Entre Sombras e Luz (JENLISA)

XXXV - Desespero e Fúria

POV JENNIE

Minha respiração estava rápida, e tudo ao meu redor parecia girar. O chão do armazém sujo, as sombras se misturando com a luz fraca, e o som ecoante dos passos de Caleb desaparecendo ao longe com Victor. Mas tudo isso se tornou um borrão comparado ao que realmente importava: Lisa estava estirada no chão, desmaiada, com sangue escorrendo pelo seu ombro.

"Lisa! Lisa, por favor, fala comigo!" Minha voz estava embargada de pânico, e eu mal conseguia formar palavras enquanto me ajoelhava ao lado dela.

Eu pressionava minhas mãos trêmulas contra o ferimento, tentando desesperadamente estancar o sangue. O medo me corroía por dentro como um veneno. O sangue quente que se espalhava sob meus dedos parecia não parar. E a cor pálida de Lisa me fazia sentir como se eu estivesse perdendo o controle, como se ela estivesse escorrendo por entre minhas mãos.

Meus pensamentos estavam em turbilhão. Eu precisava de ajuda, mas estávamos sozinhas naquele armazém, isoladas. Cada segundo parecia uma eternidade. Eu olhava para o rosto dela, tentando buscar qualquer sinal de resposta, qualquer movimento que indicasse que ela ainda estava ali comigo.

"Não faz isso comigo... não faz isso com a gente", murmurei desesperada, sentindo as lágrimas começarem a escorrer.

Foi quando, como se uma força externa ou um milagre estivesse intervindo, ouvi sirenes ao longe. A polícia ou a ambulância, qualquer coisa, já estava a caminho. Precisava acreditar que ainda havia tempo. Precisava manter a esperança.

A porta do armazém se abriu com estrondo, e uma equipe médica entrou rapidamente. Um dos paramédicos me afastou gentilmente de Lisa enquanto outro se aproximava dela com rapidez e precisão.

"Vamos cuidar dela agora. Fique calma," ele disse, mas sua voz soou como um eco distante.

Eu me afastei alguns passos, observando enquanto eles trabalhavam rápido para estabilizá-la. A agitação dos paramédicos me deixou ainda mais ansiosa. Estavam cortando a roupa dela para alcançar o ferimento com mais clareza, aplicando pressão e iniciando a transfusão. Ver Lisa naquela condição, tão vulnerável, fez meu coração apertar de uma forma que eu nunca havia sentido.

Ela era tão forte, sempre tão corajosa... e agora estava lutando por sua vida.

Enquanto os paramédicos colocavam Lisa na maca e a preparavam para levá-la ao hospital, senti uma mão no meu ombro. Virei-me e vi um dos policiais, seu rosto marcado pela preocupação, mas também com a clareza profissional de quem lida com esse tipo de situação.

"Você está bem, senhorita? Precisamos de um depoimento. O que aconteceu aqui?"

As palavras se formavam na minha cabeça, mas minha boca parecia incapaz de articulá-las. Tudo o que conseguia pensar era em Lisa, sendo carregada para a ambulância. Ela não poderia sair da minha vista, não naquele momento.

"Eu... eu preciso ir com ela," falei, minha voz fraca e trêmula.

O policial assentiu.

"Tudo bem. Iremos cuidar do resto aqui, mas depois você vai precisar nos contar o que aconteceu."

Assenti, sem realmente absorver o que ele dizia. Meu foco era apenas acompanhar Lisa. Corri em direção à ambulância, ainda suja de sangue e quase sem fôlego. Eu não podia perder de vista a mulher que havia sido minha âncora nos últimos meses, que havia se tornado tão importante para mim de uma forma que nem eu conseguia explicar completamente.

No hospital, o tempo parecia se arrastar. Lisa havia sido levada às pressas para a sala de cirurgia, e eu estava no corredor, sentada com a cabeça entre as mãos, tentando controlar minha respiração. O silêncio era opressor, cortado apenas pelos sons distantes de sapatos e máquinas.