente a acalmou.
– Ei, linda, calma. Vem, vamos sentar...
Após se sentarem, Marília pegou as duas mãos de Maraisa, depositando um beijo em cada uma.
– Marília, fala logo antes que eu morra de ansiedade.
– Eu fui buscar o resultado sim. – a resposta arrancou um suspiro ansioso de Maraisa. – Mas calma, eu ainda não abri.
– Por que?
– Preferi abrir com você, amor. Estamos nessa juntas, né? – Marília esboçou um sorriso.
– Estamos. – Maraisa também sorriu.
A loira pegou o exame que estava dentro de um plástico transparente e olhou para Maraisa.
– Tudo bem?
– Eu estou com medo.
Marília também tinha medo, mas ela não queria transparecer aquilo para a morena, então apenas se aproximou e deixou um longo beijo em sua testa.
– Você se lembra do que eu te disse quando fomos fazer o exame?
– Lembro...
– Eu sempre te disse que ela era nossa. – Marília abraçou o corpo tenso da morena.
– E se não for?
– Não tem chances desse exame dar negativo, amor...
– E se tiver? – a morena mordeu o lábio inferior de maneira nervosa.
– Maraisa... – Marília novamente pegou nas duas mãos dela. – Pensa positivo, por favor.
– Meu medo fala mais alto, Marília. – a morena se esquivou e se levantou.
– Amor, por favor...
Agora Marília também estava de pé e tinha que lidar com uma Maraisa nervosa e aflita.
– Não, Marília. E se eu tiver me iludindo esse tempo todo pra abrir esse negócio e der negativo?
– Não pensa assim, por favor. – Marília tentava se aproximar.
Parecia que o medo havia tomado conta do corpo de Maraisa, não era mais ela ali, e sim o temor de abrir o exame e constar um negativo.
Toda a sua felicidade iria para o ralo se ela não visse um positivo ali.
– Impossível não pensar. E por que você não tá com medo também? – ela esbravejou.
– Porque eu tenho fé que tudo vai dar certo. – a loira aumentou o tom de voz. – Essa sua negatividade nunca leva a gente a lugar nenhum.
– Marília, isso não é verdade.
– Claro que é. Você não se lembra das vezes que tampou seus olhos para todas as semelhanças que tinha com a Maria? Talvez se tivéssemos realizado esse DNA antes já teríamos uma resposta.
– Não acredito que você tá jogando a culpa pra cima de mim de novo. – Maraisa sorriu incrédula.
– Maraisa, eu não tô jogando a culpa pra você, meu Deus...
Marília levou as mãos até a cabeça, demonstrando aflição.
– É sempre assim, não é? Não podemos tocar nesse assunto que a gente briga.
– Você quem começou. – a loira rebateu.
– Eu? Sério?
– Você não vê o tanto que eu tenho lutado pela nossa felicidade, Maraisa?
– E eu não?
– Talvez, mas você só prioriza seu medo. – Marília disparou.
– Eu tenho meus pés no chão, é totalmente diferente.
– Você sempre teve medo de ir atrás das verdades e é justamente por isso que a gente sempre termina.
– Você tá querendo dizer alguma coisa com isso? – Maraisa arqueou as sobrancelhas.
– Me diz você. – a advogada disse sugestiva.
Maraisa não conseguia acreditar naquilo, estavam diante do futuro e estavam brigando mais uma vez.
– Você tem certeza que quer terminar de novo?
– Em momento algum eu disse isso, Maraisa. Só quero que você repense sobre seus erros.
– Erros? Que erros?
– Esse é mais um. Você nunca os reconhece.
Maraisa bufou e foi até a cozinha buscar água.
Marília sentou-se no sofá, passando as mãos pelo rosto, tentando se acalmar.
Depois de pensar um pouco, Marília reconheceu que aquela briga foi um erro e agora era sua vez de concertar as coisas.
Quando a loira levantou a cabeça para procurar Maraisa pela cozinha, ela havia sumido.
Sem delongas, Marília subiu as escadas e deu de cara com Maraisa deitada na cama ao lado de Maria, ela acariciava o rosto da pequena e tinha lágrimas rolando pelo seu rosto.
Sem Maraisa perceber, a loira se ajoelhou próximo a cama e passou suas mãos pelo cabelo moreno.
Maraisa fechou os olhos com o toque e mais lágrimas escorreram.
– Me desculpa, amor. Eu não queria discutir com você daquele jeito. – Marília disse sincera.
Maraisa assentiu e se sentou na cama, com uma mão segurando a de Maria. O espaço que ficou foi a brecha para Marília se sentar de frente pra ela.
– Tudo bem, Lila. Mas não fala mais daquele jeito comigo, você não tem noção do quanto esse assunto me machuca.
– Eu tenho noção sim, me machuca na mesma intensidade. – ela secou as lágrimas da morena e olhou rápido para Maria. – Me perdoa mesmo?
– Óbvio que sim... Me perdoa também, amor. Nós precisamos parar de discutir quando entramos nesse assunto.
– E nós vamos! – Marília ressaltou. – Vamos descer pra ver o resultado?
– Não sei se quero... – Maraisa disse suspirando.
– Tudo bem, tudo no seu tempo.
Marília não iria insistir. Ela se aproximou mais e beijou a testa de Maraisa.
As duas ficaram velando o sono de Maria e a menina não deu sinal algum de que acordaria por agora.
– Não deixa esse medo te domar de novo. – Marília sussurrou.
– Eu confesso que tô criando coragem pra ir até lá embaixo ver o resultado. – Maraisa a olhou.
– Eu te espero. Jamais veria sem você.
Maraisa suspirou e se remexeu inquieta na cama, o movimento fez Maria se mexer e Marília segurar a menina para que ela não caísse enquanto a morena se arrumava na cama.
Ela pousou seus olhos na figura da menina dormindo, tão pequena, tão frágil, seus planos jamais seriam machucá-la.
Ao mesmo tempo ela também via o lado de Marília, a loira tinha medo mas também estava ansiosa, ela precisava daquela resposta.
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I Won't Give Up - Malila G!P
RomanceCarla Maraisa viu a sua vida perder todo o sentido após sua filha recém nascida ser arrancada de seus braços pelo seu próprio pai, um homem rigoroso que nunca aceitou o seu namoro com Marília. Quase seis anos se passaram e Maraisa desistiu de tudo...