XIII - Encontro Inesperado

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POV JENNIE

ECLIPSE NIGHTCLUB

Eu mal conseguia respirar. A atmosfera da balada, carregada com o calor de dezenas de corpos se movendo ao ritmo da música, misturava-se com as luzes pulsantes e o som ensurdecedor.

Era tudo o que eu precisava naquela noite – um lugar para me perder, onde pudesse esquecer as perguntas sem respostas, os sentimentos confusos que me perseguiam. Sentia cansada de pensar, de tentar entender os meus próprios desejos e anseios.

Eu não sabia exatamente o que me levara até a "Eclipse". Talvez fosse o desejo de escapar das paredes sufocantes do meu apartamento, onde cada pincelada inacabada em minhas telas era um lembrete das incertezas que me rondavam. As cores, os rostos borrados em minhas pinturas, pareciam zombar da minha incapacidade de decifrar o que se passava em meu coração. E então, sem pensar muito, havia saído, determinada a afogar essas dúvidas na batida da música e nas luzes piscantes da balada.

Entrar na "Eclipse" era como atravessar um portal para outro mundo. O som grave das batidas parecia vibrar dentro de mim, acompanhando o ritmo acelerado de meu coração. Me deixei levar pela energia ao meu redor, me movendo quase mecanicamente em direção à pista de dança, onde corpos se contorciam e rodopiavam, unidos em um caos harmonioso. Eu queria me misturar, desaparecer entre as pessoas, me tornar apenas mais uma alma perdida naquele mar de faces desconhecidas.

Por alguns minutos, consegui. De olhos fechados, dancei, sentindo a música fluir por meu corpo como um rio, levando comigo todos os pensamentos perturbadores. Era fácil, ali, fingir que nada mais existia além do presente. O calor, o cheiro de perfume e suor, o toque ocasional de um estranho... tudo isso criava um casulo que me protegia da minha própria mente. Mas a proteção era frágil, e logo começou a se desfazer.

Foi quando abri os olhos e vi. Lisa, no meio da multidão. O choque foi tão grande que quase parei de dançar. Meu coração, que antes batia em sintonia com a música, agora parecia desafinado, acelerando de um jeito que me deixou tonta.

Lisa estava ali, a poucos metros de mim, com um grupo de pessoas, mas claramente focada apenas em mim. Por um momento, me perguntei se estava alucinando, se a intensidade de meus pensamentos sobre Lisa havia evocado sua imagem como um fantasma. Mas não, era real. Lisa estava ali, tão real quanto a batida da música que preenchia o ambiente.

Senti um arrepio percorrer minha espinha, um misto de nervosismo e excitação. Havia uma parte de mim que queria correr até Lisa, puxá-la para fora da balada e confrontá-la sobre tudo o que estava sentindo. Mas outra parte – uma parte maior – estava aterrorizada. O que aquilo significava? Por que Lisa estava ali? E o que faria agora que seus caminhos haviam se cruzado, inesperadamente, naquela noite que era para ser uma fuga?

Lisa parecia igualmente desconcertada. Eu podia ver a hesitação em seus olhos, uma hesitação que refletia meus próprios sentimentos.

Lisa começou a caminhar em minha direção. No mesmo momento, senti o estômago revirar, a ansiedade misturada com uma emoção que eu não queria nomear. O barulho ao redor parecia diminuir, e tudo o que eu conseguia focar era em Lisa, cada passo trazendo-a mais perto, cada segundo aumentando a tensão entre nós.

Quando Lisa finalmente chegou até mim, tentei sorrir, mas o sorriso saiu fraco, quase tímido. Minha voz, quando finalmente saiu, parecia pequena em comparação ao caos ao seu redor.

"Lisa?" consegui dizer, mal acreditando que isso era real.

"Jennie" Lisa respondeu, sua voz carregada de uma surpresa que eu compartilhava. "Eu... não esperava te ver aqui."

Senti uma onda de emoções conflitantes. Havia algo de reconfortante na presença de Lisa, uma familiaridade que fazia com que a balada parecesse menos caótica. Mas ao mesmo tempo, havia o medo. O medo do que aquilo poderia significar, do que estava acontecendo entre nós. A confusão se intensificou e senti o impulso de fazer algo, qualquer coisa, para quebrar aquela tensão que nos envolvia.

"Quer dançar?" perguntei antes que pudesse pensar melhor.

Vi que Lisa hesitou, mas depois assentiu, e nos dirigimos para a pista de dança. Eu sentia a adrenalina correr por minhas veias, a música ao fundo parecendo ditar o ritmo dos batimentos de meu coração.

O ambiente ao redor parecia pulsar com uma energia quase palpável, e a proximidade de Lisa fazia com que tudo ficasse mais intenso. O cheiro do perfume de Lisa misturava-se com o ambiente, criando uma combinação inebriante que fazia me sentir ainda mais perdida.

Quando as mãos de Lisa tocaram minha cintura, prendi a respiração. O toque era suave, mas carregado de uma tensão que eu não sabia como interpretar. Meus braços se moveram quase automaticamente, envolvendo-se em volta dos ombros de Lisa, e logo nos estávamos dançando juntas, o ritmo da música ditando cada movimento. Eu mal conseguia pensar, minha mente enevoada pela proximidade, pelo calor que Lisa emanava.

Dançamos assim por alguns momentos que pareceram horas, cada movimento aprofundando a conexão que sentia com Lisa.

O olhar de Lisa estava fixo no meu, e senti um arrepio de antecipação percorrer meu corpo. A música parecia diminuir de volume, e o mundo ao redor começou a desaparecer, deixando apenas nós duas e a tensão crescente entre nossos corpos.

Foi então que, sem pensar, me inclinei para frente. Meus lábios encontraram os de Lisa em um beijo que foi tanto inesperado quanto inevitável. O toque era suave, mas a eletricidade que passou entre nós fez com que eu sentisse como se tivesse sido atingida por um raio. O beijo foi breve, mas quando nos afastamos, eu sabia que algo havia mudado.

A confusão nos olhos de Lisa era um reflexo exato do que eu sentia.

Eu queria falar, dizer algo que explicasse o que tinha acabado de acontecer, mas as palavras me faltavam. O beijo, aquele momento fugaz de conexão, tinha deixado um rastro de emoções que não sabia como lidar. Tudo o que conseguia fazer era olhar para Lisa, esperando que ela dissesse algo, qualquer coisa.

"Jennie... " Lisa começou, sua voz um pouco trêmula.

"Eu não sei o que foi isso" interrompi com uma voz um pouco mais alta se fazendo ouvir acima do som da música.

"Nem eu" Lisa admitiu, parecendo tão perdida quanto eu.

Senti um nó se formar em minha garganta. O que quer que estivesse acontecendo entre nós era confuso e assustador, e naquele momento, tudo o que eu queria era escapar, fugir da complexidade de meus sentimentos.

"Talvez... devêssemos sair daqui" sugeri. Minha voz soando distante até para mim mesma.

Lisa concordou e deixamos a pista de dança. O ar frio da noite foi um choque bem-vindo, clareando um pouco a mente, embora não o suficiente para dissipar a confusão. Nós caminharam lado a lado, em silêncio, as ruas da cidade oferecendo um refúgio temporário da intensidade da balada.

Tentei desesperadamente organizar meus pensamentos, mas tudo o que conseguia sentir era a pulsação do beijo ainda reverberando em meus lábios. Queria perguntar a Lisa o que aquilo significava, o que nós faríamos a partir dali, mas o medo me impediu.

E se Lisa dissesse que foi um erro? Que não significava nada?

"Precisamos pensar sobre isso" Lisa disse finalmente, quebrando o silêncio.

"Sim" aliviada por Lisa não estar insistindo em discutir o assunto ali, naquela hora. "Talvez seja melhor darmos um tempo para pensar."

Lisa concordou, e continuamos a caminhar, o silêncio entre nós mais carregado do que nunca. Eu não sabia para onde isso nos levaria, mas uma coisa era certa: algo havia mudado naquela noite, algo que nós não poderíamos ignorar por muito mais tempo.


Oie!!!
Como estão??
Espero que estejam gostando!
Tem muita coisa pela frente!
Até!

Entre Sombras e Luz  (JENLISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora