Entre Sombras e Luz (JENLISA)

VIII - Tempestades e Revelações

Oie! Hoje começaremos com POV's na fanfic!
Quis dar uma introdução da vida das meninas como narradora!
Aproveitem!

POV JENNIE

A semana havia sido um redemoinho, uma mistura caótica de pinceladas ansiosas e noites insones. A galeria The Urban Canvas estava a apenas duas semanas de distância, e a pressão para criar algo extraordinário parecia um peso esmagador sobre meus ombros. As ruas de Seoul, que sempre me inspiraram, agora pareciam distantes, quase hostis em sua indiferença.

O calor de agosto pairava no ar, tornando tudo ainda mais sufocante. As nuvens escuras no horizonte prometiam tempestades iminentes, refletindo o turbilhão de emoções que fervilhava dentro de mim. Sentia-me como um fio esticado prestes a romper. E, talvez, estivesse prestes a fazê-lo.

Pintar sempre foi meu refúgio, um espaço onde eu podia perder-me e encontrar-me ao mesmo tempo. Mas ultimamente, a pressão para entregar algo que transcendesse minha própria compreensão estava tirando todo o prazer do processo. Cada pincelada parecia um passo em direção a um abismo desconhecido, e a expectativa que Yejin, a curadora da galeria, depositava em mim apenas intensificava a pressão.

Durante dias, me tranquei no estúdio, tentando canalizar a inspiração que parecia escorregar pelos meus dedos. O som das pinceladas no tecido em branco, que costumava ser reconfortante, agora soava como um tic-tac constante de um relógio que contava o tempo até o fracasso. As imagens que surgiam na minha mente não se traduziam na tela. Parecia que algo me bloqueava, como se uma parte de mim não estivesse pronta para se expressar.

Minhas mãos tremiam enquanto segurava o pincel, e meu coração batia acelerado, como se estivesse prestes a falhar. Era a mesma sensação que eu costumava ter antes de uma grande apresentação, uma mistura de medo e adrenalina. Mas desta vez, havia algo mais profundo, uma insegurança que crescia dentro de mim, sussurrando que talvez eu não fosse boa o suficiente, que talvez eu estivesse à beira de um fracasso iminente.

Lisa era minha âncora, meu ponto de equilíbrio em um mundo que muitas vezes parecia inclinado a me derrubar. Mas nos últimos dias, até mesmo ela parecia distante, envolta em suas próprias preocupações. Eu notava a tensão em seus ombros, a forma como ela evitava falar sobre o trabalho, como se não quisesse me sobrecarregar com seus problemas. Mas eu sabia. Sabia que ela estava enfrentando dificuldades, talvez maiores do que ela deixava transparecer.

Eu me lembrei de como nos conhecemos, quase por acaso, em uma galeria local onde eu estava expondo alguns dos meus primeiros trabalhos. Havia algo nela, uma curiosidade silenciosa, que me atraía. Aos poucos, aquela curiosidade se transformou em conversas longas e significativas, até que nos vimos envolvidas em algo que parecia maior do que nós duas.

O amor que construímos foi uma fonte de alegria e conforto para mim, mas agora, eu sentia que estávamos nos distanciando. Talvez fosse a rotina, a pressão dos nossos trabalhos, ou talvez fosse algo mais, algo que eu ainda não conseguia identificar. E isso me assustava. Eu não queria perder o que tínhamos, mas também não sabia como resolver o que parecia estar nos separando.

Sabia que precisávamos de uma pausa da minha própria mente, uma pausa de tudo o que me pressionava. Precisava estar com Lisa, sentir seu conforto, seu toque, mesmo que por alguns momentos. Mandei uma mensagem pedindo que ela viesse ao meu apartamento. Esperava que pudéssemos, de alguma forma, achar nosso caminho de volta uma para a outra.

Quando a campainha tocou, meu coração pulou. Senti uma mistura de ansiedade e alívio. Corri para abrir a porta e encontrei Lisa ali, com um olhar que refletia o meu. Ela parecia tão exausta quanto eu, mas havia algo mais, uma espécie de determinação em seus olhos que me deu esperança.