XV - Ideias ao Vento

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POV JENNIE


Acordei naquela manhã com a cabeça ainda rodando, ecoando os eventos da noite anterior. A balada, as luzes ofuscantes, a música pulsante e, claro, o beijo com Lisa, tudo parecia tão distante e, ao mesmo tempo, absurdamente próximo. Cada detalhe estava gravado em minha memória como uma marca que não se apaga. Mas, acima de tudo, o que me incomodava era a incerteza sobre o que aquele beijo significava. O que realmente significava aquele beijo? O que ele mudaria entre nós?

Enquanto tomava meu café da manhã, me peguei refletindo sobre o que sentia. Eu sabia que havia algo forte entre nós, algo que nos puxava uma para a outra. No entanto, também sabia que carregávamos nossos próprios demônios, nossas próprias histórias de dor e decepção que poderiam tornar qualquer relacionamento um terreno perigoso.

Eu não queria que as coisas se complicassem mais do que já estavam. O beijo foi intenso, cheio de sentimento, mas também foi inesperado, nos pegando desprevenidas. Talvez fosse esse o problema. Tudo aconteceu tão de repente, sem que nós estivéssemos tido a chance de realmente entender o que estava se formando entre nós.

Foi então que uma ideia começou a se formar em minha mente. Eu sabia que não queria perder o que havia entre mim e Lisa, mas também sabia que carregávamos cicatrizes que não poderiam ser ignoradas. Pressionar Lisa, ou a mim mesma, para definir o que estávamos sentindo não parecia a solução.

Talvez o que precisássemos não fosse definir tudo de imediato, mas sim dar tempo ao tempo. Permitir-se conhecer uma à outra sem a pressão de rótulos ou expectativas. Percebi que queria descobrir quem Lisa realmente era, não apenas como advogada determinada e focada, mas como a mulher por trás da fachada. E, ao mesmo tempo, queria que Lisa me conhecesse, que visse que eu sou alguém além da artista um tanto solitária e mergulhada em minhas pinturas.

Ao longo do dia, minha ideia amadureceu. Eu não queria perder o que havia entre nós, mas também não queria que o medo ou a pressão nos afastassem. Precisava falar com Lisa, propor uma solução que pudesse trazer clareza e, ao mesmo tempo, espaço para que pudéssemos respirar e entender nossos sentimentos.

Peguei o telefone e digitei uma mensagem para Lisa. Não sabia exatamente como ela reagiria, mas precisava tentar. A mensagem era simples

"Oi, Lisa. Será que poderíamos nos encontrar hoje para conversar? Eu estive pensando em uma coisa e acho que seria bom falarmos sobre isso. Que tal um café mais tarde?"

Enviei a mensagem e esperei, o coração batendo um pouco mais rápido do que o normal. Eu sabia que Lisa era alguém que prezava pela ordem e pela lógica, e talvez uma proposta mais aberta pudesse parecer estranha a ela. No entanto, eu também sabia que essa era a única maneira de fazer as coisas funcionarem entre nós.

Para minha surpresa, a resposta veio rápida

"Claro, Jennie. Vamos nos encontrar no café perto da galeria às 17h?"

Senti um alívio imediato. Talvez as coisas pudessem realmente se resolver.

Passei o resto da tarde me ocupando com as minhas pinturas, tentando acalmar a mente. Quando o relógio marcou 16h30, me arrumei rapidamente e sai em direção ao café. No caminho, minhas mãos suavam levemente e precisei respirar fundo várias vezes para controlar a ansiedade que ameaçava tomar conta.

Ao chegar no café, avistei Lisa sentada em uma mesa no canto, perto da janela. Ela estava olhando pela vidraça, aparentemente absorta em seus pensamentos. Me aproximei devagar, quase hesitante, mas a sensação de que precisava ter aquela conversa me impulsionou.

"Oi, Lisa," tentei soar confiante enquanto me sentava à frente dela.

Lisa sorriu levemente, seus olhos fixos nos meus.

"Oi. Como você está?"

"Bem... Eu acho. Eu estive pensando muito sobre ontem à noite. Sobre o que aconteceu entre nós."

"Eu também. Foi... inesperado. Mas acho que foi algo que precisávamos, de certa forma."

Senti meu coração acelerar, mas mantive a calma.

"Sim, acho que sim. Mas o que eu queria falar é... Eu pensei que talvez pudéssemos tentar algo diferente."

"Diferente como?" Lisa perguntou, inclinando-se ligeiramente para frente, demonstrando interesse.

Respirei fundo, buscando as palavras certas.

"E se nós tentássemos passar mais tempo juntas, sem a pressão de ter que definir tudo? Sem a necessidade de rotular o que somos ou o que poderíamos ser. Apenas... nos conhecendo melhor, aproveitando a companhia uma da outra, sem expectativas ou pressões."

Lisa ficou em silêncio por um momento, acredito que considerando a proposta. Seus olhos estavam fixos nos meus, como se estivessem tentando ler meus pensamentos. Finalmente, ela falou, com a voz suave, mas firme

"Você quer dizer, como se fôssemos... amigas que estão explorando o que sentem, sem forçar nada?"

"Exatamente. Podemos sair, fazer coisas juntas, conversar mais. Sem a pressão de ter que definir tudo de imediato. Apenas deixando as coisas fluírem naturalmente."

Lisa olhou para a mesa, pensativa.

"Isso soa... bom. Acho que é algo que eu também preciso. Não quero perder o que temos, mas também não quero complicar as coisas."

Sorri, sentindo um peso sair de meus ombros.

"Então, estamos de acordo? Podemos começar devagar, ver onde isso nos leva?"

"Sim," Lisa disse, finalmente olhando de volta para mim com um sorriso sincero.

"Acho que isso pode funcionar. Vamos fazer as coisas no nosso próprio ritmo."

Senti uma onda de felicidade ao ver o sorriso de Lisa. Aquela era a resposta que eu esperava, mas não queria pressionar Lisa a nada que ela não estivesse pronta. Saber que Lisa estava aberta a essa ideia fez com que eu sentisse que estavam no caminho certo.

Quando o sol começou a se pôr, pintando o céu com tons alaranjados e rosados, me senti esperançosa. Talvez, quando tiramos a pressão e as expectativas, pudéssemos construir algo real, algo que não fosse esmagado pelos medos ou traumas do passado.

"Que tal amanhã? Podemos dar uma caminhada no parque e depois ver o que mais podemos fazer."

Lisa assentiu, o sorriso ainda presente em seu rosto. "Eu adoraria"

Nos olhamos pela última vez no dia e sem saber como nos despedir direito, cheguei perto dela e dei um leve beijo em sua bochecha. Vi que sua pele se arrepiou com o meu toque e que seus lábios deram um leve sorriso, se contendo.

"Até amanhã então", ela disse com o olhar profundo.

Sai do café me sentindo leve, quase flutuando. A ideia de passar mais tempo com Lisa, sem pressões, me animava. E pela primeira vez em muito tempo, me permiti imaginar um futuro em que pudéssemos, aos poucos, descobrir o que realmente sentíamos, sem medo de onde isso nos levaria.

Chegando em casa, senti meu celular tocar com uma mensagem. O nome de Lisa estampado na tela de bloqueio com dois emojis.

"💕🚀".



Oie!

Como estamos?

Agora iremos para uma fase cheia de amorzinhos de Jenlisa.... ou será que não?

Até!! 

Entre Sombras e Luz  (JENLISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora