XXXVI - Laços de Sangue

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POV LISA


O som das sirenes ecoava na minha cabeça, misturando-se com o pulsar acelerado do meu coração. Eu estava sentada no banco de trás do carro, dirigindo-me ao endereço que Caleb me entregara horas antes. Um armazém afastado, onde ele acreditava que Victor estaria se escondendo. A adrenalina queimava dentro de mim, alimentada pela necessidade urgente de acabar com isso.

Eu não tinha contado a Jennie que estava indo direto para a toca do lobo. Deixá-la no hospital em segurança era a única coisa que me mantinha sã. Ela não precisava carregar o fardo de saber o quão perigoso isso seria.

Caleb me prometeu apoio, mas de alguma forma, eu sabia que, no final, enfrentaria Victor sozinha. O que eu não sabia era o quanto isso tudo estava prestes a mudar.

Enquanto o carro desacelerava próximo ao local, observei o armazém de longe. Parecia abandonado, com a fachada corroída pelo tempo e os arredores envoltos em sombras espessas. O silêncio do ambiente só fazia o lugar parecer ainda mais ameaçador.

Desci do carro, minha mão apertando o cabo da arma dentro da jaqueta. Respirei fundo, ajustando meus sentidos, pronta para o que viesse a seguir. Caleb ainda não havia chegado, mas eu não podia esperar. Cada minuto que passava era uma oportunidade a mais para Victor desaparecer.

Ao entrar no armazém, meu corpo ficou tenso. O chão de concreto estava rachado, e o cheiro de ferrugem e poeira tomava conta do ar. Passos ecoavam ao longe, mas, inicialmente, não consegui ver ninguém. Continuei andando, até que uma voz ecoou pelas paredes frias.

"Não esperava que você fosse tão rápida, Lisa."

A voz de Victor era como uma faca atravessando o silêncio, cortante e cheia de desprezo. Meu coração disparou, e meus olhos vasculharam as sombras, tentando localizar sua figura.

"Mostre-se, Victor!" gritei, a raiva queimando em cada palavra.

Um riso frio ecoou, e então, de trás de algumas caixas velhas, Victor apareceu. Ele estava relaxado, como se nada disso o afetasse. O brilho cruel nos olhos dele me fez querer avançar, acabar com isso ali mesmo. Mas algo estava errado. Ele parecia... mais confiante do que deveria.

"Por que tanto ódio, Lisa? Eu diria que estamos mais conectados do que você imagina."

Fiz uma careta de confusão, apertando a arma na cintura. "O que você está falando?"

Ele deu alguns passos à frente, os sapatos dele fazendo um barulho oco contra o chão de concreto. 

"Ah, você ainda não sabe, não é? O quão fundo isso vai."

Minha paciência estava se esgotando, e a raiva explodia dentro de mim. 

"Pare de enrolar, Victor! O que você quer?"

Ele sorriu, aproximando-se ainda mais. 

"Eu não sou o único envolvido nisso, Lisa. Você acha que estou sozinho, mas você está errada."

Meu coração começou a bater mais rápido. Havia algo nas palavras dele, algo que me incomodava.

"Com quem você está trabalhando?" perguntei, tentando manter a voz firme.

E então, com um sorriso que me deu arrepios, Victor disse algo que fez meu mundo parar.

"Seu pai."

Aquelas duas palavras ecoaram dentro de mim como um tiro. Meu corpo congelou, o chão desaparecendo sob meus pés. 

Entre Sombras e Luz  (JENLISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora