XXXVIII - Recomeços Pintados

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POV LISA


O vento fresco da manhã batia no meu rosto, trazendo uma sensação de renovação. Era a primeira vez em meses que eu sentia que tudo estava no lugar, que a paz finalmente havia nos encontrado. Eu e Jennie estávamos no aeroporto, esperando o embarque para nossa viagem tão sonhada. Depois de tudo o que enfrentamos — as ameaças, perseguições e a adrenalina constante — finalmente teríamos um tempo só para nós. O tipo de tempo que parecia distante durante todos os meses de tensão.

Jennie, ao meu lado, parecia tão leve quanto o ar que nos cercava. Seu sorriso era uma mistura de alívio e excitação, e a forma como ela entrelaçava seus dedos nos meus me fazia sentir que estava no lugar certo. Com ela, o caos parecia ter se transformado em calmaria.

"Está pronta para essa aventura?" ela perguntou, seus olhos brilhando de um jeito que só ela tinha.

Eu sorri, observando os aviões decolarem lá fora, deixando o mundo real para trás. "Mais do que você pode imaginar."

Nosso destino? Uma cidadezinha pitoresca, longe de tudo e de todos, escondida nas montanhas. O cenário perfeito para esquecer as cicatrizes recentes e redescobrir o que a vida podia oferecer. Jennie escolheu o lugar, e eu sabia o quanto ela ansiava por essa viagem. O museu local, famoso por sua coleção de artistas locais, era o ponto alto da visita. Jennie vinha falando sobre ele há semanas.



Chegamos ao museu no terceiro dia da viagem. As ruas de pedra da cidade antiga nos levaram até um edifício com colunas de mármore, rodeado por jardins floridos e o aroma de lavanda no ar. Era como se tivéssemos sido transportadas para um cenário de conto de fadas, um lugar onde o tempo andava devagar e as preocupações do mundo real não existiam.

Jennie estava radiante. Seus olhos dançavam de uma obra para outra, absorvendo cada detalhe das pinturas e esculturas. Ela sempre teve essa conexão com a arte. Para mim, a arte era uma forma de fuga, mas para Jennie, era o coração batendo do mundo.

"Você vai amar essa exposição," disse ela, puxando minha mão, quase saltitante de entusiasmo. "Os artistas locais têm uma visão tão única. As cores, as histórias... Você vai ver."

Eu sorria, observando o entusiasmo dela, absorvendo sua alegria. Cada obra de arte parecia contar uma história própria, uma narrativa que transcendia o tempo. No entanto, enquanto Jennie estava hipnotizada por uma tela colorida, algo chamou minha atenção no fundo da sala. Era uma pintura que, de longe, parecia familiar. Havia algo nos tons, nas sombras, nos traços... Meus pés se moveram sozinhos, guiando-me até ela.

Quanto mais perto eu chegava, mais meu coração acelerava.

Era uma pintura minha.

Eu fiquei paralisada por um momento, encarando a imagem na tela. Jennie havia me pintado de uma maneira que eu nunca imaginaria. A luz que iluminava meu rosto, as sombras que delineavam meus traços... era como se ela tivesse capturado uma parte de mim que eu mesma desconhecia. Aquela versão de mim na tela era forte, vulnerável, e ao mesmo tempo, incrivelmente real.

"Jennie..." sussurrei, ainda sem acreditar.

Ela se aproximou de mim, sorrindo com aquele jeito travesso que eu adorava. "Eu sabia que você ia gostar."

Eu virei para encará-la, ainda surpresa. "Você... Você pintou isso? Quando?"

Ela riu suavemente, balançando a cabeça. "Nos momentos em que você estava dormindo ou distraída com o trabalho. Eu precisava processar tudo o que estava acontecendo, e a pintura era a minha fuga. Foi uma maneira de entender o que estava sentindo... sobre nós."

Meu coração apertou. Eu olhava para cada detalhe da pintura, tentando absorver o que Jennie queria dizer com aquilo. Era mais do que uma representação física; era uma expressão do que éramos juntas.

"Você colocou tanto de si nessa tela," murmurei, ainda tocada pela profundidade da obra.

Jennie passou os braços ao redor da minha cintura e encostou a cabeça no meu ombro. "Eu só tentei capturar o que você representa para mim. Foi a maneira que encontrei de mostrar o quanto você é importante."

Minhas mãos encontraram as dela, segurando-as com firmeza. Eu não tinha palavras. Tudo o que tínhamos passado, todas as dores, agora pareciam distantes, como se fossem apenas uma preparação para aquele momento.

"É linda," disse, a voz baixa, carregada de emoção.

Ela sorriu suavemente, seus olhos brilhando. "Você é linda."

Ficamos ali, em silêncio, observando a pintura. O mundo ao redor parecia se dissolver. Não havia mais perigo, não havia mais medo. Apenas eu e Jennie, de mãos dadas, criando nosso próprio final feliz.




Depois de sairmos do museu, caminhamos pelas ruas tranquilas da cidade. O sol estava se pondo, tingindo o céu de laranja e rosa, enquanto Jennie e eu andávamos lado a lado. O silêncio entre nós era confortável, cheio de promessas não ditas.

Jennie olhou para mim, quebrando o silêncio com um sorriso tímido. "Então, o que você achou da surpresa?"

Eu ri, balançando a cabeça. "Eu ainda não acredito que você conseguiu me esconder isso por tanto tempo. Como você fez isso?"

Ela deu de ombros, com uma expressão despreocupada. "Eu sou cheia de surpresas, Lisa. Você ainda não viu metade delas."

Eu parei, segurando sua mão com um pouco mais de firmeza. Olhei nos seus olhos, percebendo a profundidade dos sentimentos que tínhamos compartilhado. "Você é a melhor surpresa que eu já tive."

Jennie sorriu, e, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela me puxou para um beijo, doce e suave. As ruas vazias ao nosso redor, o mundo silencioso, tudo conspirava para aquele momento perfeito.

"Eu te amo, Jennie," sussurrei quando nossos lábios se separaram.

Ela encostou sua testa na minha e sorriu, seus olhos cheios de uma ternura que me derretia. "Eu também te amo, Lisa. Muito."

E foi ali, naquele beijo, naquele toque suave, que eu soube que tínhamos finalmente deixado para trás tudo o que nos atormentava. O futuro estava diante de nós, cheio de possibilidades. A viagem, a pintura, o museu... tudo isso era apenas o início de algo novo. Algo que Jennie e eu construiríamos juntas.

E enquanto caminhávamos de volta ao nosso hotel, sob o céu estrelado, percebi que finalmente estávamos livres. Livres para amar, para viver, e para criar novas memórias.

Esse era o recomeço que tanto buscávamos.




E chegou ao fim nossa história!

Obrigada a todos pelo apoio! 

Quem quiser me acompanhar em outras histórias.... me segue ❤️❤️

Já temos outra fic na área. 

Até!!!

Entre Sombras e Luz  (JENLISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora